By Junior Eskelsen
Disseram tanto que o argumento foi completamente refutado que qualquer citação a seu respeito seria digna de desprezo e
vergonha. Mas não sou um homem de me preocupar com opiniões alheias e exponho aqui o real pensamento de Paley.
O argumento é de natureza teológica, ou seja, não prova, mas por objetivo justifica a fé, por isso não é “refutável”. A natureza da exposição de Paley é sutil, quase que impercetível no final de sua declaração. A verdade é que não conhecemos qualquer refutação que trate realmente da Analogia do Relojoeiro. Paley parte da natureza e justifica sua fé em um artífice.
Até agora pelo menos os argumentos apresentados sequer tocam na ideia abordada por Paley. A verdade é que existe grande dificuldade descrever as características de design satisfatoriamente.
O que ocorre com o design e suas qualidades também ocorre com vida, informação e outros conceitos de difícil tratamento. Capurro por exemplo escreveu mais de setenta páginas sobre o conceito de informação deixando a questão em aberto frente as insatisfatoriedade dos conceitos apresentados. Esse trabalho recebeu uma versão em português pela UFMG [1].
O coração do argumento de Paley está em “Todos os indícios de um artifício(α), todas as manifestações de um design(β) que existem no relógio existem também nas obras da natureza(δ), com a diferença de que, na natureza, são maiores ou mais numerosos(φ), e isso num grau(ψ) que excede todo o cálculo.”
(α) Conjunto de características comuns.
(β) Conjunto de predefinições que sustentam um sistema autônomo.
(δ) Equivalência interpretada como estética, não como reconhecimento de padrões distintos.
(φ) Riqueza informacional da vida.