“A autodestruição do princípio da verificabilidade empírica” ou “Confrontando a verificabilidade empírica com ela própria”

Por Johannes Janzen,

 

Extrato do livro “Não tenho fé suficiente para ser ateu” de Norman Geisler e Frank Turek:

Cerca de 200 anos depois, as duas condições de Hume foram convertidas por A. J. Ayer, filósofo do século XX, no “princípio da verificabilidade empírica”. Esse princípio afirma que uma proposição pode ter sentido somente se for verdadeira por definição ou se puder ser verificada empiricamente.

Em meados da década de 1960, essa visão tornou-se a vedete dos departamentos de filosofia das universidades dos Estados Unidos, incluindo a Universidade de Detroit, onde eu [Norm] estudei. Eu mesmo cheguei a assistir a um curso de positivismo lógico, um outro nome para o ramo da filosofia exposto por Ayer. O professor, um positivista lógico, era um espécime raro. Embora afirmasse ser católico, recusava-se a acreditar que era importante falar sobre a existência da realidade além do físico (i.e., metafísica, Deus). Em outras palavras, ele era um ateu confesso que nos dizia querer converter toda a classe ao seu ramo de ateísmo semântico (certa vez eu lhe perguntei: “Como você pode ser tanto católico quanto ateu?”. Ignorando dois milênios de ensinamento católico oficial, respondeu: “Você não precisa acreditar em Deus para ser católico — você simplesmente precisa cumprir as normas!”).

No primeiro dia daquela aula, o professor deu à classe a tarefa de fazer apresentações baseadas nos capítulos do livro Linguagem, verdade e lógica, de Ayer. Eu me ofereci para falar sobre o capítulo que trata de “o princípio da verificabilidade empírica”. Não se esqueça de que esse princípio era o próprio fundamento do positivismo lógico e, portanto, de todo o curso.

No começo da aula seguinte, o professor disse:

— Sr. Geisler, ouviremos o senhor em primeiro lugar. Concentre-se em falar no máximo 20 minutos, de modo que possamos ter tempo suficiente para discussão.

Bem, uma vez que eu estava usando a tática veloz do Papa-léguas*, simplesmente não tinha problema algum com a restrição do tempo. Levantei-me e simplesmente disse:

— O princípio da verificabilidade empírica afirma que só existem dois tipos de proposições válidas: 1) aquelas que são verdadeiras por definição e 2) aquelas que são verificáveis empiricamente. Uma vez que o princípio da verificabilidade empírica em si mesmo não é verdadeiro por definição nem pode ser verificado empiricamente, ele não tem sentido.

Falei isso e me sentei.

Havia um silêncio mortal na sala. A maioria dos alunos conseguia ver o Coiote flutuando no ar. Reconheceram que o princípio da verificabilidade empírica não podia ter sentido baseado em seu próprio padrão. Ele autodestruiu-se no meio do ar! Era apenas a segunda aula daquele curso, e o fundamento de todo aquele programa fora destruído! O que mais o professor falaria nas 14 semanas seguintes?

Vou lhe dizer o que ele falou. Em vez de admitir que sua aula e toda a sua perspectiva filosófica eram falsas em si mesmas, o professor suprimiu essa verdade, tossiu, falou sem parar e passou a suspeitar que eu estava por trás de tudo o que dava errado para ele durante todo o semestre. Sua fidelidade ao princípio da verificabilidade empírica — apesar de sua falha óbvia — era claramente uma questão de disposição, e não de pensamento.


* Ao processo de confrontar uma afirmação falsa em si mesma com ela própria, damos o nome de “tática do Papa-léguas”, porque ela nos lembra as personagens de desenho animado Papa-léguas e Coiote. Com, você deve se lembrar das sessões de desenhos animados da TV; o único objetivo do Coiote é caçar o veloz Papaléguas para transformá-lo em sua refeição. Mas o Papa-léguas é simplesmente rápido e esperto demais. Quando o Coiote está prestes a agarrá-lo, o Papa-léguas simplesmente pára instantaneamente na beira do abismo, deixando que o Coiote passe de lado e fique temporariamente suspenso no ar, apoiado em nada. Tão logo o Coiote percebe que não tem um chão no qual se firmar, cai verticalmente rumo ao fundo do vale e arrebenta-se todo.

Bem, é exatamente isso o que a tática do Papa-léguas pode fazer com os relativistas e os pós-modernistas de nossos dias. Ela nos ajuda a perceber que seus argumentos não podem sustentar seu próprio peso. Conseqüentemente, eles se estatelam no chão. Isso faz você parecer um supergênio!

 

 

O silêncio da Grande Mídia sobre Michael Behe no Brasil

Nos dias 22-24 de outubro de 2012 foi realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o IV Simpósio Internacional Darwinismo Hoje que teve como palestrante principal o Dr. Michael Behe, professor de Bioquímica da Universidade Lehigh, Bethlehem, PA, Estados Unidos, um dos principais teóricos e exponentes da teoria da teoria do Design Inteligente. Os demais palestrantes foram: Prof. Dr. Aldo Mellender de Araújo (UFRGS), Prof. Ms. Eduardo Rodrigues da Cruz (PUC-SP), Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin (Unicamp) e o Prof. Dr. Gildo M. dos Santos Filho (USP-SP).
O Dr. Behe é autor do livro A caixa preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução (Rio de Janeiro, Zahar Editor, 1997), um livro que causou furor na Nomenklatura científica por demonstrar bioquimicamente a falência epistêmica da teoria da evolução preconizada por Darwin, e isso no contexto de justificação teórica. Mais de 300 mil exemplares vendidos só nos Estados Unidos. Aqui no Brasil também teve boas vendas.
A presença de um crítico e oponente de Darwin do nível de Behe no Brasil mereceria ser divulgado. Foi o que fez a Universidade Presbiteriana Mackenzie através de sua secretaria de Comunicação Pública que publicou/enviou comunicado à imprensa sobre o ilustre palestrante. Não vi nenhum jornalista da Grande Mídia, de jornais como a Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e nem das grandes revistas como a VEJA e ÉPOCA, neste evento.
Bem, se esses meios de informação não puderam deslocar seus grandes jornalistas para cobrir um evento desses com a presença de um polêmico e controverso autor como Michael Behe, você esperaria, pelo menos para responder ao comunicado feito à imprensa, que uma pequena nota desse destaque à presença desse palestrante crítico de Darwin.
Uma busca no Google sobre Michael Behe no Brasil, deu as seguintes respostas:
Nihil, Nada de nota! Certa vez destaquei no artigo “Desnudando Darwin: ciência  ou ideologia – ou A relação incestuosa da mídia brasileira com a Nomenklatura científica”, publicado no Observatório da Imprensa em 20/12/1998 (o link não funciona por que???) que, quando a questão é Darwin, a Grande Mídia silencia os críticos e oponentes, assim como a Nomenklatura científica persegue e destrói carreiras acadêmicas ou até a graduação de alunos anti-evolucionistas.
E ainda assim, a Grande Mídia tupiniquim arrota aos quatro cantos que é uma imprensa livre, independente, objetiva e investigativa. Nada mais falso que uma nota de R$ 3,00, desconsiderando-se alguns indivíduos como Reinaldo Azevedo e uns poucos. O resto dorme na cama junto com Darwin…
Fui, nem sei por que, pensando que uma prostituta é muito mais confiável do que determinados setores da Grande Mídia em Pindorama!

Marcelo Gleiser ‘falou e disse’: os cientistas também são dogmáticos

Li e reli o artigo Contra as formas de dogmatismo de Marcelo Gleiser, Folha de São Paulo, de 10/04/2011. [Texto completo somente para assinantes da FSP ou do UOL] Ele começou seu artigo mencionando o livro Absence of Mind, da romancista e ensaísta americana Marilynne Robinson, criticando cientistas como Richard Dawkins e Steven Pinker pelos ataques à fé e à religião. 

 

Fiquei pensando ‒ só agora em 2011 que o Gleiser atentou para as críticas de Robinson contra esses neo-ateus, pós-modernistas, chiques e perfumados? O blog Uncommon Descent já tinha destacado essas críticas quase um ano atrás: 25 de julho de 2010. 
Não sei quais são os verdadeiros objetivos recentes de Gleiser em se voltar publicamente contra Dawkins, o apóstolo do ateísmo pós-moderno, e outros cientistas ateus, na postura que ele concorda com Robinson de ser essencialmente fundamentalista ‒ “cientismo” ‒ a ciência é o único modelo explicativo válido. Gleiser salientou a crítica de Robinson ‒ “As certezas que, juntas, trivializam e menosprezam, precisam ser revisitadas”, escreveu. 
Gleiser resumiu o argumento de Robinson: não há dúvida de que a ciência é uma belíssima construção intelectual, com inúmeros triunfos no decorrer dos últimos quatro séculos, mas sua visão de mundo é necessariamente incompleta. 
É aqui que Gleiser me surpreende indo contra a posição subjetiva dos atuais mandarins da Nomenklatura científica: reduzir todo o conhecimento aos métodos da ciência empobrece a humanidade, e necessitamos de diversidade cultural, e essa diversidade inclui, entre outras, a cultura das religiões. 
Interessante as perguntas que Gleiser fez: O que faz com que cientistas tenham tanta confiança no seu saber, se a prática da ciência apoia-se em incertezas e que uma teoria funciona apenas dentro de seus limites de validade? Essa confiança na incompletude e incerteza do conhecimento científico em detrimento dos demais conhecimentos que tentam explicar a realidade não é arrogância dos cientistas? Eu chamo este comportamento de Síndrome luciferiana. Quem ler entenda. 
Muito mais interessante são as respostas que Gleiser deu: as teorias científicas são testadas constantemente e seus limites são expostos e que dos limites de uma teoria que surgem outras. Gleiser sabe ‒ nem todas teorias e hipóteses científicas são testadas constantemente, e mesmo que seus limites, e até a sua falência epistêmica no contexto de justificação teórica [Argh, isso é como cometer um assassinato!!!] sejam expostos, os que praticam ciência normal não abandonam essas teorias não corroboradas pelas evidências encontradas. Kuhn explica isso no seu livro A estrutura das revoluções científicas
Concordo com Gleiser ‒ para que a ciência avance é necessário que ela falhe, mas é necessário expor onde a ciência vem e tem falhado. Ele tentou isso timidamente, eu diria mais devido ao espaço reservado para seu artigo na FSP: as verdades de hoje não serão as mesmas de amanhã, e citou como exemplo disso a noção de que a Terra era o centro do cosmo, plenamente aceita até o século 17. 
Ele, que defende tanto a Darwin, bem que poderia nos dizer onde que o homem que teve a maior ideia da humanidade errou ‒ a evolução através da seleção natural. Mas Gleiser não tem coragem para isso, e o Marcelo Leite, jornalista especial da FSP, não irá permitir que se cometa tal pecado mortal nas páginas impolutas do jornal que apoiou a ditabranda. Pereça tal pensamento! Podemos criticar tudo, menos Darwin!!!
Todavia, mais uma vez eu tiro o chapéu para Gleiser ‒ dentro de sua validade, se as teorias científicas funcionam extremamente bem, nós podemos chamá-las de verdadeiras. E para meu espanto ‒ afirmar que a ciência detém a verdade é ir longe demais. É aqui que reside o que eu chamo de Síndrome luciferiana ‒ afirmar que a ciência é a única forma de conhecimento par excellence para descrever a totalidade da realidade. 
Mas, se você estava pensando numa metanoia de Gleiser para uma visão de ciência diferente da visão materialista da ditadura da Nomeklatura científica, tire o cavalo da chuva, pois o seu artigo não é uma crítica à ciência, pois, segundo ele, seria contradizer sua obra. Todavia, ele disse, elegantemente, que é uma espécie de toque de despertar aos que pregam a ciência como dona da verdade, e que é necessário ter mais cuidado. Macacos me mordam! o que a Nomenklatura científica vai dizer deste discurso??? 
Em seguida Gleiser destacou dois casos que Robinson examinou expondo os pontos fracos e os abusos da retórica científica [???]. Segundo Gleiser, ela mesma não é imune aos abusos de sua retórica, e citou a crítica feita à análise de Steven Pinker sobre o “Bom Selvagem”: 
“Será que é razoável argumentar contra o mito do Bom Selvagem baseando-se na cultura do século 20? O que nos parece primitivismo pode ser algo bem diferente. Não posso deixar que uma análise tão falha seja difundida”. 
Outro exemplo de ponto fraco e abuso de retórica científica [não seria a subjetividade do cientista???]. Gleiser citou a resenha de Robinson sobre o livro de Dawkins, “Deus, um Delírio”, onde criticou veementemente ao biólogo [Dawkins não é zoólogo???]. Naquela resenha de 2006, Robinson acusou Dawkins de usar argumentos científicos onde não são pertinentes. 
Robinsou criticou Dawkins pela sua critica à ideia de que Deus é o criador do Universo [sic], e que a ideia não faz sentido, pois como o Universo [sic] começou simples, Deus não poderia ser complexo para conseguir criá-lo. Não li a resenha de Robinson, mas eu queria saber como Dawkins tem essa informação privilegiada sobre Deus e o universo. Epifania??? Dawkins entre os profetas agora???
A conclusão de Dawkins é que Deus contradiz a teoria da evolução, pois já surge complexo. Robinson contra-atacou corretamente, e colocou Dawkins no seu devido lugar: aplicar teorias científicas a Deus não faz sentido. Gleiser, agnóstico [não seria ateu???], concorda com ela. Eu também. Em número e grau! 
Discordo de Gleiser de que muito da ciência e da religião vem da necessidade que temos de encontrar sentido e significado em nossas vidas. Fui ateu, e nunca vi meu posicionamento ideológico anterior dando sentido e significado em minha vida como os neo-ateus pregam escancaradamente e apoiados pela Grande Mídia. Muito menos a ciência, fria e objetiva na sua descrição da realidade, tem esta função atribuída por Gleiser: a ciência não me faz encontrar o sentido, e muito menos o significado de minha vida. Aqui Gleiser escorregou a la Dawkins: é retórica vazia de sua subjetividade posando como se fosse uma afirmação científica. 
Neste blog eu denuncio a falta e a necessidade de humildade e autocrítica nos cientistas defendida por Robinson no seu livro e resenha. 
Como Gleiser, eu também espero a mesma atitude de líderes religiosos e teólogos, mas diferente dele, eu espero uma atitude muito mais incisiva e corajosa na construção da realidade, especialmente no que diz respeito ao que os cientistas afirmam dizer saber sobre a origem e evolução do universo e da vida.
Para mim, as formas de dogmatismo são melhor combatidas no contexto de justificação teórica. Inclusive para Darwin!!!

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NOTA DESTE BLOGGER:

O artigo do Marcelo Gleiser acima mencionado foi baseado no original em inglês Can Scientists Overreach?

 

O que é Quorum Sensing?

Introdução

O quorum sensing (sensor de quorum) corresponde a um processo de comunicação intra e inter espécies microbianas, que permite aos microrganismos apresentarem alterações fenotípicas marcantes quando estes se encontram em altas densidades populacionais. A descoberta deste tipo de interação microbiana tornou evidente o conceito que, embora geneticamente e estruturalmente mais simples, os microrganismos têm a capacidade de se comportar como organismos complexos, capazes de se comunicar e agir coordenadamente, respondendo a diferentes estímulos de modo unificado.
Este interessante processo foi descoberto em bactérias luminescentes marinhas, habitantes de órgãos luminescentes de lulas e certos peixes.

 

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Lula exibindo luminescência

Há muitos anos conhecia-se a existência de bactérias marinhas (por exemplo Vibrio fischeri) capazes de emitir luminescência. No entanto, este fenômeno era apenas observado quando os microrganismos encontravam-se confinados nos órgãos de luz dos animais. Quando tais bactérias encontravam-se livres na água do mar, a luminescência não era observada. Estudos posteriores revelaram que durante o dia as lulas expeliam as bactérias de seus órgãos de luz mas, à medida que a noite se aproximava, estas passavam a acumular os microrganismos, que após um determinado período de tempo tornavam-se luminescentes. Em outras palavras, a emissão de luminescência estava associada à densidade populacional bacteriana. Posteriormente o processo que resultava na luminescência foi esclarecido, sendo denominado quorum sensing, uma vez que correspondia a um mecanismo de comunicação onde os microrganismos monitoravam sua densidade populacional.

O mecanismo de Quorum Sensing

Atualmente está bem definido que este sensoriamento populacional é realizado por meio de pequenas moléculas, denominadas autoindutores (AI). Os autoindutores podem ser de diferentes naturezas químicas: em organismos Gram negativos, via de regra os autoindutores são do tipo N-acil homoserina lactonas (AHL), que correspondem a pequenas moléculas que se difundem livremente para dentro e para fora das células. Em Gram positivos, normalmente os autoindutores correspondem a pequenos petídeos (hepta ou octapeptídeos) que se ligam a receptores localizados na superfície das células bacterianas.
Nos diferentes organismos que realizam o quorum sensing, o processo segue, essencilamente, as mesmas etapas.
Durante o crescimento microbiano, todas as células produzem e liberam uma pequena quantidade de autoindutores. Quando a população se encontra no meio da fase logarítmica ou no início da fase estacionária de crescimentno, a quantidade de autoindutor produzido alcança uma concentração limite, suficiente para disparar o processo de alteração da expressão gênica.
Em termos bastante simples: os autoindutores se ligam a proteínas receptoras que são então ativadas, promovendo a ativação da expressão de certos genes, podendo ainda inibir a expressão de outros genes que se encontravam ativos. Assim, o quorum sensing é ativado quando a concentração de autoindutor atinge um nível tal que sua ligação a uma proteína receptora é eficiente, permitindo a ativação transcricional de uma série de genes.


Regulação da bioluminescência em Vibrio fischeri

Para melhor ilustrar o mecanismo de quorum sensing, descreveremos o fenômeno de bioluminescência apresentado por Vibrio fischeri.
Nealson et al., (1970) revelaram que o sobrenadante de culturas densas de V. fischeri continha um composto capaz de induzir a luminescência em culturas de baixa densidade, sendo por isso denominado “autoindutor”. Este autoindutor (VAI – Vibrio AutoIndutor) foi identificado em 1981, como uma N-(3-oxohexanoil)homoserina lactona (OHHL), enquanto os genes regulatórios e estruturais necessários ao processo de luminescência (regulon lux) foram descritos em 1984, estando localizados em um segmento de DNA de 9 kb.

O regulon lux é composto por dois operons que são transcritos em direçoes opostas, sendo separados por uma região intergênica regulatória. O operon da esquerda contém o gene luxR, que codifica o ativador transcricional LuxR, que também atua como receptor do autoindutor. O operon da direita contém o gene luxI, que codifica a OHHL sintase. Abaixo do gene luxI, encontram-se os genes estruturais luxCDABE, que codificam as proteínas necessárias ao desenvolvimento da bioluminescência (subunidades a e b da luciferase – luxA e luxB, a redutase – luxC, transferase – luxD e sintetase – luxE).
Assim, em qualquer etapa de seu ciclo de vida, as células de V. fischeri estão produzindo pequenas quantidades do autoindutor (VAI), que se difunde livremente através das membranas da bactéria. Nestes estágios onde a população microbiana ainda é pequena, está ocorrendo a ligação do VAI ao seu receptor, LuxR, no entanto, tal ligação é ainda transiente. No entanto, à medida que a população aumenta, a quantidade de VAI também aumenta, até que atinge uma concentração limiar, que dispara o processo, resultando na ativação da tanscrição dos operons lux.
A proteína LuxR é modular, sendo constituída por um domínio C-terminal de ligação ao DNA e um domínio N-terminal de ligação à OHHL. A OHHL, produzida pelo gene luxI, liga-se à proteína LuxR, ativando-a. Esta quando ativada liga-se ao DNA, em um sítio específico, denominado lux box, que corresponde a uma região de 20 nucleotídeos invertidos repetidos, situada entre os dois operons lux.
O complexo VAI-LuxR liga-se ao lux box e estimula a transcrição dos operons, promovendo uma maior síntese de autoindutor, de proteína LuxR e de todo o aparato necessário à luminescência.


Regulação do operon lux pelo autoindutor de V. fischeri

Outras atividades microbianas associadas ao Quorum Sensing

Atualmente são conhecidas centenas de espécies microbianas que realizam o processo de quorum sensing, revelando que tal tipo de comunicação resulta em uma série de alterações fenotípicas apresentadas pelas culturas.
Dentre as principais atividades microbianas associadas ao quorum sensing temos:
– produção de antibióticos
– expressão de fatores de virulência
– aquisição do estado de competência (a capacidade de captar DNA do meio)
– transferência de DNA para outros organismos
– fixação de nitrogênio

Além destas atividades, cada vez mais está se tornando claro o papel ecológico desempenhado pelo quorum sensing. Sabe-se que os microrganismos sintetizam autoindutores bastante específicos, reconhecidos apenas por membros da mesma espécie. No entanto, pesquisas revelam que organismos de espécies próximas podem sintetizar autoindutores semelhantes, capazes de interferir no quorum sensing de outros organismos. Por exemplo, Staphylococcus epidermidis, um habitante da microbiota normal, sintetiza autoindutores que interferem no quorum sensing de S. aureus, um microrgnaismo potencialmente patogênico. Acredita-se que este tipo de interferência tenha como principal função impedir ou dificultar a colonização do hospedeiro por organismos invasores.

Há alguns anos foi descoberto um segundo tipo de autoindutor, denominado AI-2, que parece estar envolvido em um processo mais “geral” de cominucação microbiana. Este AI-2 seria reconhecido por um grande número de espécies, talvez atuando como uma molécula que sinaliza aos diferentes organismos a presença de outros microrganismos. Este seria um tipo de molécula que realizaria um “censo” geral da população.

A descoberta do quorum sensing trouxe novas e interessantes perspectivas para o controle microbiano, especialmente no que se refere ao tratamento de doenças infecciosas.

 

fonte: http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/quorum/quorum.html

Michael Behe, o cientista que aceitou o desafio de Darwin, no Brasil – 22 a 24 de outubro de 2012 Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo

Michael J. Behe, Ph.D.
Professor de Bioquímica
Departamento de Ciências Biológicas 
Iacocca Hall, Room D-221 
111 Research Drive 
Bethlehem, PA 18015 
 
A Tese da Complexidade Irredutível de Michael Behe
 
Com a tese da complexidade irredutível defendida no seu livro A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução, Behe aceitou o desafio de Darwin: 
 
“Se pudesse ser demonstrada a existência de qualquer órgão complexo que não poderia ter sido formado por numerosas, sucessivas e ligeiras modificações, minha teoria desmoronaria por completo”. [1]
 
Behe define assim o seu conceito de complexidade irredutível:
 
“Com irredutivelmente complexo quero dizer um sistema único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, caso em que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido diretamente… mediante modificações leves, sucessivas de um sistema precursor de um sistema irredutivelmente complexo ao qual falte uma parte é, por definição, não-funcional. Um sistema biológico irredutivelmente complexo, se por acaso existir tal coisa, seria um fortíssimo desafio à evolução darwiniana”. [2] 
 
 
Para Behe, a complexidade irredutível é um indicador seguro de design. Um sistema bioquímico irredutivelmente complexo que Behe considera é o flagelo bacteriano. O flagelo é um motor rotor movido por um fluxo de ácidos com uma cauda tipo chicote (ou filamento) que gira entre 20.000 a 100.000 vezes por minuto e cujo movimento rotatório permite que a bactéria navegue através de seu ambiente aquoso.
 
 
 
 
Behe demonstra que essa maquinaria intrincada, incluindo um rotor (o elemento que imprime a rotação), motor molecular, um estator (o elemento estacionário), juntas de vedação, buchas e um eixo-motor exige a interação coordenada de pelo menos quarenta proteínas complexas (que formam o núcleo irredutível do flagelo bacteriano) e que a ausência de qualquer uma delas resultaria na perda completa da função do motor. Ele argumenta que o mecanismo darwinista enfrenta graves obstáculos em tentar explicar esses sistemas irredutivelmente complexos.

No livro No Free Lunch, [3] William Dembski demonstra como que a noção de complexidade irredutível de Behe se constitui numa instância particular de complexidade especificada.
 
Assim que um componente essencial de um organismo exibe complexidade especificada, qualquer design atribuível àquele elemento passa para o organismo como um todo. Para atribuir design a um organismo, ninguém precisa demonstrar que cada aspecto do organismo tem design intencional.
 
O desafio da complexidade irredutível para a evolução darwiniana é real e é falso afirmar que a tese de Behe foi refutada:
 
“não existem relatos darwinianos detalhados para a evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular fundamentais, somente uma variedade de ‘wishful speculations’ [especulações ]. É notável que o darwinismo é aceito como uma explicação satisfatória para um assunto tão vasto – a evolução – com tão pouco exame rigoroso de quão bem as suas teses funcionam em iluminar instâncias específicas de adaptação ou diversidade biológicas”. [4]
 
NOTAS:
 
1. BEHE, Michael. A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 24 citando a Darwin no Origem das Espécies.
 
2. Ibid, p. 48.
 
3. DEMBSKI, William. No Free Lunch. Lanham, MD: Roman & Littlefield Publishers, Inc., 2002, Cap. 5 The Emergence of Irreducibly Complex Systems, p. 239-310.
 
4. SHAPIRO, James. In the Details… What?, in National Review, 16 Set. 1996, p. 62-65.
 
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NOTA DESTE BLOGGER:

O Prof. Dr. Michael Behe é o palestrante principal do IV Simpósio Internacional Darwinismo Hoje, a ser realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, de 22 a 24 de outubro de 2012. Inscrições aqui.

Fome pela certeza absoluta

 

Por Daniel Grubba

Geralmente quando vamos apresentar os principais conteúdos da fé cristã aos não-cristãos somos levados a um beco sem saída por afirmações como “Só acredito se você me provar”. Mas por que exatamente as pessoas tem tanta fome pela certeza absoluta? Será que não estão fundamentando suas vidas numa fé cega acerca do conhecimento científico?

Não precisamos ser necessariamente especialistas em Filosofia da Ciência para chegar a conclusão de que a fome pela certeza absoluta e a constante exigência de provas e evidências está fundamentada em frágeis pressupostos. Isto é, pressupõe-se que a ciência pode nos explicar tudo e nos dar sempre certezas absolutas. Alister Mcgrath, professor da Universidade de Oxford, entende que:

“A maior parte das pessoas tem uma concepção popular e mítica da ciência, que pouca relação guarda com a realidade. Para tais pessoas, a ciência é capaz de desvelar os mistérios do mundo, pondo a descoberto as leis e os princípios com uma certeza absoluta”.

A cosmovisão cientificista afirma que “tudo é explicado pela ciência” ou que “não há verdades além das verdades científicas”. No entanto, basta apenas um pouco de raciocínio lógico para mostrar que estas afirmações cientificistas são auto-refutáveis, e portanto, necessariamente falsas. Isto é, proposições como “tudo é explicado pela ciência” não podem ser justificadas cientificamente, e portanto, não conseguem satisfazer as exigências da própria cosmovisão cientificista. Em outras palavras, isto significa que o cientificismo para ser verdadeiro, tem que necessariamente rejeitar suas próprias pressuposições (pois não se tratam de assuntos científicos), ou então, precisa afirmar que as conclusões da ciência são mais certas do que as pressuposições usadas para justificar as conclusões, o que é um absurdo.

W.L. Craig no debate com o químico Prof. Peter Atkins foi confrontado num dado momento com o argumento extremamente cientificista de que a ciência é onipotente, e por isso, tão somente a ciência pode nos explicar todas as coisas. Na ocasião, Craig expôs a fragilidade desta “crença” apresentando pelo menos quatro problemas para as quais a ciência não tem resposta, e que mesmo assim as aceitamos racionalmente sem o aval científico. Vejamos:

1) A ciência não pode provar as verdades lógicas e metafísicas. A ciência apenas as pressupõe, uma vez que tentar prová-las desembocaria fatalmente um raciocínio circular.
2) A ciência não pode provar os valores éticos e os juízos de valor. Por exemplo, não podemos provar cientificamente que o atos de crueldade praticados pelos cientistas nazistas nos campos de concentração são moralmente errados.
3) A ciência não pode provar os valores estéticos. Não temos como determinar através do método cientifico o que é belo ou o que constitui uma obra de arte.
4) E por fim, a própria ciência não pode ser justificada cientificamente. A ciência é permeada por pressupostos que não podem ser provados cientificamente, como o princípio da uniformidade.

 

A pior de todas as hipóteses científicas sobre a origem da vida

terça-feira, setembro 25, 2012

Meu objeto de discussão tem sido a vida, a informação genética, e claro, como teísta creio no surgimento inteligente da vida, no surgimento inteligente da informação…mas o naturalismo é oposto a esta posição, mas não tem muito a oferecer, eu prefiro a TDI entendo que ela possui sim Parcimônia, vamos então a uma breve “explicação” naturalista para a origem da vida.

Você pode conferir o original deste artigo no blog desafiando a nomenklatura científica. 

 
The RNA world hypothesis: the worst theory of the early evolution of life (except for all the others)
 
Harold S Bernhardt 1
 
Email: harold.bernhardt@otago.ac.nz
 
1 Department of Biochemistry, University of Otago, P.O. Box 56, Dunedin, New Zealand
 
Abstract
 
The problems associated with the RNA world hypothesis are well known. In the following I discuss some of these difficulties, some of the alternative hypotheses that have been proposed, and some of the problems with these alternative models. From a biosynthetic – as well as, arguably, evolutionary – perspective, DNA is a modified RNA, and so the chicken and-egg dilemma of “which came first?” boils down to a choice between RNA and protein. This is not just a question of cause and effect, but also one of statistical likelihood, as the chance of two such different types of macromolecule arising simultaneously would appear unlikely. The RNA world hypothesis is an example of a ‘top down’ (or should it be ‘present back’?) approach to early evolution: how can we simplify modern biological systems to give a plausible evolutionary pathway that preserves continuity of function? The discovery that RNA possesses catalytic ability provides a potential solution: a single macromolecule could have originally carried out both replication and catalysis. RNA – which constitutes the genome of RNA viruses, and catalyzes peptide synthesis on the ribosome – could have been both the chicken and the egg! However, the following objections have been raised to the RNA world hypothesis: (i) RNA is too complex a molecule to have arisen prebiotically; (ii) RNA is inherently unstable; (iii) catalysis is a relatively rare property of long RNA sequences only; and (iv) the catalytic repertoire of RNA is too limited. I will offer some possible responses to these objections in the light of work by our and other labs. Finally, I will critically discuss an alternative theory to the RNA world hypothesis known as ‘proteins first’, which holds that proteins either preceded RNA in evolution, or – at the very least – that proteins and RNA coevolved. I will argue that, while theoretically possible, such a hypothesis is probably unprovable, and that the RNA world hypothesis, although far from perfect or complete, is the best we currently have to help understand the backstory to contemporary biology.
 
Reviewers
 
This article was reviewed by Eugene Koonin, Anthony Poole and Michael Yarus (nominated by Laura Landweber).
 
Keywords RNA world hypothesis, Proteins first, Acidic pH, tRNA introns, Small ribozymes
 
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Os problemas associados com a hipótese do mundo de ARN são bem conhecidos. No que se segue  são discutidas várias destas dificuldades, algumas das hipóteses alternativas que têm sido  propostas, e alguns dos problemas com estes modelos alternativos. De uma biossintética – como  também, sem dúvida, evolutiva – perspectiva, o DNA é um RNA modificado, e assim o dilema do ovo e da galinha “, o que veio primeiro?” se resume a uma escolha entre RNA e proteínas.  Esta não é apenas uma questão de causa e efeito, mas também uma  probabilidade estatística, como a  possibilidade de dois diferentes, tais tipos de macromoléculas resultantes simultaneamente, parece  improvável. A hipótese do mundo RNA é um exemplo de um ‘top down’ (ou deveria ser “apresentar  de volta “?) de abordagem à evolução inicial: como podemos simplificar modernos sistemas biológicos para dar  uma explicação evolucionista plausível ?O caminho  que preserva a continuidade da função. A descoberta de que o RNA possui capacidade catalítica fornece uma solução potencial: a macromolécula única, poderia  originalmente ter realizado a replicação e a catálise. ARN – que constitui o  genoma do vírus de ARN e catalisa a síntese de péptidos no ribossoma – podia ter sido  tanto a galinha quanto o ovo! No entanto, as objecções seguintes foram levantados para a  hipótese do mundo do RNA: (i) O ARN é muito complexo para ser uma molécula  surgida pré-bioticamente, (ii)  o RNA é inerentemente instável, (iii) a catálise é uma propriedade relativamente rara de longas seqüências de RNA  apenas, e (iv) o repertório catalítica de RNA é muito limitado. Vou oferecer algumas possíveis  respostas a essas objeções à luz do trabalho pelo nosso e outros laboratórios. Finalmente, vou  discutir criticamente uma teoria alternativa para a hipótese do mundo de RNA conhecido como “proteínas primeira”,  que afirma que tanto proteínas tanto RNA precederam na evolução, ou – no mínimo – que  proteínas e RNA co-evoluíram. Vou argumentar que, embora teoricamente possível, tal hipótese  provavelmente é improvável, e que a hipótese do mundo do RNA, embora longe de ser perfeita ou  completa, é o melhor que temos atualmente para ajudar a compreender a história de fundo a contemporânea  biologia.
 
Revisores
 
Este artigo foi revisado por Eugene Koonin, Poole e Anthony Michael Yarus (indicado  por Laura Landweber).
 
Palavras-chave  hipótese do mundo RNA, Proteínas de pH, primeiro ácida, íntrons tRNA, ribozimas Pequenas
 
 
 
NOTA DESTE BLOGGER:
 
O Mundo RNA, segundo Harold S Bernhardt, é a pior de todas as hipóteses científicas, porque não é corroborada no contexto de justificação teórica, mas é a única que temos!!!

Macacos me mordam, durma-se com um barulho desses – a ciência, uma busca pela verdade, repousa agora nas piores teorias e hipóteses, mas se são as únicas que temos, é com essas que se faz ciência normal hoje em dia!

E as evidências? Ora, as evidências que se danem, o que vale é a teoria (Atribuída a Dobzhansky no Brasil, mas seus alunos sobreviventes se recusam a comentar). E nossos alunos do ensino médio ainda aprendem o Mundo RNA como verdade científica…

 
Pobre ciência!!!