A mecânica quântica de campos – O que é real? – Parte II

Eis a continuação do artigo sobre mecânica quântica, a primeira parte você pode ver aqui.

Segue o artigo:

Problemas com as Partículas

Um caso extremo em que as partículas são não identificáveis é o vácuo, que na teoria quântica de campos mostra propriedades paradoxais. É possível ter um vácuo geral – por definição, um estado de zero-partícula – e ao mesmo tempo observar algo muito diferente de vácuo em uma parte qualquer finita. Em outra palavras, sua casa pode estar completamente vazia mesmo que você encontre partículas por todos os lados. Se o corpo de bombeiros perguntar se ainda há alguém dentro de uma casa em chamas e você responder que não, os bombeiros poderão questionar sua sanidade quando descobrirem pessoas se acotovelando por todos os cantos.

Outra característica impressionante do vácuo na teoria quântica de campos é conhecida como efeito Unruh. Um astronauta em repouso poderá pensar que está no vácuo , enquanto outro astronauta em uma nave espacial em aceleração, poderá sentir-se imerso num banho térmico de inúmeras partículas. Esses pontos de vista discrepantes também ocorrem no perímetro de buracos negros e leva a conclusões paradoxais sobre o destino da matéria que se precipita no interior dele. Se a ideia de vácuo cheio de partículas parece absurda é porque a noção clássica de partículas está nos enganando;o que a teoria descreve é algo diferente. Se o número de partículas não depende do observador, então parece incoerente supor que partículas sejam os elementos básicos da matéria. Podemos admitir o fato de que várias características são independentes do observador, mas não exatamente o fato de que existem muitos blocos de construção.

Finalmente, a teoria propõe que essas partículas podem perder sua individualidade. No fenômeno intrigante do emaranhamento quântico, partículas podem ser assimiladas por um sistema maior e abandonar as propriedade que as distinguem entre si. As partículas prováveis compartilham não só as características inerentes como massa e carga, mas também propriedades espaciais e temporais como a faixa de posições em que podem ser encontradas. Quando as partículas são emaranhadas o observador não consegue distinguir uma da outra. Nessas condições ainda existem realmente dois objetos?

Teóricos poderão afirmar que duas partículas hipotéticas são entidades distintas. Os filósofos chamam essa regra de “ecceidade primitiva”. Por definição, a ecceidade não pode ser observada. A maioria dos físicos e filósofos não acredita muito nesses movimentos ad hoc. Ao contrário, parece que as duas partículas deixam de existir. O sistema emaranhado comporta-se como um todo indivisível e a noção de “parte” – deixe a partícula em paz – perde o sentido.

Problemas teóricos como esse envolvendo partículas desaparecem rapidamente diante da experimentação. O que um “detector de partículas” encontra alem de partículas? A resposta é que partículas são sempre uma inferência. Tudo o que um detector registra é um grande número de excitações dispersas do material do sensor. As dificuldades aumentam quando ligamos os pontos e inferimos a existência de trajetórias das partículas que podem ser seguidas no tempo.(Observação: uma minoria de interpretações da física quântica realmente referem-se a trajetórias bem definidas. Mas estão sujeitas as suas próprias dificuldades e prefiro ater-me ao ponto de vista padrão.)

Por isso analisemos a questão. Podemos imaginar as partículas como minusculas bolas de bilhar, mas o que os físicos modernos chamam de “partículas” não é nada disso. De acordo com a teoria quântica de campos objetos não podem ser localizados em uma região finita do espaço, não importa se a região é muito grande ou nebulosa demais. Além disso, o número de partículas depende do movimento do observador. Considerar todos esses resultados em conjunto soa como anunciar a morte da ideia de que a Natureza é constituída por qualquer coisa, como partículas semelhantes a bolas.

Com base nesta e outra percepções é possível concluir que “física de partículas” é um termo inadequado; o que os físicos continuam a chamar de partículas, realmente não existe. Deveríamos adotar o termo “partícula quântica”, mas o que justifica o uso da palavra “partícula” se praticamente nada sobrou da noção clássica [Eu (Jeph Simple) diria noção do mundo físico, que entendemos de acordo com nossos sentidos, visão, tato, olfato…] de partícula? É melhor enfrentar os fatos e abandonar o conceito. Alguns consideram essas dificuldades como evidências indiretas para uma interpretação pura de campo na teoria quântica de campos. Segundo esse raciocínio, partículas nada mais são que ondulações em um campo que preenche todo o espaço como um fluído invisível. [Nota minha( jeph Simple) : Foi exatamente isso que você leu; ondulações que preenchem o espaço como um FLUÍDO INVISÍVEL … Enfim a realidade é invisível, ao menos é construída por “entidades” invisíveis]
No entanto, como veremos a seguir, também não é fácil interpretar a teoria quântica de campos em termos de campos.

(Fim da segunda parte)

Não perca a continuação deste artigo. Que será sobre o problema com campos. Em breve estarei postando, você vai ver que aquilo que você pensa ser real,  não é exatamente como seus olhos veem.

O que essas informações me levaram a concluir?

Tais informações me levaram a ver este universo não mais como eu via antes, a partir de uma perspectiva sensorial humana, mesmo uma perspectiva refinada pela lógica, pela ciência séria, me fez adotar uma postura mais humilde, até perplexa sobre a “natureza da natureza”.

O universo é muito mais misterioso e inescrutável do que imaginamos… Para mim isso é óbvio pois ele é obra de uma Mente Divina. Quem poderia entender de verdade tal Mente tão Grandiosa???

A desonestidade acadêmica de alguns cientistas quanto ao colapso de seus paradigmas

Os cientistas são livres para expressarem suas dúvidas ao saber da existência de problemas fundamentais nos atuais paradigmas vigentes, tal como a biologia evolucionária moderna?

Não pergunte no Posto Ipiranga. Leia o que alguns cientistas e céticos escreveram a respeito:

“Há um sentimento em biologia que os cientistas devem manter escondida sua roupa suja, porque a direita religiosa está sempre procurando qualquer discussão entre os evolucionistas como apoio para suas teorias criacionistas [sic]. Há uma forte escola de pensamento de que nunca ninguém deve questionar Darwin em público.” (W. Daniel Hillis, in “Introduction: The Emerging Third Culture,” in Third Culture: Beyond the Scientific Revolution, editado por John Brockman, Touchstone, 1995, p. 26.

“There’s a feeling in biology that scientists should keep their dirty laundry hidden, because the religious right are always looking for any argument between evolutionists as support for their creationist theories. There’s a strong school of thought that one should never question Darwin in public.” (W. Daniel Hillis, in “Introduction: The Emerging Third Culture,” in Third Culture: Beyond the Scientific Revolution, edited by John Brockman(Touchstone, 1995), p. 26.)

“À primeira vista, é altamente implausível que a vida como nós conhecemos, seja o resultado de uma sequência de acidentes físicos junto com o mecanismo da seleção natural… O meu ceticismo não é baseado em crença religiosa ou em uma crença em qualquer alternativa definitiva. É apenas uma crença de que a evidência científica disponível, apesar do consenso da opinião científica, não nesta questão, racionalmente requeira que nós nos subordinemos à incredulidade do senso comum. Isso é especialmente verdade no que diz respeito à origem da vida… Eu entendo que tais dúvidas podem parecer para muitas pessoas como afrontosas, mas isso é porque quase todo o mundo em nossa cultura secular tem sido intimidado em considerar o programa de pesquisa redutivo como sacrossanto, pelo fato de que qualquer outra coisa não seria ciência. … Pensando nessas questões, eu tenho sido estimulado pelas críticas da dominante visão científica do mundo… feita pelos defensores do design inteligente. … Os problemas que esses iconoclastas colocam para o consenso científico ortodoxo devem ser considerados seriamente. Eles não merecem o menosprezo que comumente eles enfrentam. É manifestamente injusto.” Thomas Nagel, Mind and Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False, Oxford University Press, 2012, p. 6-7, 10.)

“It is prima facie highly implausible that life as we know it is the result of a sequence of physical accidents together with the mechanism of natural selection … My skepticism is not based on religious belief or on a belief in any definite alternative. It is just a belief that the available scientific evidence, in spite of the consensus of scientific opinion, does not in this matter rationally require us to subordinate the incredulity of common sense. This is especially true with regard to the origin of life … I realize that such doubts will strike many people as outrageous, but that is because almost everyone in our secular culture has been browbeaten into regarding the reductive research program as sacrosanct, on the ground that anything else would not be science. … In thinking about these questions I have been stimulated by criticisms of the prevailing scientific world picture… by the defenders of intelligent design. … [T]he problems that these iconoclasts pose for the orthodox scientific consensus should be taken seriously. They do not deserve the scorn with which they are commonly met. It is manifestly unfair.” (Thomas Nagel, Mind and Cosmos: Why the Materialist Neo-Darwinian Conception of Nature Is Almost Certainly False, p. (Oxford University Press, 2012), pp. 6-7, 10.)

“Críticos honestos do modo evolucionário de pensamento que têm enfatizado os problemas com o dogma dos biólogos e seus termos indefiníveis, frequentemente, são desconsiderados como se eles fossem cristãos zelotas fundamentalistas ou racistas preconceituosos. Mas a parte da tese deste livro que insiste que tal terminologia interfere com a ciência verdadeira, exige um debate aberto e ponderado sobre a realidade das afirmações feitas pelos evolucionistas zoocêntricos.” Lynn Margulis e Dorion Sagan, Acquiring Genomes: A Theory of the Origins of the Species, Basic Books, 2003, p. 29.

“Honest critics of the evolutionary way of thinking who have emphasized problems with biologists’ dogma and their undefinable terms are often dismissed as if they were Christian fundamentalist zealots or racial bigots. But the part of this book’s thesis that insists such terminology interferes with real science requires an open and thoughtful debate about the reality of the claims made by zoocentric evolutionists.” (Lynn Margulis and Dorion Sagan, Acquiring Genomes: A Theory of the Origins of the Species, (Basic Books, 2003), p. 29).)

“É perigoso despertar a atenção para o fato de que não existe explicação satisfatória para a macroevolução. Alguém facilmente se torna alvo da biologia evolucionária ortodoxa e um falso amigo de proponentes de conceitos não científicos. Conforme a primeira, nós já conhecemos todos os princípios relevantes que explicam a complexidade e a diversidade da vida na Terra; para a última, a ciência e a pesquisa nunca serão capazes de fornecer uma explicação conclusiva, simplesmente porque a vida complexa não tem uma origem natural.” Günter Theißen, “The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology,” Theory in Biosciences, 124: 349-369, 2006.

“It is dangerous to raise attention to the fact that there is no satisfying explanation for macroevolution. One easily becomes a target of orthodox evolutionary biology and a false friend of proponents of non-scientific concepts. According to the former we already know all the relevant principles that explain the complexity and diversity of life on earth; for the latter science and research will never be able to provide a conclusive explanation, simply because complex life does not have a natural origin.” (Günter Theißen, “The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology,” Theory in Biosciences,124: 349-369, 2006.

“Nós temos sido informados por mais de um de nossos colegas que, mesmo que se Darwin estivesse substancialmente errado em afirmar que a seleção natural é o mecanismo da evolução, mesmo assim nós não deveríamos dizer isso. Não, de modo algum, dizer isso em público. Fazer isso, contudo, é se alinhar inadvertidamente, com a Forças do Mal, cujo objetivo é levar a Ciência ao descrédito.. … O neodarwinismo é aceito axiomaticamente; prossegue, literalmente, sem ser questionado. Uma visão que pareça contradizê-lo é, diretamente ou por implicação, rejeitado, quão plausível possa parecer o contrário. Departmentos completos, publicações científicas e centros de pesquisas operam agora neste princípio.” Jerry Fodor e Massimo Piattelli-Palmarini, What Darwin Got Wrong, Farrar, Straus and Giroux, 2010, p. xx, xvi.

“We’ve been told by more than one of our colleagues that, even if Darwin was substantially wrong to claim that natural selection is the mechanism of evolution, nonetheless we shouldn’t say so. Not, anyhow, in public. To do that is, however inadvertently, to align oneself with the Forces of Darkness, whose goal is to bring Science into disrepute. … [N]eo-Darwinism is taken as axiomatic; it goes literally unquestioned. A view that looks to contradict it, either directly or by implication is ipso facto rejected, however plausible it may otherwise seem. Entire departments, journals and research centres now work on this principle.” (Jerry Fodor and Massimo Piattelli-Palmarini, What Darwin Got Wrong (Farrar, Straus and Giroux, 2010), pp. xx, xvi.)

Não se percebeu em Altenberg nenhum desejo de atacar a teoria evolucionária a partir da esquerda. Bem ao contrário – a preocupação política dominante foi um medo de ataque por parte dos fundamentalistas. Como Gould descobriu, os criacionistas pegam qualquer sinal de divisões na teoria evolucionária ou uma insatisfação com o Darwinismo. Nas duas últimas décadas, todo mundo tem tomado conhecimento disso, independentemente de sua satisfação ou não com a Síntese Moderna. “Você sempre se sente como se estivesse tentando cobrir sua retaguarda”, disse Love. “Se você criticar, é como dar munição a essas pessoas”. Assim, não critique de modo arrogante, disse Coyne: “As pessoas não devem suprimir suas diferenças para aplacar os criacionistas, mas para sugerir que o neodarwinismo alcançou algum tipo de ponto de crise nas mãos dos criacionistas”, disse ele.

John Whitfield, “Biological theory: Postmodern evolution?,” Nature, Vol. 455: 281-284, 7 de setembro de 2008

[T]here was no sense at Altenberg of a desire to attack evolutionary theory from the left. Quite the reverse — the dominant political concern was a fear of attack from fundamentalists. As Gould discovered, creationists seize on any hint of splits in evolutionary theory or dissatisfaction with Darwinism. In the past couple of decades, everyone has become keenly aware of this, regardless of their satisfaction or otherwise with the modern synthesis. “You always feel like you’re trying to cover your rear,” says Love. “If you criticize, it’s like handing ammunition to these folks.” So don’t criticize in a grandstanding way, says Coyne: “People shouldn’t suppress their differences to placate creationists, but to suggest that neo-Darwinism has reached some kind of crisis point plays into creationists’ hands,” he says.

John Whitfield, “Biological theory: Postmodern evolution?,” Nature, Vol. 455: 281-284, September 17, 2008.

Postado por Desafiando a Nomenklatura Científica

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Para mim, Jeph Simple, a TE não passa de uma superstição naturalista, por mais que isso pareça um paradoxo.