Foto gentilmente cedida por Universidade de Cornell
Os pântanos contêm uma variedade de plantas, animais e bactérias. Eles podem ajudar a limpar a água corrente, o que dá aos pântanos uma capacidade natural de filtrar vários poluentes |
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Foto © John Todd Ecological Design
Para limpar a água naturalmente, uma série de tanques é instalada, criando miniecossistemas. Cada tanque contém plantas, animais e microrganismos capazes de remover poluentes específicos da água.
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Foto gentilmente cedida por Worrell Water Technologies
O Zoológico de Emmen, na Holanda, utiliza um sistema interno chamado Living Machine® para limpar 832.790,6 l de água servida todos os dias. A água é então reutilizada como descarga nos sanitários, entre outras coisas. O consumo de água do zoológico atualmente é 84% menor do que antes da instalação do Living Machine. |
Embora quase três quartos da Terra sejam cobertos por água, apenas 3% desse volume é de água doce. O restante está congelado ou é salgado demais para as pessoas beberem. Esse volume relativamente pequeno de água se move continuamente pelo ciclo de água da Terra (para mais informações, veja Bebendo Água do Mar). Por meio dele, a água fica pronta para ser reutilizada pelos mais de 6 bilhões de pessoas que vivem no planeta. Essa parceria entre seres humanos/natureza funciona contanto que não sobrecarreguemos a água com poluentes como substâncias químicas tóxicas e outros resíduos não biodegradáveis.
Contudo, estamos explorando a água em um ritmo alarmante, e as consequências normalmente são trágicas. Vários milhões de pessoas morrem todos os anos de doenças transmitidas pela água, e uma grande variedade de espécies animais é prejudicada pela água poluída.
A boa notícia é que a natureza sabe como limpar a água. Os pântanos — terrenos saturados de água ou cobertos de água em parte do ano — são máquinas de limpeza de água. Eles não só absorvem água como uma esponja, o que ajuda a evitar inundações, como também atuam como uma espécie de filtro natural. As plantas e bactérias que vivem nos pântanos são capazes de decompor ou absorver poluentes antes que a água atinja nossos lagos, rios e córregos.
O que podemos aprender sobre limpeza de água com a natureza? Cada vez mais cientistas estão tentando responder a essa pergunta.
Como a Natureza Limpa a Água
Para descobrir como a natureza limpa a água, o biólogo marinho John Todd estudou os pântanos e poças de maré próximos a sua casa, em Cape Cod, Massachusetts. Ele também observou os viveiros de peixes e sistemas aquáticos usados por milhares de anos por agricultores na China e outras partes da Ásia.
Todd aprendeu que as espécies de diferentes ecossistemas — como aquelas em córregos, lagos, pântanos e poças de maré — têm uma incrível capacidade de autolimpeza e autoreparo. Ele descobriu que plantas como o junco filtram materiais suspensos em água. Outras absorvem metais tóxicos, como mercúrio e chumbo, e outras ainda produzem anticorpos que matam organismos capazes de causar doenças.
Como todos sabemos, os resíduos da maioria dos edifícios modernos são escoados para o meio ambiente, seja por meio de um sistema de tratamento municipal, ou um sistema séptico ou, nos casos piores, em cursos d’água próximos. Esses resíduos sólidos e líquidos devem ser tratados para evitar danos aos ecossistemas adjacentes. E se, em vez de escoarmos esses resíduos para usinas de tratamento de efluentes, conseguíssemos desenvolver um sistema que imitasse os ciclos de autolimpeza de pântanos, brejos e poças de maré?
Dessa forma, John Todd e seus colegas do Instituto New Alchemy inventaram o sistema Living Machines para fazer o mesmo trabalho que a natureza. Usando um conjunto de tanques contendo diferentes ecossistemas aquáticos, os Living Machines (também conhecidos como Eco-Machines) recebem água suja, ou esgoto, e a devolvem ao seu estado natural, livre de resíduos humanos poluentes.
Como funcionam os Living Machines? Os tanques são cheios de capim, algas, plantas vivas, peixes dourados, camarões de água doce e lesmas, assim como uma grande variedade de microrganismos e bactérias. Cada tanque forma um miniecossistema destinado a decompor o material inorgânico presente na água. A fonte primária de energia para esses sistemas é a luz solar.
A água servida percorre os diferentes tanques, que são ligados entre si por tubos conectores. Os resíduos gerados pelos ocupantes de um tanque escoam pelos tubos conectores e se tornam alimento para os ocupantes do outro. Após cerca de uma semana de filtragem, os resíduos são decompostos em nutrientes e alimentos para algas, insetos, lesmas e plantas aquáticas. A água anteriormente suja agora é considerada “água cinza”. Não podemos bebê-la, mas podemos usá-la para irrigação e para descarga em sanitários.
Os Living Machines podem ser pequenos, cabendo em uma sala de aula, ou grandes, com capacidade para processar a água servida de uma pequena cidade inteira. Podem até fazer parte do sistema de tratamento d’água de uma cidade grande.
Aprenda mais sobre os sistemas Living Machines, nos sites: