Jesus Apologista: Muitas Lições

Gostaria de publicar este excelente artigo do blog cristão Ler pra Crer .

 

Jesus foi um apologista?

Nos Evangelhos vemos Jesus utilizar uma variedade de métodos para comunicar as verdades espirituais. Sua vida exemplificou o próprio princípio que lemos na primeira carta de Pedro 3:15-16: “…estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.”
Embora Jesus não tenha dito textualmente “Eu fui chamado para ser um apologista e preciso realizar minha tarefa de maneira fiel”, Ele ofereceu razões, em várias ocasiões, a respeito de por que Ele é o Messias e Deus encarnado.
Vamos ver alguns de seus métodos e tentar aprender com eles:
1. Jesus fazia perguntas
Para começar, se você ler os Evangelhos, vai ver que Jesus fez 153 perguntas. Isso é algo que precisa ser praticado por todos os cristãos. Como cristãos, tendemos a ser grandes oradores, mas ouvintes pobres. Se  lermos a literatura rabínica, veremos que fazer perguntas é uma ocorrência comum. Em todas as minhas discussões com meus amigos que são céticos, tendo a fazer esta e outras perguntas: “Se o cristianismo for verdadeiro, você se tornaria um cristão?”

Em alguns casos, fazer perguntas ajuda a focar no problema real. Depois de algumas perguntas, fica evidente que muitas pessoas realmente não têm nenhuma intenção de se entregar a Deus. No final, nenhuma evidência realmente irá convencê-las. Em um caso pelo menos, eu mesmo ouvi um cético dizer que não queria que o cristianismo fosse verdade. É verdade que a fé bíblica envolve a pessoa inteira – o intelecto, as emoções e a vontade. Então, siga os métodos de Jesus e sempre tente chegar ao “coração” da questão.

2. Jesus recorria às evidências

Jesus sabia que não poderia aparecer em cena e não oferecer qualquer evidência de Seu caráter messiânico. Em seu livro sobre Jesus, Douglas Groothuis observa que Jesus recorreu a provas para confirmar as suas afirmações. João Batista, que foi morto na prisão depois de desafiar Herodes, enviou mensageiros a Jesus com a pergunta: “És tu aquele que estava para vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11:3). Isto pode parecer uma pergunta estranha de um homem que os evangelhos apresentam como o precursor profético de Jesus e como aquele que havia proclamado que Jesus era o Messias. Jesus, porém, não fez questão de repreender a João. Ele não disse “Você deve ter fé; suprimir suas dúvidas”. Em vez disso, Jesus apresentou as características distintivas do seu ministério:

“Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.” (Mateus 11:4-6; ver também Lucas 7:22)

Os ensinos e os atos de cura de Jesus se destinavam a servir como evidência positiva da sua identidade messiânica, porque cumpriam as predições messiânicas das Escrituras Hebraicas. O que Jesus disse é o seguinte:

1. Se alguém faz certos tipos de ações (os atos citados acima), então é o Messias.
2. Eu estou fazendo esses tipos de ações.
3. Portanto, eu sou o Messias.

3. Jesus apelou para Testemunho e Testemunhas

Porque Jesus era judeu, ele estava bem ciente dos princípios da Torá. O Dicionário Evangélico de Teologia de Baker (The Baker’s Evangelical Dictionary of Theology) observa  que o conceito bíblico de testemunho ou testemunha está intimamente ligado com o sentido legal convencional do Antigo Testamento de testemunho dado em um tribunal de justiça. Em ambos os Testamentos, ele aparece como o padrão primário para estabelecer e testar as alegações de verdade. Reivindicações subjetivas não certificáveis, opiniões e crenças, ao contrário, aparecem nas Escrituras como testemunho inadmissível.

Mesmo o depoimento de uma testemunha não é suficiente, já que para o testemunho ser aceitável, deve ser estabelecido por duas ou três testemunhas (Deut. 19:15). Em João 5:31-39 Jesus diz: “Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.”

Jesus declara que um auto-atestado pessoal, longe de prover verificação,  não confirma,  mas, ao contrário, gera falsificação. Vemos nesta passagem que Jesus diz que o testemunho de João Batista, o testemunho do Pai, o testemunho da Palavra (a Bíblia Hebraica) e o testemunho de suas obras testemunham da Sua messianidade. (1)

4. Ontologia: Ser e Fazer – As ações de Jesus

A ontologia é definida como o ramo da filosofia que analisa o estudo do ser ou da existência. Por exemplo, quando Jesus diz: “Quem me vê a mim, vê o Pai” (João 14:9), a ontologia faz perguntas como: “Está Jesus dizendo que Ele tem a mesma substância ou essência do Pai?” A ontologia é especialmente relevante em relação à Trindade, uma vez que cristãos ortodoxos são demandados a articular como o Pai, o Filho e o Espírito Santo são todos da mesma substância ou essência. Em relação à ontologia, o falecido estudioso judeu Abraham Heschel J. disse: “a ontologia bíblica não separa o ser do fazer.” Heshel continuou: “Aquele que é, age. O Deus de Israel é um Deus que age, um Deus de feitos poderosos.”(2) Jesus sempre recorre às Suas “obras”, que atestam a sua messianidade. Vemos isso nas seguintes Escrituras:

“Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou.” João 5:36

“Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai.” João 10:37-38

“Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu digo a você, eu não falo por minha própria iniciativa, mas o Pai, que reside em mim, realiza as suas obras miraculosas.” João 14:10

Os autores do Novo Testamento mostram que Jesus realiza as mesmas “obras” ou “atos”, como o Deus de Israel. Por exemplo, Jesus dá a vida eterna (Atos 4:12; Rom. 10:12-14), ressuscita os mortos (Lucas 7:11-17, João 5:21; 6:40), mostra a capacidade de julgar (Mateus 25:31-46, João 5:19-29, Atos 10:42, 1 Coríntios 4:4-5). Jesus também tem autoridade para perdoar pecados (Marcos 2:1-12, Lucas 24:47, Atos 5:31; Col. 3:13). Assim como o Deus de Israel, Jesus é identificado como eternamente existente (João 1:1; 8:58; 12:41; 17:5; 1 Coríntios 10:4;.. Fil. 2:6; Heb. 11:26.; 13:8; Judas 5), o objeto da fé salvadora (João 14:1, Atos 10:43; 16:31, Rom. 10:8-13) e o objeto de culto (Mt 14:33; 28.: 9,17; João 5:23; 20:28; Fil. 2:10-11, Heb. 1:6;. Apoc. 5:8-12).

5. Os Milagres de Jesus

Na Bíblia, os milagres têm um propósito diferente. Eles são usados por três razões:

1. Para glorificar a natureza de Deus (João 2:11; 11:40)
2. Para credenciar pessoas certas como os porta-vozes de Deus (Atos 2:22;. Heb. 2:3-4)
3. Para fornecer evidência para a crença em Deus (João 6:2, 14; 20:30-31). (3)

Nicodemos, membro do conselho de sentença judaica, o Sinédrio, disse a Jesus: “Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.” (João 3:1-2). Em Atos, Pedro disse à multidão que Jesus tinha sido “aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis.” (Atos 2:22).

Em Mateus 12:38-39, Jesus diz:  “Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.”

Nesta Escritura, Deus confirmou a alegação messiânica, quando Jesus disse que o sinal que iria confirmar sua messianidade seria a ressurreição.

É importante notar que nem todas as testemunhas de um milagre creem. Jesus não fez Seus milagres para entretenimento. Eles foram realizados para evocar uma resposta. Talvez Paul Moser tenha acertado naquilo que ele chama de “cardioteologia”- uma teologia que visa o coração motivacional de alguém (incluindo a própria vontade) ao invés de apenas sua mente ou suas emoções. Em outras palavras, Deus está muito interessado na transformação moral.

Vemos a frustração de Jesus quando Seus milagres não trouxeram a resposta correta de sua audiência. “E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele” (João 12:37). O próprio Jesus disse de alguns, “tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lucas 16:31). Um resultado, embora não o efeito, de milagres é a condenação do incrédulo (cf. João 12:31, 37). (4)

6. Jesus apelava à imaginação

Não é preciso ser cientista para ver que em muitas ocasiões Jesus também apelou para a imaginação. Basta ler as parábolas. Jesus sempre soube que poderia comunicar verdades espirituais dessa maneira.

7. Jesus recorreu à sua própria autoridade

Outra maneira usada por Jesus para apelar àqueles a sua volta era a sua própria autoridade. Os rabinos poderia falar em tomar sobre si o jugo da Torá ou o jugo do reino; Jesus disse: “Tomai o meu jugo, e aprendei de mim.” (Mt 11:29). Além disso, os rabinos poderiam dizer que se dois ou três homens se sentassem juntos, com as palavras da Torá entre eles, o Shekhiná (a própria presença de Deus) iria se debruçar sobre eles. Mas Jesus disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” (Mt 18:20). Os rabinos poderiam falar sobre serem perseguidos por amor de Deus, ou por amor do seu nome, ou por causa da Torá; Jesus falou sobre ser perseguido e até mesmo perder a vida por causa dEle. Lembre-se: os profetas poderiam pedir às pessoas para se voltarem para Deus, para virem a Deus a fim de descansar e receber ajuda. Jesus falou com uma nova autoridade profética, afirmando: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28). (5)

8. Jesus apelou para a autoridade da Bíblia hebraica

Jesus foi educado na Bíblia hebraica. Não pode ser mais evidente que Ele tinha uma visão muito elevada das Escrituras. Vemos o seguinte:

1. Jesus via-se como sendo revelado na Torá, nos Profetas e nos Salmos (Lc 24:44) (João 5:39).
2. Jesus ensinou que as Escrituras eram autoritárias: Jesus cita passagens da Torá na tentação no deserto (Mat. 4:1-11).
3. Jesus falou sobre como a Escritura (a Bíblia hebraica) é imperecível no Sermão da Montanha (Mateus 5:2-48).
4. Jesus também discutiu como a Escritura é infalível: (João 10:35)

Assim, podemos perguntar: Qual é a sua visão da Bíblia? Você a lê?

A conclusão, portanto, é a de que ao vermos alguns dos métodos apologéticos de Jesus, talvez possamos concordar com Douglas Groothuis quando afirma:

Nossa amostragem do raciocínio de Jesus, no entanto, questiona seriamente a acusação de que Jesus elogiava a fé acrítica em detrimento de argumentos racionais e de que não se importava com consistência lógica. Pelo contrário, Jesus nunca desconsiderou o funcionamento próprio e rigoroso de nossas mentes dadas por Deus. O seu ensino recorreu à pessoa inteira: à imaginação (parábolas), à vontade e à capacidade de raciocínio. Com toda sua honestidade em informar as excentricidades dos discípulos, os escritores dos Evangelhos nunca narraram uma situação em que Jesus foi intelectualmente contido ou superado em um argumento, nem Jesus jamais encorajou uma fé irracional ou mal informada por parte dos seus discípulos.

Referências:

1. Sproul, R.C, Gerstner, J. and A. Lindsey. Classical Apologetics: A Rational Defense of the Christian Faith and a Critique of Presuppositional Apologetics. Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing. 1984, 19.
2. Heschel., A.J. The Prophets. New York, N.Y: 1962 Reprint. Peabody MA: Hendrickson Publishers. 2003, 44.
3. Geisler, N. L., BECA, Grand Rapids, MI: Baker Book. 1999, 481.
4. Ibid.
5. Skarsaune, O., In The Shadow Of The Temple: Jewish Influences On Early Christianity. Downers Grove, ILL: Intervarsity Press. 2002, 331.

Fonte: Traduzido e adaptado de Ratio Christi – Eric Chabot (chab123.wordpress.com)

CIÊNCIA NO LIVRO DE JÓ Laurence A. Justice Jó 26:7

CAP 6 – CIÊNCIA NO LIVRO DE JÓ

A Palavra de Deus não é principalmente um livro de ciência. As Escrituras não foram planejadas para nos ensinar ciência física.

Não encontramos nenhum estudo formal sobre ciência na Bíblia e não devemos procurar tais estudos na Bíblia. No entanto, a Bíblia faz algumas declarações realmente científicas.

Nós realmente encontramos declarações e dicas sobre verdades científicas na Palavra de Deus.

Um astrônomo chamado Dr. Maurice Brackbill declarou, como resultado de seu estudo das Escrituras, que há 325 referências à ciência física nas Escrituras.

Os que promovem a teoria da evolução hoje muitas vezes afirmam que há muitos conflitos entre a Bíblia e os fatos científicos.

Isso simplesmente não é verdade. Não há nenhum conflito entre a ciência verdadeira e a Palavra de Deus! Nenhum fato comprovado da ciência entra em conflito com a Palavra de Deus.

Um dos problemas aqui é que alguns fatos científicos “tão chamados” não são de modo algum fatos, mas só teorias e hipóteses de homens.

Se o Deus que adoramos criou este universo e também inspirou as Escrituras, então temos de esperar que Ele seja correto em todas as declarações que Seu livro poderia fazer acerca da ciência física! E é exatamente isso o que encontramos nas páginas da Palavra de Deus!

Nesta mensagem, vamos examinar vários exemplos de declarações verdadeiramente científicas no livro de Jó e então examinar algumas em outras partes da Palavra de Deus.

Precisamos ter em mente aqui que os eventos registrados no livro de Jó ocorreram há cerca de 4.000 anos. Nesta mensagem, vamos examinar primeiro

A DECLARAÇÃO CIENTÍFICA NO TEXTO QUE ESTAMOS ESTUDANDO

O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.”

O que mantém a terra suspensa? O que a mantém em seu lugar no espaço?

Os antigos gregos criam que a terra era mantida suspensa nas costas e ombros de um homem bem forte chamado Atlas.

Atlas, assim pensava-se, ficava em pé na água, mas ninguém jamais disse o que é que havia debaixo da água o sustentando.

A mitologia hindu diz que a terra apóia-se nas costas de um elefante de pé em cima de uma tartaruga!

A ciência moderna descobriu que nenhum homem ou animal está segurando a terra, mas que é realmente a terra que está suspensa no espaço.

Jó 26:7 disse isso 4.000 anos atrás quando ele disse que Deus suspende a terra em cima do nada!

O norte estende sobre o vazio; e [Deus] suspende a terra sobre o nada.”

Essa declaração soa espantosamente como ciência no século 21 d.C, não é?

Jó diz que Deus suspende a terra em cima do nada — como uma bola de basquetebol no ar.

Ele a suspende em cima do nada ou literalmente em cima do vazio, sem nada visível apoiando-a.

Pelo poder do Deus onipotente a terra está firmemente fixa no lugar.

Podemos firmar os pés em cima da terra e confiar o peso de nossos corpos a algo que está suspenso em cima do nada!

Vê-se a onipotência de Deus no fato científico declarado neste texto hoje!

homem por sua própria capacidade não consegue manter suspensauma pena em cima de nada, mas Deus mantém suspenso o mundo inteiro em cima do nada!

Deus suspendeu não só a terra, mas também os outros planetas, o sol e a lua em cima do nada!

Deus suspendeu a terra no espaço e a preserva em sua órbita. A terra está suspensa pelo grande poder e providência de Deus.

O apóstolo Paulo diz em Hebreus 1:3 que a terra e todas as coisas são sustentadas pela Palavra do poder de Deus. Ele está falando de Cristo, Deus o Filho, aqui quando diz:

O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas”.

Paulo diz praticamente a mesma coisa em Colossenses 1:17 quando fala de Cristo e diz que “…todas as coisas subsistem por Ele” ou são mantidas juntas por Ele.

O texto que estamos examinando diz literalmente: “O norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada.”

Quanto Jó entendia disso? Será que essa declaração é exclusivamente inspiração de Deus? Vamos examinar nosso seguinte estudo:

ALGUNS OUTROS EXEMPLOS DE DECLARAÇÕES CIENTÍFICAS NO LIVRO DE JÓ

  1. As fontes no mar. Só durante minha vida a ciência descobriu que bem no fundo do oceano grandes fontes de água se esvaziam no mar.

Muitas delas contêm água quente e têm grande variedade de vida animal e vegetal vivendo perto de onde as fontes se esvaziam no mar.

Jó 38:16 falou dessas fontes no mar há quatro mil anos quando disse:

Ou entraste tu até às origens do mar, ou passeaste no mais profundo do abismo?”

Em Gênesis 7:11 Moisés mencionou essas fontes no mar em conexão com o dilúvio da época de Noé quando ele disse que as fontes do grande abismo se romperam.

No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia, se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram”.

  1. O peso do ar e das águas. A ciência moderna aprendeu que o ar tem peso e que a água tem peso.

A ciência aprendeu que a atmosfera pesa 6.35k por polegada cúbica no nível do mar e que um galão de água pesa 3.778k.

Jó 28:25 diz que Deus fez o vento e a água para terem peso.

Quando deu peso ao vento e tomou a medida das águas”.

Em seguida vamos considerar

ALGUNS EXEMPLOS DE DECLARAÇÕES CIENTÍFICAS EM OUTRAS PARTES DA PALAVRA DE DEUS

Por toda a palavra escrita de Deus encontramos declarações que estão em pleno acordo com os fatos da ciência moderna. Quero que examinemos aqui seis dessas declarações. A primeira é:

  1. O ciclo da água ou o que os cientistas chamam de ciclo hidrológico.

Esse ciclo tem relação com o modo como a água se precipita como chuva ou neve e então é drenada da terra pelo sistema fluvial e levada para o oceano.

Do oceano a água é elevada, pela evaporação, de volta ao céu e levada nas nuvens pelo vento de volta sobre a terra onde de novo se precipita e o ciclo começa tudo de novo.

Três termos científicos resumem esse ciclo da água: evaporação, condensação e precipitação.

Esse ciclo da água é um fato fundamental de um campo relativamente novo da ciência chamada meteorologia.

O ciclo da água é um fato aceito da ciência moderna, mas foi descrito de modo impressionante na Palavra de Deus por Salomão há 3.000 anos.

Eclesiastes 1:7 menciona o ciclo da água. Vamos até essa passagem:

Todos os ribeiros vão para o mar, e, contudo, o mar não se enche; para o lugar para onde os ribeiros vão, para aí tornam eles a ir”.

O livro de Jó acrescenta mais detalhes ao que Salomão diz acerca do ciclo da água em Eclesiastes 1:7. Leia agora Jó 26:8:

Prende as águas em densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas”.

Deus prende as águas nas nuvens como se elas fossem coletadas num odre de couro até que Ele tenha ocasião de usá-las.

Como a água vai dos oceanos até o céu? Vai dali mediante o processo que a ciência chama de evaporação.

A água em seu estado natural é 773 vezes mais pesada do que o ar. O vapor da água é mais leve do que o ar e naturalmente se eleva ou sobe. Deus forma os vapores da água da evaporação e os transforma em nuvens.

Do oceano, os vapores sobem, mas em grande parte não caem de novo no oceano, pois são levados em vez disso sobre a terra.

As nuvens de vapor de água são os meios pelos quais vastas quantidades de água podem ser carregadas de um lugar para outro no ar e provocadas a cair quando é necessário.

O maravilhoso método de Deus de transportar água é por meio das nuvens.

Os cientistas hoje calcularam que a quantidade média de vapor de água mantida no ar em qualquer tempo determinado é 54.460.000.000.000 toneladas.

É espantoso como uma substância tão leve como o vapor da água contenha tão vasta quantidade de água!

Já fiz viagens de avião através das nuvens quando estava chovendo embaixo, mas havia pouca evidência visível de que a água estava presente naquelas nuvens.

Se você nunca tivesse ouvido falar de evaporação, como você suspenderia 54.460.000.000.000 toneladas de água a 5 a 50.000m no ar e mantê-la ali suspensa?

Mas o que o homem nunca pode fazer, Deus faz todos os dias! Veja Jó 26:8 de novo:

Prende as águas em densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas”.

Deus forma as nuvens e preserva as águas coletadas nelas.

A nuvem não se rasga (ou se rompe) debaixo delas”, por causa do peso das águas.

A grande maravilha é que toda essa água possa, pesada como é, ser mantida ali suspensa sem explodir sobre a terra em grande destruição.

Apesar do vasto peso da água assim coletada nas nuvens pela evaporação, as nuvens porém não se rasgam nem se rompem por motivo desse peso.

Se Deus não prendesse as águas nas nuvens, elas irromperiam sobre a terra e provocariam devastação na terra.

As nuvens são constituídas de tal forma que apesar da quantidade de água contida nelas elas não irrompem e não despejam seu conteúdo num dilúvio vasto e destrutivo.

Que maravilha que tal quantidade de água seja suspensa no ar sem rasgar as nuvens e cair de uma vez só!

Em vez disso, Deus libera as águas gota por gota na chuva. Essa é sua misericórdia. Veja Jó 36:27-28.

Aqui Eliú também falou do ciclo da água e principalmente de Deus fazendo a água cair em gotas a partir do vapor nas nuvens.

Porque reúne as gotas das águas que derrama em chuva do seu vapor, a qual as nuvens destilam e gotejam sobre o homem abundantemente”.

As nuvens são acúmulos de vapor da água que se levanta da terra e é mantido em suspensão nas nuvens até que seja liberado gota a gota para regar a terra.

Que maravilha o fato de que essa água caia gota por gota em vez de cair como um dilúvio!

A existência desse ciclo da água é uma manifestação óbvia da sabedoria, poder e bondade de Deus!

Como Jó e Salomão conheciam essas coisas quando ninguém mais as sabia até mil anos mais tarde?

Um segundo exemplo de declarações científicas achadas em outro lugar na Palavra de Deus é a declaração que

  1. A terra é redonda em Isaías 40:22 que fala sobre “o círculo da terra”.

Isaías está falando sobre Deus quando diz neste versículo: “Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para Ele como gafanhotos; é Ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar;

A palavra hebraica que se traduz círculo aqui é a palavra khug e significa literalmente de forma esférica ou redonda.

Setecentos e cinqüenta anos antes do nascimento de Cristo Isaías havia dito que a terra é redonda!

Quando Isaías escreveu isso não havia um homem no mundo que cria que a terra era redonda.

Colombo cria que a terra era redonda e baseado nessa opinião ele navegou para o Ocidente em 1492 d.C. e descobriu o continente americano.

Levou 2.250 anos depois de Isaías para Colombo descobrir que a terra é redonda.

Um terceiro fato científico revelado na Palavra de Deus fora do livro de Jó é

3. A circuncisão deve ser realizada no oitavo dia de vida.

Deus ordenou, no ano 1.950 a.C., que Abraão circuncidasse seus filhos no oitavo dia de vida deles. Veja Gênesis 17:12:

O filho de oito dias, pois, será circuncidado, todo o homem nas vossas gerações; o nascido na casa, e o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da tua descendência.”.

Os recém-nascidos são de modo peculiar suscetíveis à hemorragia entre o segundo e quinto dia de vida.

A ciência médica aprendeu nos últimos cinqüenta anos que dois elementos de coagulação sangüínea, a vitamina K e a protrombina, não estão presentes em quantidades normais até o quinto ou sétimo dia de vida.

Portanto, o primeiro dia seguro para circuncidar um menino é o oitavo dia, o próprio dia que Deus ordenou que Abraão circuncidasse Isaque e todos os seus filhos.

A ciência médica sente orgulho dessa recente descoberta, mas Deus havia ordenado que Abraão circuncidasse seus filhos no oitavo dia em 1.950 a.C.!

Abraão não escolheu o oitavo dia depois de anos de testes e erros. Foi o dia ordenado pelo Criador da vitamina K e da protrombina.

Um quarto fato científico declarado em outra parte da Palavra de Deus é que

4. As estrelas dos céus são incontáveis.

Antes da invenção do telescópio no século décimo sétimo d.C., os cientistas achavam que sabiam quase o número exato de estrelas no universo.

Ptolomeu afirmou que havia 1.056 estrelas. Kleper mais tarde contou 1.005 estrelas.

Hoje se sabe que há mais de 100 bilhões de estrelas em nossa própria galáxia e há provavelmente inumeráveis outras galáxias como a nossa aí fora no espaço.

A maioria dos astrônomos hoje concorda em que não é humanamente possível contar as estrelas.

Jeremias disse no ano 600 a.C. que não dá para contar as estrelas do céu. Veja Jeremias 33:22:

Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim multiplicarei a descendência de Davi, Meu servo, e os levitas que ministram diante de Mim”.

Outra declaração ainda de fato científico encontramos na Palavra de Deus que

  1. A vida do corpo humano depende do sangue.

Foi só no final do século XVIII que o homem aprendeu que o sangue leva oxigênio às células do corpo e retira o dióxido de carbono e outros produtos desnecessários e assim essa vida está presa ao sangue.

Os médicos de George Washington realmente o fizeram sangrar até ele morrer, pois eles não entendiam que a vida do corpo humano depende do sangue.

Pensando que eles o estavam ajudando a vencer sua pneumonia, os médicos de Washington drenaram mais do que um litro de sangue de seu corpo doente e ele morreu.

Em Gênesis 9:4 Deus disse a Noé depois do dilúvio que a vida da carne está no sangue.

A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis”. O grande sentido desse fato é que o sangue, a vida de Jesus Cristo, o filho de Deus, foi entregue para fazer expiação em favor dos pecadores.

Outro fato científico que é realmente declarado várias vezes na Palavra de Deus está ligado ao que vou chamar de

  1. As leis sanitárias da nação de Israel.

Deus deu a Israel muitas leis a respeito de limpeza e higiene que não foram praticadas de novo até cerca de 150 anos atrás.

Essas leis religiosas tinham fatos científicos ocultos que funcionavam para que o povo de Israel tivesse boa saúde.

Essas leis de higiene que Deus deu a Israel impediam muitas doenças em Israel, embora Israel não entendesse nada de bacteriologia.

Por exemplo, Deuteronômio 23:12-14 exigia a eliminação sanitária de excrementos humanos por enterro.

Também terás um lugar fora do arraial, para onde sairás. E entre as tuas armas terás uma pá; e será que, quando estiveres assentado, fora, então com ela cavarás e, virando-te, cobrirás o que defecaste. Porquanto o SENHOR teu Deus anda no meio de teu arraial, para te livrar, e entregar a ti os teus inimigos; pelo que o teu arraial será santo, para que ele não veja coisa feia em ti, e se aparte de ti.”.

A prática de enterrar os excrementos impedia muitas doenças e envolvia um fato que os cientistas não haviam aprendido até talvez 150 anos.

Levítico 11:7-8 dá a lei sobre o porco na lista de animais impuros que não se deve comer.

Também o porco, porque tem unhas fendidas, e a fenda das unhas se divide em duas, mas não rumina; este vos será imundo. Das suas carnesnão comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; estes vos serão imundos.”.

Em Israel, não se podia comer certos animais, tais como porcos, pois eram cerimonialmente impuros.

Até o século XX, o homem não sabia que os porcos são portadores de parasitas perigosos.

Deus deu essa lei como lei religiosa que seu povo não poderia comer porco. Aqueles que obedeciam eram protegidos dos parasitas que vivem nos porcos, embora eles não soubessem disso.

A obediência a Deus sempre traz bênçãos, até mesmo bênçãos que não dá para identificar.

Hoje os porcos são criados em condições mais sanitárias e o porco é cozinhado bem a fim de matar os parasitas antes que eles entrem naqueles que comem porco.

CONCLUSÃO

A verdadeira ciência concorda com as Escrituras! As duas estão em harmonia.

Os fatos destroem a afirmação comum dos evolucionistas de que a Palavra de Deus e a ciência são incompatíveis.

Boa parte do que se chama ciência hoje é pura teoria, hipótese e suposição!

É bem importante que nos lembremos de que as teorias e os axiomas da ciência estão em constante mudança.

Todos os livros de ciência de 25 anos e até mesmo 10 anos atrás estão em muitos casos obsoletos e desatualizados, e os cientistas não os lêem mais!

A Palavra de Deus, porém, não mudou um centímetro durante todos os séculos. Toda sílaba da Palavra de Deus é ainda a mesma como quando foi escrita!

A Palavra de Deus é inerrante! Se não fosse, então não seria a Palavra de Deus!

Às vezes cientistas descrentes dirão que a ciência contradiz a Bíblia porque a Bíblia diz que o sol se levanta e se põe e a ciência mostra conclusivamente que não é desse jeito.

Em Jó e alguns outros livros bíblicos as Escrituras realmente falam do sol se levantando e se pondo tal qual as pessoas falam hoje diariamente, mas ninguém se engana com esse jeito de falar!

Esse é só o modo comum de expressar a passagem dos dias. Até mesmo cientistas usam essa terminologia em suas vidas diárias!

Uma das evidências mais impressionantes da inspiração das Escrituras são as muitas verdades científicas que permaneceram escondidas dentro de suas páginas por centenas e até mesmo milhares de anos, apenas para serem descobertas pelo estudo e pesquisas do homem nos últimos 150 anos aproximadamente.

À luz desses grandes fatos científicos revelados na santa Palavra de Deus, vamos admirar e louvar a Deus por sua grandeza, majestade e sabedoria.

Vamos dizer com o Salmo 145:3-6: “Grande é o SENHOR, e muito digno de louvor, e a sua grandeza inexcrutável. Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, e anunciarão as tuas proezas. Falarei da magnificência gloriosa da tua majestade e das tuas obras maravilhosas. E se falará da força dos teus feitos terríveis; e contarei a tua grandeza.”

Finalmente, amigo pecador, lembre-se de que Cristo o Criador e Sustentador deste mundo, o Deus grande, majestoso e totalmente sábio, é Aquele que é o Salvador dos pecadores.

Ele é Aquele com que deve se tratar se quiser ser perdoado de seus pecados e ser aceito na presença de Deus.

Ele é Aquele em cuja justiça deve se confiar para ser salvo. Se achegará a Deus confiando na justiça de Cristo hoje?

Ele ti salvará hoje se você quiser!

A não ser que indique o contrário, todas as citações bíblicas são da versão corrigida e revisada fiel ao texto original de João Ferreira de Almeida, da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Tradução: Julio Severo da Silva
Revisão: Joy Ellaina Gardner
 Edição:Calvin Gene Gardner

 

O Significado do Homem: Seu Dever e Seu Deleite (Gênesis 1:36-31, 2:4-25)

Study By: Bob Deffinbaugh

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Introdução

Durante várias semanas um caso um tanto assustador foi noticiado nos jornais. Suas implicações são quase inacreditáveis. O processo envolvia um senhor idoso que estava, aparentemente, um pouco senil, e que também fazia diálise. A família decidiu que o período de produtividade do velho senhor já tinha passado e que, se ele tivesse capacidade mental para raciocinar corretamente, teria desejado dar cabo de sua existência miserável. Hoje este homem poderia estar morto, se as enfermeiras que tinham se afeiçoado a ele, não tivessem protestado.

Vivemos numa época assustadora. Temos poderes tecnológicos e biológicos espantosos em nossas mãos, mas nenhuma base sólida ética ou moral para determinar como esses poderes devem ser usados. Não os usamos somente de forma conveniente e econômica para matar crianças ainda no ventre de suas mães, há, de fato também, sérias discussões a respeito da emissão de uma certidão de vida que declararia um bebê legalmente vivo, da mesma forma que há uma certidão de óbito para um bebê que está legalmente morto. Esta certidão não seria emitida até depois do nascimento da criança, quando uma bateria de testes poderia ser feita. Qualquer bebê “inferior”, ou potencialmente não produtivo, seria simplesmente rejeitado e não declarado “vivo” e assim descartado. Dizem que em alguns lugares do mundo o suicídio não é considerado crime e são dados conselhos para aqueles que desejam cometê-lo – mas não para convencê-los do erro de seus caminhos!

Nos dias em que o poder sobre a vida e a morte parece estar nas mãos dos homens como jamais esteve, encontramos nossa sociedade num vácuo moral no qual são tomadas essas decisões sobre a vida e a morte. As antigas questões filosóficas sobre o significado da vida não são mais simplesmente acadêmicas e intelectuais – são muito práticas e precisam ser respondidas.

À luz de tais coisas, jamais esses versos de Gênesis um e dois foram tão importantes quanto agora. Neles encontramos o significado do homem. Intitulei, então, esta mensagem “O Significado do Homem: Seu Dever e Seu Deleite”. Para entender corretamente esta passagem é preciso compreender os princípios eternos que devem determinar nossas decisões éticas e morais. Além disso, somos relembrados do que realmente faz nossas vidas valer a pena.

Ainda que já tenhamos tratado dos seis dias da criação de uma maneira geral, é importante entender a relação entre os três primeiros capítulos de Gênesis. O capítulo um resume a criação cronologicamente (de fato, os versos 1 a 3 do capítulo dois também devem ser inseridos aqui).

Deus criou os céus e a terra, e toda a vida em seis dias, enquanto no sétimo Ele descansou. O homem é descrito como a coroa da criação de Deus. Para manter um formato cronológico, apenas uma descrição geral da criação do homem é dada nos versos 26 a 31.

O capítulo dois retorna ao assunto da criação do homem com um relato muito mais detalhado. Longe de contradizer o capítulo um, como muitos estudiosos sugerem, ele largamente o complementa. Enquanto no capítulo um é afirmado que Deus criou o homem, homem e mulher (1:26-27), isso é descrito mais amplamente no capítulo dois. No capítulo um todas as plantas são dadas ao homem para mantimento (1:29-30), no capítulo dois o homem é colocado num adorável jardim (2:8-17). No capítulo um é dito ao homem para dominar sobre todas as criaturas de Deus (1:26-28), no segundo é dada ao homem a tarefa de dar nomes às criaturas de Deus (2:19-20). Contradições entre esses dois capítulos só podem ser inventadas, pois fica claro que o escritor do primeiro capítulo pretendia completar os detalhes no segundo.

Além do mais, o capítulo dois serve como introdução para o relato da queda no capítulo três. O capítulo dois nos dá o contexto para a queda do homem que é descrita no capítulo três. O jardim e as duas árvores, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (2:9) nos são apresentados. A mulher que estava para ser enganada também é apresentada no capítulo dois. Sem o capítulo dois o primeiro capítulo seria muito breve e distante e o terceiro chegaria até nós sem preparação.

Se o capítulo um está disposto em ordem cronológica – que está numa seqüência de sete dias, o capítulo dois não é cronológico, mas lógico. Claro que os eventos do capítulo dois se encaixam na ordem do capítulo um, mas o capítulo é mostrado de forma diferente. Se no capítulo um a criação é vista sob o ângulo de uma lente objetiva, o capítulo dois é visto sob o ângulo de uma lente teleobjetiva. No capítulo um o homem é encontrado no topo de uma pirâmide, como o coloca a atividade criativa de Deus. No capítulo dois o homem está no centro do círculo da atividade e interesse de Deus.

A Dignidade do Homem
(1:26:31)

Desde que o capítulo dois é construído sobre os detalhes básicos de 1:26-31, vamos começar por consi-derar esses versos mais cuidadosamente. O homem, como dissemos anteriormente, é a coroa do programa criativo de Deus. Isto fica evidente em muitos pormenores.

Primeiro, o homem é a última das criaturas de Deus. Todo o relato é montado para a criação do homem. Segundo, só o homem é criado à imagem de Deus. Enquanto há considerável discussão do que isso significa, muitas coisas estão implícitas no próprio texto. O homem é criado à imagem e semelhança de Deus em sua sexualidade.

“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn. 1:27)

Isso não quer dizer que Deus seja homem ou mulher, mas que Deus é ambos unidade e diversidade. O homem e a mulher no casamento se tornam um e ainda assim são distintos um do outro. Unidade na diversidade como refletida na relação do homem com sua mulher reflete uma faceta da personalidade de Deus.

Também, o homem, de alguma forma, é parecido com Deus naquilo que o distingue do mundo animal. O homem, enquanto distinto dos animais, é feito à imagem e semelhança de Deus. O que distingue o homem dos animais deve então ser uma parte de seu reflexo de Deus. A habilidade do homem de raciocinar, de se comunicar e de tomar decisões morais deve ser uma parte dessa distinção.

Ainda mais, o homem reflete a Deus no fato de que ele domina sobre a criação de Deus. Deus é o Dirigente Soberano do universo. Ele delegou uma pequena porção de Sua autoridade ao homem no domínio da criação. Nesse sentido, também, o homem reflete a Deus.

Repare também que é o homem e a mulher que dominam: “… dominem eles…” (Gn. 1:26, cf. v. 28).

Eles se refere ao homem e a mulher, não somente aos homens que Ele fez. Enquanto que Adão tem a função de liderar (como evidenciado em sua prioridade na criação36, seu ser a origem de sua esposa 37, e a nomeação de Eva38), a função de Eva era ser a auxiliadora de seu marido. Nesse sentido ambos estão no domínio da criação de Deus.

Mais um ponto deve ser destacado. Parece haver pouca dúvida de que na provisão que Deus deu ao homem para mantimento, só alimentos vegetarianos foram incluídos nessa época.

“E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. E a todos os animais da terra, e todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.” (Gn. 1:29-30)

Não foi até depois da queda, e talvez depois do dilúvio, que a carne foi dada como alimento ao homem (cf. Gn. 9:3-4). Derramar sangue só teria sentido depois da queda, como retrato da redenção que viria através do sangue de Cristo. No Milênio diremos:

“O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pós será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu Santo Monte, diz o Senhor.” (Is. 65:25).

Se compreendo corretamente as Escrituras, o Milênio será o retorno das coisas ao que eram antes da queda. Assim, no paraíso do Éden, Adão e Eva e o reino animal foram todos vegetarianos. Como, então, pode alguém falar de “sobrevivência do mais forte” até depois da criação de todas as coisas e da queda do homem?

Mas, mais importante que isso é o fato de que a dignidade e o valor do homem não são imputados por ele mesmo, mas são intrínsecos a ele como aquele que foi criado à imagem de Deus. O valor do homem está diretamente relacionado à sua origem. Não é de se admirar que hoje estejamos ouvindo tais propostas éticas e morais assustadoras.

Qualquer opinião a respeito da origem do homem que não o veja como produto do projeto e desígnio divino, não pode atribuir a ele o valor que Deus lhe dá. Para colocar de outra forma, nossa avaliação do homem é diretamente proporcional à nossa opinião a respeito de Deus.

Não sou profeta, meu amigo, mas me arrisco a dizer que nós, que somos chamados pelo nome de Cristo, vamos ter que nos levantar e ser contados nos dias por vir. Aborto, eutanásia e bioética, para citar apenas alguns poucos assuntos, estão exigindo padrões éticos e morais. O sólido princípio sobre o qual tais decisões devem ser tomadas, em minha opinião, é o fato de que todos os homens são criados à imagem de Deus.

Sob essa luz, agora posso ver porque nosso Senhor pôde resumir todo o Velho Testamento em dois mandamentos:

“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt. 22:37-40)

A atitude do futuro parece ser amar apenas aqueles “próximos” que são contribuidores na sociedade, apenas aqueles que podem ser considerados vantajosos. Quão diferente é o sistema de valores de nosso Deus, que disse:

“O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt. 25:40).

Em minha opinião, eis onde nós cristãos seremos colocados à prova. Alguns estão fortemente sugerindo que, aqueles que nosso Senhor chamou de “pequeninos”, são justamente aqueles que devem ser eliminados da sociedade. Possa Deus nos ajudar a ver que a dignidade do homem é aquela que é divinamente determinada.

O Dever do Homem
(2:4-17)

Enquanto Gênesis um descreve a progressão do caos para o cosmos, ou da desordem para a ordem, o capítulo dois segue um padrão diferente. Talvez a linha literária que permeie toda a passagem seja aquela da atividade criativa de Deus em complemento àquelas coisas que estão ausentes.

O verso 4 serve como introdução aos versos restantes 39. O verso 5 nos informa quais são as ausências que são supridas nos versos 6 e 7: sem arbusto, sem planta, sem chuva e sem o homem. Estas são preenchidas pela neblina (verso 6), pelos rios (versos 10 e 14), o homem (verso 7), e o jardim (versos 8 e 9).

A ausência dos versos 18 a 25 é simplesmente afirmada “nenhuma auxiliadora idônea para Adão” (cf. versos 18, 20). Esta auxiliadora é providenciada de uma linda maneira na parte final do capítulo dois.

Outra vez, deixe-me enfatizar que Moisés não pretendia nos dar aqui uma ordem cronológica dos eventos, mas uma ordem lógica.40 Seu propósito é mais especificamente descrito na criação do homem, de sua esposa, e o contexto no qual eles são colocados. Estes se tornam o fator chave na queda que ocorre no capítulo três.

Embora até agora não houvesse chovido, Deus providenciava a água que era necessária à vida das plantas. “Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.” (Gn. 2:6).

Há alguma discussão a respeito da palavra “neblina”. Poderia significar uma névoa ou neblina, como alguns afirmam.41 A Septuaginta usou a palavra grega pe,,ge,,, que significa “fonte”. Alguns entendem a palavra hebraica como sendo derivada de uma palavra suméria, se referindo a águas subterrâneas.42 Pode ser que fontes fluíssem para fora do solo e que a vegetação talvez fosse regada por irrigação ou canais. Isto poderia explicar, em parte, o trabalho de Adão na manutenção do jardim.

A água sendo suprida, Deus criou o jardim, que seria o lugar da morada do homem, e objeto de sua atenção. Era bem suprido com muitas árvores que proviam beleza e comida.

“Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” (Gênesis 2:9).

Especificamente duas árvores são mencionadas, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal.

Esta última árvore foi a única coisa proibida ao homem.

“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás,” (Gênesis 2:16-17).

É interessante que, aparentemente, só para Adão é dito por Deus que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não devia ser comido. Alguém pode conjecturar em como a ordem de Deus para Adão foi comunicada a Eva. Poderia isto explicar a avaliação imprecisa de Eva em 3:2-3?

O homem foi colocado dentro desse paraíso43. Apesar de certamente se regozijar nesse país das maravi-lhas, ele também estava lá para cultivá-lo. Olhe outra vez o verso 5:

“Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn. 2:5)

Quando colocado no jardim, Adão teve que trabalhar lá: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn. 2:15)

A criação de Adão é descrita mais amplamente em 2:7 do que no capítulo um. Ele foi formado44 do pó da terra. Ainda que isso seja um fato humilhante, é óbvio também que a origem do homem não é do mundo animal, nem o homem é criado da mesma maneira que os animais. Em parte, a dignidade de Adão provém do fato de que seu fôlego de vida foi soprado por Deus (verso 7).

Este não foi jardim mítico. Todas as partes da descrição deste paraíso nos levam a entender que foi um jardim real numa localização geográfica especial. São dados pontos de referência específicos. Quatro rios são nomeados, dois dos quais são conhecidos ainda hoje. Não deveríamos nos surpreender que pudessem ter ocorrido mudanças, especialmente depois do evento cataclísmico do dilúvio, o que tornaria impossível sua localização precisa.

O que acho mais interessante é que o paraíso do Éden foi um lugar um pouco diferente daquilo que visua-lizamos hoje. Prá começar, foi um lugar de trabalho. Os homens hoje pensam no paraíso como uma rede pendurada entre dois coqueiros numa ilha deserta, onde o trabalho nunca mais será encarado. Além do mais, o céu é tido como o fim de todas as proibições. O céu freqüentemente é confundido com hedonismo. É puro egocentrismo e auto-safisfação. Enquanto que o estado de Adão foi de beleza e felicidade, não se pode pensar que foi de prazer irrestrito. O fruto proibido também era uma parte do Paraíso. O céu não é experimentar todos os desejos, mas a satisfação de desejos benéficos e sadios.

A subserviência não é um conceito novo no Novo Testamento. Serviço significativo dá satisfação e significado à vida. Deus descreve Israel como um jardim cultivado, uma vinha (Isaías 5:1-2 ss). Jesus falou de si mesmo como uma Videira e nós como os ramos. O Pai ternamente cuida de Sua vinha (João 15:1 e ss). Paulo descreve o ministério como o trabalho de um lavrador (II Timóteo 2:6).

Ainda que a igreja do Novo Testamento possa ser melhor descrita como um rebanho, ainda assim a ima-gem do jardim não é inapropriada. Há um trabalho a ser feito pelo filho de Deus. E esse trabalho não é penoso, nenhum dever a ser relutantemente cumprido. É uma fonte de alegria e satisfação. Hoje muitos não têm senso real de sentido e propósito porque não estão fazendo o trabalho que Deus designou para que façam.

O Deleite do Homem
(2:18-25)

Ainda resta uma ausência. Agora há água adequada, a bela e generosa provisão do jardim, e o homem para cultivá-lo. Mas ainda não há uma companhia apropriada para o homem. Esta necessidade é encontrada nos versos 18 a 25.

O jardim, com seus prazeres e provisões para alimento e atividade significativa não era suficiente a menos que os deleites pudessem ser compartilhados. Deus daria a Adão aquilo que ele mais necessitava.

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2:18)

A companheira de Adão deveria ser uma criação muito especial, uma “auxiliadora idônea para ele” (verso 18). Ela deveria ser uma “auxiliadora”, não uma escrava, não uma inferior. A palavra hebraica ezer é muito in-teressante. Era uma palavra que Moisés obviamente gostava, pois Êxodo 18:4 diz que este foi o nome que ele deu a um de seus filhos.

“e o outro, Eliézer, pois disse: o Deus de meu pai foi a minha ajuda e me livrou da espada de Faraó.” (Êxodo 18:4).

Ainda três outras vezes encontramos ezer sendo usada por Moisés em Deuteronômio (33:7, 26, 29), e se refere a Deus como auxiliador do homem. Como também nos Salmos (20:2, 33:20, 70:5, 89:19, 115:9, 121:1-2, 124:8, 146:5).

A característica da palavra mais empregada no Velho Testamento é que o auxílio não implica absolutamente em inferioridade. De uma maneira compatível com seu uso, Deus está auxiliando o homem através da mu- lher. Que belo pensamento. Como isso é superior a algumas concepções.

Então, ela é também uma auxiliadora que “corresponde a” Adão. Em certa tradução se lê: “…Farei uma auxiliadora como ele.”45

Ainda que isto seja o que muitas vezes consideramos a mulher perfeita – alguém que é exatamente como nós, é precisamente o oposto da questão. Muitas vezes a incompatibilidade está no desígnio divino. Como Dwight Hervey Small corretamente observa:

A incompatibilidade é um dos propósitos do casamento! Deus designa conflitos e sobrecargas como lições para o crescimento espiritual. Estes existem para que haja submissão aos altos e santos propósitos.46

Assim como Eva foi feita para se ajustar a Adão de uma forma física, ela também o completava socialmente, intelectualmente, espiritualmente e emocionalmente.

Em conseqüência, quando aconselho àqueles que planejam se casar, não procuro descobrir tantas carac-terísticas semelhantes quanto possível. Em vez disso, preocupo-me com que cada parceiro tenha uma visão acurada do que o outro realmente é, e que eles se comprometam com o fato de que Deus os tenha unido permanentemente. O reconhecimento de que Deus fez o homem e a mulher diferentes por desígnio, e a determinação em atingir a unidade nessa diversidade é essencial para um casamento sadio.

Antes de criar sua contraparte, Deus primeiro aguçou o apetite de Adão. As criaturas que Deus criara agora são trazidas a Adão para que ele lhes dê nomes. Esta nomeação refletia o domínio de Adão sobre as criaturas, como Deus planejara (cf. 1:28). Isto provavelmente envolveu um cuidadoso estudo por parte de Adão para registrar as características particulares de cada criatura.47

Este processo de nomeação deve ter tomado algum tempo. No processo, Adão observaria que nenhuma simples criatura poderia preencher o vazio de sua vida. Mais ainda, eu usaria um pouco de santa imaginação para supor que Adão observou cada criatura com sua companheira, uma contraparte maravilhosamente designada. Adão deve ter percebido que ele, só ele, estava sem uma companheira.

Nesse momento de intensa necessidade e desejo, Deus colocou Adão num sono profundo48, e de sua costela e carne 49 formou a mulher 50 Ele então deu a mulher de presente ao homem.

Que excitamento há na resposta entusiástica de Adão:

“E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.” (Gênesis 2:23).

Gosto da maneira como a versão RVS traduz a resposta inicial de Adão: “…afinal…”51

Nessa expressão há uma mistura de alívio, êxtase e deleitosa surpresa. “Esta (pois Adão ainda não lhe tinha dado nome) é agora osso dos meus ossos e carne de minha carne” (verso 23a). O nome da companheira de Adão é mulher. A tradução em inglês agradavelmente capta o jogo de sons semelhantes. Em hebraico, homem seria pronunciado ‘ish; mulher seria ‘ishshah. Embora os sons sejam semelhantes, as raízes das duas palavras são diferentes. Convenientemente ‘ish pode vir de uma raiz paralela arábica, levando à idéia de “exercendo o poder”, enquanto o termo ‘ishshah pode ser derivado de um paralelo arábico, significando “ser suave”.52

O comentário divinamente inspirado do verso 24 é extremamente importante:

“Por isso deixa o homem pai e mãe e se uma à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gênesis 2:24).

Por este texto é imperativo que o homem deixe sua mãe e seu pai e se uma à sua mulher. Qual é a relação entre este mandamento de deixar e se unir e a criação da mulher? O verso 24 começa “Por isso…” Qual é a causa disto? Podemos compreender a razão apenas quando explicamos o mandamento. O homem deixa seus pais, não no sentido de evitar sua responsabilidade para com eles (cf. Mc. 7:10-13, Ef. 6:2-3), mas no sentido de ser dependente deles. Ele deve parar de viver sob sua liderança e começar a agir sozinho, como cabeça de um novo lar.53

A mulher não recebe o mesmo mandamento porque simplesmente ela é transferida de uma liderança para outra. Enquanto uma vez ela esteve sujeita a seu pai, agora ela está unida a seu marido. O homem, no entanto, tem uma transição mais difícil. Ele, como uma criança, era dependente e submisso a sua mãe e a seu pai.

Quando um homem se casa, ele deve passar pela transição mais radical de um dependente filho submisso para um líder independente (de seus pais), que age como o cabeça de seu lar.

Como muitos observam, a relação marido e mulher é permanente, enquanto a relação pai e filho é temporária. Mesmo se os pais forem relutantes em encerrar a relação dependente de seus filhos, o filho é responsável por fazê-lo. Falhar em agir assim é recusar uma espécie de vínculo necessário com sua esposa.

Agora, talvez, estejamos em posição de ver a relação deste mandamento com o relato da criação. Qual é a razão para sua menção aqui em Gênesis? Antes de mais nada, não há pais dos quais Adão e Eva tenham nascido. A origem de Eva é diretamente de seu marido, Adão. A união ou vínculo entre Adão e sua esposa, é a união que vem de uma só carne (a carne de Adão) e se torna uma só carne (numa união física). Esse vínculo é maior do que aquele entre pai e filho. Uma mulher, é claro, é o produto de seus pais, como o homem é dos seus. Mas a união original não envolvia pais, e a esposa era uma parte da carne de seu marido. Este primeiro casamento, então, é a evidência da primazia da relação marido e mulher sobre a relação pai e filho.

O último verso não é incidental. Ele nos diz muito do que precisamos saber. “Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.” (Gênesis 2:25).

Aprendemos, por exemplo, que o lado sexual desta relação era uma parte da experiência do paraíso. O sexo não se originou com ou depois da queda. A procriação e intimidade física foram intencionadas desde o princípio (cf. 1:28). Também vemos que o sexo podia ser apreciado em sua amplitude no plano divino. Desobediência a Deus não intensifica o prazer sexual; o diminui. Hoje, o mundo quer acreditar que inventou o sexo e que Deus apenas tenta impedi-lo. Mas sexo, sem Deus, não é o que poderia ou deveria ser.

Ignorância, se me perdoam dizê-lo, é felicidade. Em nossa geração somos bacanas, ou se preferir, sofisticados, apenas se sabemos (por experiência) tudo o que há para saber sobre sexo. “Que ingênuos são aqueles que nunca tiveram sexo antes do casamento”, somos levados a crer. Há muitas coisas que é melhor não saber. O sexo nunca foi tão apreciado como quando era uma doce ignorância.

A revelação posterior lança muita luz sobre este texto. Nosso Senhor, significativamente, cita o capítulo um e o capítulo dois de Gênesis como se fosse um único relato (Mt. 19:4-5), um golpe fatal aos críticos do documento original.

A origem divina do casamento significa que não é uma mera invenção social ou convenção, mas uma ins-tituição divina para o homem. Porque Deus une um homem e uma mulher em casamento, ela é uma união permanente: “O que Deus uniu, não o separe o homem.” (Mt. 19:6).

O fato de que Adão precedeu sua esposa na criação e de que Eva foi feita de Adão, também estabelece as razões pelas quais o marido está no exercício da liderança sobre sua mulher no casamento (cf. I Co. 11:8-9, I Tm. 2:13). O papel das mulheres na igreja não é apenas idéia de Paulo restrita ao tempo e à cultura dos cristãos de Corinto. O papel bíblico da mulher é estabelecido no relato bíblico da criação (cf. também I Co. 14:34).

Conclusão

Tendo considerado a passagem por partes, vamos voltar nossa atenção a ela como um todo. Nenhuma passagem, em toda a Bíblia, define tão concisamente as coisas que realmente contam na vida. O significado da vida somente pode ser compreendido em relação ao Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança. Ainda que esta passagem tenha sido distorcida devido à queda, aqueles que estão em Cristo estão sendo renovados à imagem de Cristo:

“e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” (Ef. 4:23-24)

“e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” (Cl. 3:10)

Além do mais, o sentido da vida do homem não é apenas encontrado na dignidade que Deus lhe dá como sendo criado à Sua imagem, mas no trabalho que Deus lhe dá para fazer. Muitas vezes os homens vêm o trabalho como maldição. Embora o trabalho tenha sido afetado pela queda (Gênesis 3:17-19), ele foi dado antes da queda e é um meio de bênçãos e realização se é feito como para o Senhor (cf. Cl. 3:22-24).

Por último, a instituição do casamento é dada por Deus para enriquecer profundamente nossas vidas. O trabalho que temos a fazer se torna muito mais rico e completo quando o compartilhamos com a contraparte que Deus nos dá. Eis, então, a verdadeira essência da vida – o reconhecimento de nossa dignidade divinamente ordenada, nosso dever e nosso deleite. Nosso valor, nosso trabalho, nossa esposa são todos fontes de grande bênção se forem “no Senhor”.


36 I Timóteo 2:13.

37 I Coríntios 11:8,12..

38 Gênesis 2:23.

39 “Hoje é um fato bem conhecido que o livro de Gênesis é dividido em 10 seções por seu próprio autor, que dá a cada uma o título de “estória” (toledo‚th); cf. 5:1; 6:9; 10:1; 11:10, 27; 25:12, 19; 36:1, (9); 37:2. Apenas esta circunstância, mais o uso do número dez redondo, apontariam definitivamente para o fato de que, aqui, a expressão “estes são toledo, th” deva também ser um cabeçalho. Em todos os outros exemplos de seu uso em outros livros o mesmo fato é observável; cf. Nm. 3:1; Rt 4:18; I Cr. 1:29; ele está sempre como um cabeçalho.” H. C. Leupold, Exposition of Genesis (Grand Rapids: Baker Book House, 1942), I, p. 110.

40 “O verso 4b nos leva de volta ao tempo da obra da criação, mais especificamente ao tempo antes da obra do terceiro dia começar, e chama nossa atenção para certos detalhes que, sendo detalhes, dificilmente teriam sido inseridos no capítulo um: o fato de que certos tipos de planta, isto é, as espécies que requerem um cuidado maior e mais atento por parte do homem, não tinham brotado. Aparentemente, toda a obra do terceiro dia está na mente do escritor.” Ibid., p.112.

“Tenho insistido muito que o primeiro capítulo seja entendido cronologicamente. O que é visto pela ordem de desenvolvimento e da progressão de pensamento. É visto também pela ênfase cronológica – primeiro dia, segundo, e assim por diante. Você não encontra isto no segundo capítulo de Gênesis. Ali, em vez de mostrar uma exposição em ordem cronológica, o Senhor está expondo os assuntos passo a passo para preparar para o relato da tentação.” E. J. Young, In The Beginning, (Carlisle, Pennsylvania, The Banner of Truth Trust, 1976), p. 70.

41 Tal parece ser o ponto de vista Leupold, I, pp. 113-114.

42 “O que entendemos por “ed”? Não uma neblina! A palavra está aparentemente relacionada à palavra suméria. Parece se referir a águas subterrâneas, e o que temos aqui ou é um rompimento de água de algum lugar abaixo do solo, ou possivelmente um rio transbordando de seu leito. Não acho que possamos ser dogmáticos aqui.” Young, pp. 67-68. Cf. Também Derek Kidner, Genesis (Chicago: InterVarsity Press, 1967), pp. 59-60.

43 “A palavra “Éden” em hebraico pode significar deleite ou prazer. Não estou certo de que é isto o que significa aqui. Há uma palavra suméria que significa estepe, ou planície, vasta planície, e a leste desta planície Deus plantou o jardim. Sem ser categórico dou minha opinião de que é isto o que “Éden” significa. Assim o jardim é plantado.” Young, p. 71.

44 “O verbo aqui empregado está mais de acordo com o caráter de “Senhor” de Deus; yatsar significa “moldar” ou “formar”. É a palavra que descreve especificamente a atividade do oleiro (Jr. 18:2 e ss). A idéia a ser enfatizada é aquela do cuidado especial e atenção pessoal que esse oleiro dá ao seu trabalho. Deus dá toques de Seu interesse no homem, Sua criatura, ao moldá-lo como Ele o faz.” Leupold, p. 115.

45 Cf. Leupold, p. 129.

46 Dwight Hervey Small, Design For Christian Marriage (Old Tappan, New Jersey: Fleming H. Revell, 1971), p. 58. Em outro lugar Small observa: “Como Elton Trueblood sugere, um casamento de sucesso não é aquele no qual duas pessoas, que combinam perfeitamente, encontram um ao outro e seguem adiante sempre felizes, por causa de sua afinidade inicial. É, em vez disso, um sistema por meio do qual pessoas que são pecaminosas e briguentas são então alcançadas por um sonho e um propósito maior do que eles mesmos, que trabalham ao longo dos anos, a despeito de repetidos desapontamentos, para tornar o sonho verdadeiro.” p. 28.

47 “Pois a expressão “dar nomes”, no uso hebraico da palavra “nome”, envolve uma designação expressiva da natureza ou caráter daquele que é nomeado. Esta não foi uma fábula rude, onde, de acordo com a opinião hebraica, os nomes para o futuro foram tirados de exclamações acidentais à vista de uma nova e estranha criatura.” Leupold, p. 131.

48 “Tardemah é, de fato, um “sono profundo”, não um estado de êxtase, como os tradutores gregos apresentam; nem um “transe hipnótico”(Skinner), pois vestígios de hipnose não são encontrados nas Escrituras. Um “transe”pode ser permissível. A raiz, no entanto, é aquela do verbo usado em referência a Jonas quando adormeceu profundamente durante a tempestade.” Ibid, p. 134.

49 “A palavra tsela traduzida por “costela”, definitivamente contém esse significado (contra V. Hofman), apesar de não ser necessário pensar apenas em osso puro; pois, sem dúvida, osso e carne foram usados por ela daquele homem que posteriormente disse: “osso dos meus ossos e carne da minha carne” (v. 23). Ibid.

50 “A atividade de Deus no modo de tomar a costela do homem é descrita como uma construção (wayyi ‘bhen). Antes de ser uma indicação da obra de um autor diferente, o verbo desenvolve a situação como sendo a mais apropriada. Não teria sido próprio usar yatsar, um verbo aplicável no caso do barro, não da carne. “Construir” aplica-se ao modelamento de uma estrutura de alguma importância; envolve esforço construtivo.” Ibid, p. 135.

51 Ou, como Leupold sugere “Agora, finalmente” (p. 136).

52 Leupold, pp. 136-137.

53 Creio que devemos ter muita cautela na aplicação do princípio de Bill Gothard “corrente de conselho”. Embora o sensato procurará conselho e alguns possam vir de seus pais, dependência é um perigo real. O problema não é tanto com o princípio, mas com a aplicação.

A Bíblia condena a poligamia?

Deus condena a poligamia. Dificilmente um cristão negaria essa afirmação. Mas se isso é verdade, então por que Deus permitiu que Salomão tivesse setecentas mulheres e trezentas concubinas, segundo consta em 1 Reis 11.3?

Norman Geisler e Thomas Howe apresentam uma resposta:

A monogamia é o padrão de Deus para os homens. Isso está claro nos seguintes fatos: (1) Desde o princípio Deus estabeleceu este padrão ao criar o relacionamento monogâmico de um homem com uma mulher, Adão e Eva (Gn 1:27; 2:21-25). (2) Esta ficou sendo a prática geral da raça humana (Gn 4:1), seguindo o exemplo estabelecido por Deus, até que o pecado a interrompeu (Gn 4:23). (3) A Lei de Moisés claramente ordena: “Tampouco para si multiplicará mulheres” (Dt 17:17). (4) A advertência contra a poligamia é repetida na própria passagem que dá o número das muitas mulheres de Salomão (1 Reis 11:2): “Não caseis com elas, nem casem elas convosco”. (5) Jesus reafirmou a intenção original de Deus ao citar esta passagem (Mt 19:4) e ao observar que Deus “os fez homem e mulher” e os juntou em casamento. (6) O NT enfatiza que “cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Co 7:2). (7) De igual forma, Paulo insistiu que o líder da igreja deveria ser “esposo de uma só mulher” (1 Tm 3:2; 12). (8) Na verdade, o casamento monogâmico é uma prefiguração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32).

A poligamia nunca foi estabelecida por Deus para nenhum povo, sob circunstância alguma. De fato, a Bíblia revela que Deus puniu severamente aqueles que a praticaram, como se pode ver pelo seguinte: (1) A primeira referência à poligamia ocorreu no contexto de uma sociedade pecadora em rebelião contra Deus, na qual o assassino “Lameque tomou para si duas esposas” (GN 4:19,23). (2) Deus repetidamente advertiu ou polígamos quanto às conseqüências de seus atos: “para que o seu coração se não desvie” de Deus (Dt 17:17; cf. 1 Rs 11:2). (3) Deus nunca ordenou a poligamia – como o divórcio, ele somente a permitiu por causa da dureza do coração do homem (Dt 24:1; Mt 19:8). (4) Todo praticante da poligamia na Bíblia, incluindo Davi e Salomão (1 Crônicas 14:3), pagou um alto preço por seu pecado. (5) Deus odeia a poligamia, assim como o divórcio, porque ela destrói o seu ideal para a família (cf. Ml 2:16).

Em resumo, a monogamia é ensinada na Bíblia de várias maneiras: (1) pelo exemplo precedente, já que Deus deu ao primeiro homem apenas uma mulher; (2) pela proporção, já que as quantidades de homens e mulheres que Deus traz ao mundo são praticamente iguais; (3) por preceito, já que tanto o AT como o NT a ordenam (veja os versículos acima); (4) pela punição, já que Deus puniu aqueles que violaram o seu padrão (1 Rs 11:2); e (5) por prefiguração, já que o casamento de um homem com uma mulher é uma tipologia de Cristo e sua noiva, a Igreja (Ef 5:31-32). Apenas porque a Bíblia relata o pecado de poligamia praticado por Salomão, não significa que Deus a aprove1.

Nota

1. GEISLER, Norman L e HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Traduzido por Milton Azevedo Andrade. São Paulo: Mundo Cristão, 1999. P. 191,192.

Havia Morte Antes de Adão?

Por Dr. John Ankerberg e Dr. Norman Geisler

Tradução: Juliana Cambiucci Pereira

Os defensores [do Criacionismo] da Terra Nova[1] negam que haveria morte antes da queda de Adão. Eles afirmam que a Bíblia declara que a morte veio apenas após Adão como resultado do seu pecado: “da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram” (Rom. 5:12; cf. 8:20-22).

Dr. Geisler responde dizendo que há vários problemas nesse argumento. Primeiro, Romanos 5:12 não diz que todos os animais morrem por causa do pecado de Adão, mas que apenas “todos os homens” morrem como conseqüência. Segundo, Romanos 8 não diz que os animais morrem como resultado do pecado de Adão, mas que apenas a criação “foi submetida à inutilidade” como resultado disso (v.20). Terceiro, se Adão comia qualquer coisa – e ele tinha que comer para sobreviver – então ao menos as plantas deveriam morrer antes do seu pecado. Quarto, e finalmente, a evidência de fósseis indica que os animais morriam antes dos humanos morrerem, de modo que o homem se encontra no topo do Estrato Geológico (mais recente), e os animais então em níveis inferiores do Estrato (mais antigos).

Deixe-me acrescentar alguns pensamentos adicionais aos que o Dr. Geisler escreveu:

Romanos 5:12 diz: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram”. Aqui aprendemos:

1) Através do ato de rebelião de Adão o pecado entrou no mundo.

2) A morte resultou do pecado – mas para quem?

3) A morte se difundiu por todos os homens.

4) A morte se difundiu por todos os homens porque todos pecaram.

5) Note, não diz que a morte se difundiu para todos os animais – e sim para todos os homens.

6) Além disso, que tipo de morte o Apóstolo Paulo fala? Lembre-se a Bíblia descreve 5 tipos de morte:

a) Morte física – a morte do corpo (Tiago 2:26)

b) Morte espiritual ou separação de Deus (Rom. 6:23; Ef. 4:18).

c) Morte eterna – a segunda morte (Ap. 20:14).

d) Morte para a lei (Rom. 7:14).

e) Morte para o pecado (Rom. 6:12)

Em Romanos 5:12, o Apóstolo se refere primariamente a “b” – morte espiritual. Genesis 2:15-17 nos diz o porquê:

O Senhor Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. E o Senhor Deus ordenou ao homem: ‘Coma livremente de qualquer árvore do jardim, mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá.

Deus disse especificamente para Adão e Eva que no dia em que eles comessem do fruto proibido eles certamente morreriam. Eles morreram fisicamente naquele dia? Não. Depois de pecarem, Adão e Eva continuavam caminhando. De fato, Adão viveu 930 anos de idade. Eles cultivaram a terra e tiveram filhos.

A morte especificada em Gênesis 2 e 3 por Paulo, em Romanos 5 deve ser a morte espiritual. Quando Adão pecou, ele instantaneamente “morreu” como Deus tinha dito. Ele permaneceu vivo de forma física, mental, voluntária e emocional, mas espiritualmente ele morreu. Isto é, o homem quebrou sua companhia harmoniosa com Deus e iniciou sua inclinação ou propensão ao pecado (seu lugar apropriado abaixo de Deus). Esta é a chamada “Doutrina do Pecado Original” (não um pecado em particular, mas a tendência inerente ao pecado entrou no reino humano quando o homem se tornou pecador por natureza).

Considerando:

1) A morte pelo pecado a que Paulo se refere não é equivalente à morte física. Se fosse, Adão e Eva teriam fisicamente morrido no dia em que comeram da árvore. A Bíblia fala primeiramente da morte espiritual resultando do pecado.

2) Apenas os humanos mereceram o título de “pecadores”. Apenas os humanos podem sofrer a morte através do pecado. Animais não pecam e não são chamados de pecadores na Bíblia. Além disso, não é oferecido aos animais o presente da vida eterna se eles se arrependerem.

3) A morte que Adão experimentou está cuidadosamente qualificada pelo Apóstolo Paulo em Romanos 5:12. Ele escreveu “a morte veio a todos os homens” – não para todas as plantas e animais – apenas para seres humanos.

Note também em Romanos 5:18 “Conseqüentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens.” Aqui, Paulo fala sobre a queda do homem, sua morte espiritual e separação de Deus e a salvação de Deus através da morte de Cristo para conceder a salvação que pode encobrir o pecado de todos os homens. Eles devem receber esse presente pela fé em Cristo.

4) Além da morte espiritual, o homem se tornou mortal, sujeito às misérias dessa vida, e excluído da possibilidade de existir fisicamente para sempre. Em outras palavras, como resultado da Queda, Deus condenou Adão a uma expectativa de vida limitada e ao fato certo da morte física no futuro. Deus retirou o acesso à árvore no jardim que dava a Adão e Eva o potencial para a vida física eterna. Como sabemos? As Escrituras nos dizem em Genese 3:22-24.

Então disse o Senhor Deus: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre“. Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.

Aparentemente, Adão e Eva tinham o potencial para a vida física eterna antes, e mesmo após pecarem. John MacArthur comentou em seu Estudo da Bíblia em relação a esses versos:

Deus disse ao homem que ele certamente morreria se comesse da árvore proibida. Mas a preocupação de Deus também pode ter sido de que o homem não vivesse para sempre em sua condição lamentável e amaldiçoada. Tomado no contexto mais amplo da Escritura, expulsar o homem e sua esposa do jardim foi um ato de graça misericordiosa prevenindo-os de serem sustentados para sempre pela árvore da vida.

Novamente, antes da Queda, Deus fez provisões para Adão e Eva sustentarem suas vidas físicas para sempre; mas após desobedecerem a Deus, não apenas lhes sucedeu a morte espiritual imediata, como também Deus os amaldiçoou e lhes disse que iriam, um dia, morrer fisicamente por terem sido excluídos da árvore da vida.

Em Gênesis 3:17-19 está escrito: “E ao homem declarou: ‘Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida. Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo. Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó, e ao pó voltará’.”

Todos os Cristãos acreditam que quando Adão e Eva pecaram, trouxeram a morte espiritual imediata e a certeza da futura morte física. Os Cristãos também acreditam que o pecado original veio à existência naquele tempo. Além disso, Cristo é o único meio para a condição pecaminosa do homem. Mas os fatos não autorizam que os Cristãos creiam que a vida animal e vegetal morressem apenas após Adão e Eva pecarem.

Mas como a Queda afetou a natureza? Qual é o significado de Romanos 8:20-22, onde isso se expressa: “Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade [futilidade], não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora;”

As palavras “futilidade” ou “vaidade” referem-se à inabilidade de alcançar um objetivo ou propósito. Toda a criação é personificada para ser, como foi, esperançosa pela transformação de sua maldição e seus efeitos. Por causa do pecado do homem, Deus amaldiçoou o universo físico e agora nenhuma parte da criação realiza inteiramente o propósito original de Deus.

Alguns interpretam esse verso dizendo que o pecado de Adão conduziu para dentro da criação todo o tipo de deterioração natural, dor e morte. Eles supõem que a lei da entropia que descreve a diminuição da ordem no universo, não tinha efeito até o pecado de Adão e Eva. Baseado nessa hipótese, o tempo entre a criação do universo e a queda de Adão e Eva deve ser breve para explicar por que as evidências físicas não mostram nenhum período em que a deterioração e a morte não estavam em operação.

Mas existem vários problemas com essa interpretação. Primeiro, se alguém sustenta a hipótese do dia de 24 horas, em que Deus levou seis dias para criar tudo, então, de acordo com Romanos 8:22, “toda a criação” deve incluir o universo e todas as estrelas. Mas se assim for, as estrelas não brilharam após o primeiro dia? Os físicos insistem que as estrelas estavam brilhando e que a entropia estava ocorrendo naquele ponto. Se esse for o caso, então a deterioração estava presente desde o primeiro dia.

Como o Dr. Hugh escreveu em The Genesis Question [A Questão de Gênesis]:

Quando consideramos que a segunda lei da termodinâmica é essencial para a existência da vida, essencial para a alimentação, mobilidade e outras atividades incontáveis que a maioria de nós concorda ser agradáveis e boas, não vemos razão para sugerir que a lei deve ser julgada como ruim. As leis da termodinâmica foram incluídas quando Deus declarou Sua criação como “muito boa” (Genesis 1:31).

Devemos ser cuidadosos, porém, para não confundir a criação muito boa de Deus com Sua melhor criação, ou mais especificamente, o objetivo final para Sua criação. Na nova criação não haverá leis da termodinâmica – nenhuma deterioração, nenhum frustração, nenhum gemido, nenhum sofrimento (veja Apocalipse 21:1-5). As leis da termodinâmica são boas, apesar do “sofrimento”, da “frustração” e “gemidos”, porque elas são parte da estratégia de Deus para preparar Sua criação a aproveitar as bênçãos e recompensas da nova criação.

Então, se Adão e Eva fizeram algum trabalho no Jardim, então uma perda de energia e uma certa quantidade de deterioração estava presente. Por quê? Porque o trabalho é essencial para a respiração, circulação do sangue, contração muscular e digestão do alimento. Esses são todos processos que virtualmente sustentam a vida. Adão estava trabalhando, supervisionando o Jardim do Éden (Gen. 2:15) antes de pecar. Então, Romanos 8:20-22 não poderia indicar que o pecado de Adão iniciou todo o processo de deterioração.

Quando Paulo se refere ao “gemido” da criação, a que outros efeitos da maldição ele se refere? Poderia ser que em Genesis 1:28 Deus ordenou ao homem que supervisionasse o ambiente, mas como o homem pecou, o ambiente foi arruinado. O efeito do homem no ambiente é aproximadamente análogo ao resultado de mandar uma criança de 2 anos de idade arrumar o armário. Deixado de lado, o armário se tornará menos arrumado devido à tendência natural à decadência e à desordem. Entretanto, tipicamente, a criança de 2 anos de idade irá apressar o processo de decadência e desordem. Isaias 24:5 descreve a destruição do planeta que resulta da insubordinação do ser humano a Deus. Da mesma forma como se deve esperar que uma criança de 2 anos cresça um pouco antes que ajude a arrumar o armário, a criação também espera que a raça humana experimente os resultados de Deus subjugar o problema do pecado.

Mesmo os pais da Igreja, como Orígenes, que viveram de 185 a 254 d.C., interpretaram Romanos 8:20-22 indicando que a decadência estava em vigor no mundo natural desde a criação do universo. Visto que Orígenes precedeu a descoberta científica das leis da termodinâmica e entropia (que inclui o princípio da decadência) por centenas de anos, está claro que ele não surgiu com sua interpretação como resultado de uma tentativa de adaptação às modernas teorias científicas de seu tempo.

Existem outras razões que nos dizem que a dor física e a decadência devem ter existido antes da Queda? Sim. Em Gênesis 3:16 Deus disse à Eva “Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos.”. Ele não diz “introduzir”. Ele diz, “aumentar” ou “multiplicar”, implicando que deve ter havido alguma dor em qualquer caso.

Como Philip Yancey mostrou tão claramente em seu livro Onde está Deus quando chega a dor? (Editora Vida), alguma dor é boa. É bom que quando eu coloco minha mão no fogo, a dor me avise do perigo. Se a dor não estivesse ali, não saberia que meus dedos estariam queimando. A dor é a maneira de Deus evitar que destruíssemos nós mesmos. Adão e Eva certamente tinham que usar o tato e podiam sentir dor no Jardim antes da Queda. Eles deveriam ter um sistema nervoso que os protegessem que qualquer perigo em seu ambiente no Jardim. Eles deveriam ser capazes de sentir a picada de uma abelha, ou que estavam se envenenando ou de serem furados por um espinho. Quando Adão e Eva pecaram, As conseqüências e o risco da dor e sacrifício não começaram, eles simplesmente aumentaram.

Enquanto o pecado que nós seres humanos cometemos causa naturalmente em nós uma reação negativa à decadência, ao trabalho, à morte física, à dor e ao sofrimento, e enquanto tudo isso está ultimamente ligado de alguma forma aos planos de Deus para conquistar o pecado permanentemente, não há nada nas Escrituras que nos force a concluir que nenhuma dessas entidades existiram antes do primeiro ato de rebelião de Adão contra Deus. Por outro lado, a revelação de Deus através da natureza fornece evidências decisivas de que alguns desses fatores existiram por um longo período antes da criação de Adão.

A Morte dos Animais: Como isso se relaciona com a Expiação?

Outra questão que emerge é esta. Se os animais morriam antes da Queda, isso não afeta a doutrina bíblica de Expiação? Alguns citam Hebreus 9:22, que diz, “De fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e sem derramamento de sangue não há perdão.” Eles interpretam esses versículos para dizer que “A base da mensagem do evangelho é que Deus trouxe morte e derramamento de sangue por causa do pecado. Se a morte e o derramamento de sangue de animais (ou do homem) existissem antes de Adão pecar, então toda a base da expiação – a base da redenção – é destruída.”

Mas essa é uma interpretação bíblica defeituosa. Embora seja verdade que não há remissão de pecado sem derramamento de sangue, o sangue de Cristo, não segue necessariamente que todo sangue derramado é para a remissão do pecado. Dizer que não houve derramamento de sangue antes do pecado é cometer os mesmo erros de interpretação bíblica feita por aqueles que reivindicam que não houve tempestade antes do Dilúvio de Gênesis.

Hebreus 10:1-4 explica que o sangue dos animais sacrificados não eliminará o pecado. O sacrifício pela morte de animais foi um retrato físico da morte espiritual causada pelo pecado, que necessitava da morte como um substituto para a expiação, bem como o prenúncio do último sacrifício eficaz que Deus, ele mesmo, um dia providenciaria. Desde que a pena para o pecado é a morte espiritual, nenhum sacrifício de animais poderia sequer reparar o pecado. O crime é espiritual, então a expiação tinha que ser feita por um ser espiritual.

O derramamento de sangue antes de Adão pecar não afeta ou prejudica, de nenhuma maneira, a doutrina da Expiação. Sustentar esta doutrina central não exige de forma alguma um cenário de criação em que nenhuma das criaturas de Deus recebeu um arranhão ou um sangramento de ferida antes do pecado de Adão e Eva. Mesmo em um ambiente natural ideal, os animais seriam constantemente arranhados, picados, machucados e mesmo mortos uns pelos outros e por eventos acidentais.


[1] Nota do Editor: Existem diversas interpretações para o significado de “dias” em Gênesis 1. O autor deste artigo critica a interpretação defendida pelos Criacionistas da Terra Nova, os quais afirmam que o mundo foi criado em seis dias literais de 24 horas.

O artigo original em inglês está no site do Ankerberg Theological Research Institute.

fonte do artigo : http://www.apologia.com.br/?p=513#more-513

Supostas contradições bíblicas – II

Antes de apontares uma contradição, convém saberes o que é uma contradição

Quando tratam do assunto das contradições bíblicas apontadas, Josh McDowell e Don Stewart, experientes apologistas cristãos, escrevem:

O que é uma contradição? O princípio da não-contradição, que é a base de todo pensamento lógico, afirma que uma coisa não pode ser ao mesmo tempo “a” e “não-a”. Em outras palavras, não pode estar chovendo e não-chovendo ao mesmo tempo…

Ao encontrar possíveis contradições, é de extrema importância lembrar que duas afirmações podem diferir entre si sem serem contraditórias. Algumas pessoas não sabem distinguir entre contradição e diferença. Por exemplo, o caso do cego em Jericó. Mateus relata como dois cegos encontraram Jesus, enquanto Marcos e Lucas citam somente um. Contudo, as duas afirmações não se negam, mas são complementares.

Suponha que você esteja falando com o prefeito e o chefe de polícia de sua cidade no prédio da prefeitura. Mais tarde você encontra um amigo e conta que falou com o prefeito. Depois encontra um outro amigo e lhe diz que falou com ambos, o prefeito e o chefe de polícia. Seus amigos ao compararem as informações, encontrarão uma aparente contradição. Mas não há nenhuma contradição. Se você tivesse contado ao primeiro amigo que você falou somente com o prefeito, você estaria contradizendo a afirmação que fez ao segundo. As afirmações que você realmente fez para o primeiro e segundo amigos são diferentes, mas não contraditórias.

Do mesmo modo, muitas afirmações bíblicas são deste tipo. Muitas pessoas pensam que encontram erros em passagens que não leram corretamente.” (McDowell, J. e Stewart, D. (1997), Respostas Àquelas Perguntas -O que os céticos perguntam sobre a fé cristã, Editora Candeia, primeira edição, pág. 228)

O Deus do Levítico

 

Crente que navegue pelos mais variados blogues anti-Deus tem de esperar encontrar, em todos eles, uma referência ao Levítico. Arrisco dizer que o Levítico é o livro preferido dos ateus para dizerem que Deus não é amor, mas sim homofóbico, psicótico, cruel, egoísta, repugnante, etc. Quando li o 1º capítulo do The God Delusion de Richard Dawkins, confesso que me doeu um pouco o coração, ao ler os adjectivos todos que ele atribui a Deus. Não estava habituado a formas tão desesperadas de mostrar que Deus não existe. Ele e outros acham-se com razão de fazer essas afirmações pois, afinal, um Deus que ordene, na sua lei, que os homossexuais devem morrer tem de ser repugnante mesmo.

No entanto, estas declarações são feitas por indivíduos que apenas lêem a Bíblia de modo superficial. Não reflectem nela! Apenas procuram “contradições” e “erros” que estejam ali à superfície, para depois poderem escrever um livro mostrando como o Deus da Bíblia não é um Deus de amor.

No post “Mais um contributo da Igreja Católica para um mundo melhor” do blogue O Número Primo (adoptei aquela política de não linkar sítios que não se relacionem com a minha lógica – interessados favor procurar no google), o Rui Passos Rocha deixa o seguinte comentário:
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“Não se deite com um homem como se deita com uma mulher. É repugnante” – cap. 18
Por “ser repugnante”, “terão de ser executados” – cap. 20
“Se um homem se deitar com a mulher e a mãe dela, comete perversidade. Tanto ele como elas [onde se inclui a mulher] serão queimados com fogo, para que não haja perversidade entre vocês” – cap. 20
“Se um homem se deitar com uma mulher durante a menstruação dela e com ela se envolver sexualmente, ambos serão eliminados do meio do seu povo, pois exposeram o sangramento dela” – cap. 20
“Os homens ou mulheres que, entre vocês, forem médiuns ou consultarem os espíritos, terão que ser executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte” – cap. 20

In Levítico
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O Rui acha incompreensível Deus mandar matar os homossexuais, os adúlteros, os sexualmente depravados e os espíritas. E porque é que o Rui e todos os outros que pensam como ele estão errados? Porque é que eles falham completamente a questão? Leiam as restantes partes!

Utilizo o nome do Rui mas isto serve para todos os que pensam como ele. Portanto, podes substituir o nome do Rui pelo teu!
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Se o Rui acha que são leis completamente incompreensível e ridículas…

Com que base, em que contexto o Rui julga Deus? A hipótese da Evolução fez com que o Rui vivesse no século XXI… separado dos tempos do Levítico por 60 séculos (de acordo com a cronologia bíblica). O Rui está a julgar Deus com as suas ideias domesticadas pelo século XXI, tendo por base a concepção de lei vigente nos dias actuais. Como é que se pode opinar sobre algo que foi escrito num contexto histórico-social completamente diferente dos nossos dias?

Em Deuteronómio 23:13 encontramos uma lei de higiene que faz rir qualquer um (a mim, pelo menos, fez-me rir quando a li pela primeira vez): “Entre os teus utensílios terás uma pá, e quando te assentares lá fora [fora do arraial], então com ela cavarás e, virando-te cobrirás o teu excremento“. Mas o que é isto? Deus a dizer a pessoas adultas que não se pode fazer bosta (literalmente) em qualquer lado e que é necessário cobri-la? Não é demasiado óbvio? Até o meu primo de 7 anos sabe que existem lugares próprios para fazer este tipo de coisas. Mas o meu primo de 7 anos vive num tempo completamente diferente, em condições diferentes daquelas pessoas do Levítico. Ele é ensinado, desde pequeno, que se faz chichi no pote em forma de carro do Noddy.

A numerosa população de judeus que saiu do Egipto sob o comando de Moisés estava ainda a aprender a viver em sociedade pois, ao contrário do que prega a Evolução, o Homem não existe há uns poucos milhões de anos! “Mas ó Sabino… os egípcios já viviam em sociedade e sabiam onde defecar!“. Mas os israelitas não estavam a viver em casas ou em grutas ou em cavernas. Eles estavam a viver no deserto! Nos tempos bíblicos, nunca uma população tão numerosa tinha vivido nestas condições. Não é de estranhar que a construção das pirâmides do Egipto ainda hoje continue a ser uma incógnita (há quem acredite que extra-terrestres as construíram – gente com formação académica). Como é possível construções tão majestosas surgirem em tempos tão remotos? Só muita gente mesmo poderia contribuir para a sua construção.

Se o nosso cérebro é um produto de milhões de anos, o resultado de processos impessoais e sem nenhum sentido, então porque é que “isto” que te parece errado e “aquilo” que te parece correcto na minha opinião é precisamente o oposto? Ei, não tenho culpa… eu vim do mesmo processo não direccionado que tu!

Um exemplo prático… há 80 anos a questão do aborto não se colocava. Pelo menos não tão incisivamente como nestes últimos anos. Tomando o exemplo de Portugal, hoje em dia já é legal abortar. Os nossos bisnetos certamente dirão: “A sério? No teu tempo havia quem não aceitasse o aborto? Foi preciso um (dois) referendo para ser legal praticá-lo? O pessoal da tua geração era mesmo quadrado!“. Apesar de haver sempre quem discorde, há assuntos que vão ficando banais ao longo dos tempos. Num enquadramento diferente, a questão da eutanásia é outro exemplo semelhante. O que para ti hoje é usual, para pessoas do século passado podia não ser. Da mesma forma, o que para ti hoje é afronta, para pessoas de gerações seguintes poderá ser normal.

O teu problema é não te imaginares na época em que o Levítico foi escrito. O teu problema é pensares que o contexto histórico-social do tempo de Moisés deve ser considerado igual ao teu.

 

Se o Rui acha que Deus é mau por fazer uma lei onde o homossexual deve ser morto…

Deus é mau e injusto? Não! Deus é verdadeiro e justo! Se alguém vir um pai ou uma mãe a dar 3 safanões ao filho de 9 anos não diz nada. Até dá vontade de rir. Já se for Deus, o Pai do Céu, não se pode tolerar pois ele diz ser bom e misericordioso. Eu sei que dá muito trabalho aos ateus pensarem nas palavras que lêem na Bíblia em vez de se limitarem a ler com a mente focada nas possíveis contradições, mas façam um esforço… vá lá.

Se não deres educação ao teu filho, desde pequeno, muito provavelmente vais ter um filho marginal ou rebelde. Os pais castigam os filhos para o seu bem, nunca deixando, contudo, de os amar. Assim é Deus, que é considerado o Pai da Sua criação, que também castiga os Seus filhos quando há necessidade (Nota: o povo tem tendência para dizer que todos são filhos de Deus, o que não é verdade. Criação de Deus é uma coisa, filho de Deus é outra coisa – consultar João 1:12 para tirar dúvidas).

Podemos pensar as leis apresentadas pelo Rui de outro ponto de vista. Não havia medicina naquele tempo sendo que a mínima infecção era irreversível (a não ser quando o próprio Deus operava – ver, por exemplo, Números 21:8). Desta forma, em meu entender, era necessário que o povo tivesse em mente os pesados castigos que lhes poderiam advir da sua desobediência. Nunca esquecer que estas leis tinham por trás o amor de Deus pelo seu povo. Estas leis de saúde e higiene (como aquela de enterrar a bosta fora do arraial) revelam o cuidado de um Deus minucioso, preocupado com o seu povo.

E acaso podes tu dizer que Deus foi injusto? Então pensa comigo: 1) se Ele criou estas leis porque via pessoas do Seu povo a praticar estes actos, então ele foi misericordioso porque não os castigou. Criou a lei e esqueceu a desobediência anterior à mesma; 2) Se Ele criou estas leis mas ninguém cometia estes actos então ele também não foi injusto porque não castigou ninguém. E mais… ele mostrou que sabia que alguém havia de colocar em mente estas práticas. Em nenhuma situação foi injusto. “Se existir algum espírita entre vós a pena é a morte, pois só eu sou Deus” era uma regra naquele tempo tal como hoje “se fizeres pirataria podes ficar até 3 anos na prisão“. A única diferença é mesmo a autoridade – num mundo com polícia podes escapar… com Deus não tens essa possibilidade.

É de salientar ainda o parêntese recto que o Rui faz nesta oração: “Se um homem tomar a mulher e a mãe dela, comete perversidade. Tanto ele como elas [onde se inclui a mulher] serão queimados com o fogo“. Ele dá a entender que é injusto a mulher do homem que também fornicou com a mãe ser morta. Sinceramente, não percebo qual a objecção aqui. Só se o Rui entende este versículo como se ele dissesse que o homem fornica com a mãe da sua mulher sem esta última saber. Não me parece que seja isso que o versículo diz. A mim parece-me, claramente, que se refere a quando o homem fornica com as duas, tendo estas pleno conhecimento do acto.

 

Mas Deus disse “Não matarás” e depois fez leis cujo castigo implicava a morte do transgressor…

A palavra hebraica usada neste mandamento é ratsach e aparece na Bíblia sempre que alguém: comete homicídio, mata de forma premeditada ou mata por ódio ou por reacção negativa (Foi o que Moisés fez quando matou o egípcio). Claro que estas questões linguísticas só fanáticos como eu sabem. Os ateus escrevem no Google Deus mandou matar?“, lêem os sites ateístas, abrem os blogues dos cristãos e atiram-lhes com isso à cara (no meu caso eu posso dizer -> como se isso afectasse a minha fé).

Deus é senhor da Sua criação. Ele tem o direito de castigar o Homem da maneira que quiser. Isto não quer dizer que Ele está a quebrar uma lei dada por Ele mesmo, uma vez que outra regra está em causa. O “Não matarás” é tão regra como o “Não se deite com um homem como se deita com uma mulher“, apesar de a primeira regra ter surgido nos 10 Mandamentos. Em nenhum lado da Bíblia Deus diz que as leis dos 10 Mandamentos são mais importantes ou são para serem mais cumpridas do que as restantes.

Para mostrar a estupidez e fanatismo ateísta, deixem-me colocar uma questão: nos Estados Unidos da América pratica-se, em alguns estados, a pena de morte. O homem ou homens que executam o infractor estão a matar uma pessoa, seja por que método for. Tu nunca vais dizer que eles também deveriam ser castigados por estarem a matar uma pessoa. Porquê? Porque é a autoridade que está a funcionar neste caso. Ele sabia o que lhe poderia acontecer por praticar o acto que o levou à condenação. O engraçado é que nas questões do Levítico os ateus já não acham a mesma coisa. “Então Deus diz para não matar e depois dá ordens para matar?”, dizem eles, irracionalmente.

Deus dá regras às pessoas para o seu próprio benefício. Isso é o que a maioria dos cépticos esquece. Pensam que Deus está apenas a ser caprichoso. Mas quando se dignam a analisar estas regras, pensando no devido contexto da época, vêem que elas têm uma razão de ser. Todos nós temos de respeitar certas regras, concordemos ou não com elas. Se as desrespeitarmos arriscamo-nos a sofrer as consequências. Era também isso que acontecia no tempo do Levítico.

Não cabe ao subordinado julgar se a autoridade está certa ou errada. Ele pode discordar, mas isso não invalida o facto de ele ter de se sujeitar a ela. Sejam pais, professores, polícias, governadores ou juízes. É ingenuidade pensares num mundo sem autoridades superiores, e é ingenuidade ainda maior pensares num Deus sem autoridade para julgar e condenar segundo os Seus (e não os teus) critérios de justiça.

Os filhos, quando pequenos, certamente não entendem muitas das ordens ou forma de proceder dos pais. E repara que eles estão apenas a poucos anos de serem adultos e de fazerem eles mesmos as coisas que não compreendiam quando putos. Visto isto, a que distância tu te consideras de Deus para achares que podes entender os Seus desígnios e julgá-los? Com que direito dizes tu que “esta parte da Bíblia é estúpida e ultrapassada”?

Mas se estas regras te fazem assim tanta confusão deixa-me dar-te uma boa notícia. Jesus Cristo disse que veio para cumprir a lei, pelo que se quiseres ter relações sexuais com a tua namorada enquanto ela está com o período, força. Já não tens de estar sujeito às leis de Moisés (notar que há certos princípios que continuam em vigor no Novo Testamento).
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“Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo?” (II Coríntios 2:16a)

“Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17)

Dificuldades Bíblicas e Respostas a Ateus .

Contradição bíblica ou demasiada falta de vontade para entenderes?

A maioria daqueles que dizem que a bíblia está cheia de contradições nunca a leu, a não ser com o único propósito de procurar contradições e de a criticar. A maioria destes ignora os contextos, tanto literários como histórico-sociais. No entanto, há aqueles que conseguem tirar a paciência a Jó. Há contradições apresentadas por alguns críticos que me deixam a pensar se ele estará a falar a sério, dado o absurdo da contradição apresentada.

Os críticos poderiam evitar muitas demonstrações de ignorância, em relação à bíblia, se levassem em conta o seguinte:
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1) Ter em conta se a passagem está a falar da mesma pessoa, assunto ou lugar. Por exemplo:

Em Génesis 6:14, Deus manda que a arca seja feita de madeira de gôfer: “Faze para ti uma arca de madeira de gôfer: farás compartimentos na arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora.” Mas em Êxodo 25:10 Deus manda que a arca seja feita de madeira de acácia: “Também farão uma arca de madeira ,de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura.” O nosso crítico ignora que as arcas mencionadas não são as mesmas, nem sequer têm a ver uma com a outra. A mencionada em Génesis é a arca de Noé, a de Êxodo é a arca da Aliança.
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2) Ter em conta se a passagem está a falar da mesma pessoa, assunto ou lugar, no mesmo período de tempo. Por exemplo:

Em Génesis 1:31, Deus diz que tudo o que fez era muito bom: “E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom“. Mas em Génesis 6:5 Deus diz que as coisas não eram assim tão boas: “Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente“. O nosso crítico ignora que as duas afirmações foram proferidas em alturas e circunstâncias diferentes, estando separadas por cerca de 1600 anos.
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3) Ter em conta se estamos a falar da mesma pessoa, assunto ou lugar, no mesmo período de tempo, no mesmo sentido. Por exemplo:

Em Actos 9:7, Paulo diz que os homens que viajavam com ele ouviram uma voz: “Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém“. Mas em Actos 22:9, a recontar a história, Paulo diz que os homens não ouviram nenhuma voz: “Os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo“. O nosso crítico não tem conhecimento de que a palavra “ouvir” pode ser usada com diferentes sentidos. Pode ser “ouvir” relativamente à audição (ex: Ouviste o que eu disse?) ou “ouvir” relativamente à compreensão (ex: Ouviste – percebeste – o que eu disse?).
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Se os críticos seguissem as dicas deste pequeno Manual de compreensão bíblica para principiantes, se calhar 80% das alegadas contradições nunca seriam avançadas.

Exatidão Histórica da Bíblia .

O advogado Irwin H. Linton, no seu livro A Lawyer Examines the Bible (Um Advogado Examina a Bíblia), faz a seguinte observação:

“Ao passo que os romances, as lendas e o testemunho falso tomam o cuidado de colocar os eventos narrados em algum lugar distante e em algum tempo indefinido, violando assim as primeiras regras que nós, advogados, aprendemos sobre o bom patrocínio duma causa em juízo, de que ‘a declaração precisa dar o tempo e o lugar’, as narrativas da Bíblia nos dão a data e o lugar das coisas narradas, com a máxima precisão.”

Para provar este ponto, Linton citou Lucas 3:1, 2. O escritor do Evangelho mencionou ali sete autoridades, a fim de especificar o tempo em que Jesus Cristo iniciou Seu ministério. Note os pormenores que Lucas forneceu nas seguintes palavras: “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judéia e Herodes era governante distrital da Galiléia, mas Filipe, seu irmão, era governante distrital do país da Ituréia e de Traconítis, e Lisânias era governante distrital de Abilene, nos dias do principal sacerdote Anás e de Caifás, veio a declaração de Deus a João, filho de Zacarias, no ermo.”

A Bíblia está cheia de pormenores similares. Além disso, partes dela, tais como os Evangelhos, foram escritas num período altamente desenvolvido da cultura judaica, grega e romana. Era uma época de advogados, escritores, administradores e outros semelhantes. Certamente, pois, se os pormenores encontrados nos Evangelhos e em outras partes da Bíblia não tivessem correspondido aos fatos, teriam sido expostos como fraudulentos. Mas os historiadores seculares confirmaram pontos tais como a existência de Jesus Cristo. Por exemplo, Tácito, historiador romano, escreveu a respeito de Jesus e Seus seguidores: “O autor deste seu nome [cristãos] foi Cristo, que no governo de Tibério foi condenado ao último suplício pelo procurador Pôncio Pilatos.” (Anais, Livro XV, 44, Clássicos Jackson) A exatidão histórica da Bíblia ajuda-nos a provar que ela é a dádiva de Deus para a humanidade.

 

Supostas Contradições Bíblicas – I

 

Enumerei algumas supostas contradições do Gênesis,com uma breve elucidação .

 

Como o autor de Gênesis podia saber o que aconteceu na criação, antes mesmo de ele existir?

 

A erudição tradicional cristã tem sustentado que os cinco primeiros livros da Bíblia foram escritos por Moisés. Os primeiros dois capítulos do livro de Gênesis descrevem os eventos da criação sob o enfoque de uma testemunha ocular. Entretanto, como poderia Moisés, ou qualquer outro ser humano, ter escrito esses capítulos, como observador desses fatos se ele nem ao menos existia?

Resposta: Todo o conhecimento dos sábios do Egito não poderia ter fornecido a Moisés, escritor de Gênesis, qualquer indício do processo da criação. Os mitos dos povos antigos, relativos à criação, não apresentavam nenhuma semelhança com aquilo que Moisés escreveu em Gênesis. Onde foi, então, que Moisés aprendeu todas estas coisas? Pelo visto, de alguém que estava presente naquela ocasião. É claro que houve uma testemunha ocular da criação – Deus, o próprio Criador. Estes capítulos, obviamente, são um registro da criação, que foi especificamente relatada por Yehowah a Moisés, por meio de uma revelação especial. A tendência para se fazer perguntas tais como: “Como o cronista poderia saber que os minerais precederam as plantas o estas, os animais?”, denuncia um preconceito contra o sobrenatural e uma recusa a considerar explicações alternativas, que não as propostas pela ciência naturalística.

O relato de Gênesis sobre a criação deve ter provindo de uma fonte a par dos eventos. O relato alista 10 principais estágios, na seguinte ordem: (1) um princípio; (2) uma terra primitiva em trevas, e envolta em pesados gases e em água; (3) a luz; (4) uma expansão ou atmosfera; (5) grandes áreas de terra seca; (6) plantas terrestres; (7) sol, lua e estrelas, tornando-se discerníveis na expansão, e o início das estações; (8) monstros marinhos e criaturas voadoras; (9) animais selváticos e domésticos, mamíferos; (10) o homem. A ciência concorda que tais estágios ocorreram nesta ordem geral. Quais são as probabilidades de o escritor de Gênesis ter apenas adivinhado esta ordem? As mesmas que o leitor teria de retirar duma caixa, ao acaso, os números de 1 a 10, em ordem consecutiva. As probabilidades de conseguir isso na primeira tentativa são de 1 em 3.628.800! Assim, não é realístico dizer que o escritor simplesmente alistou, por acaso, os eventos precedentes na ordem certa, sem obter tais fatos de outrem.

 

 GÊNESIS 1:14 – Como poderia haver luz antes de o sol ter sido criado?

 

PROBLEMA:O sol foi criado somente no quarto dia, contudo já havia luz no primeiro dia (1:3).

SOLUÇÃO: O sol não é a única fonte de luz no universo. Além disso, é possível que ele já existisse desde o primeiro dia, tendo somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da neblina) no quarto dia. Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível ver o sol.

 

Adão e Eva — Apenas um Mito?

 

GÊNESIS 1:27 – Adão e Eva foram pessoas reais, ou apenas um mito?

PROBLEMA: Muitos eruditos modernos consideram os primeiros capítulos de Gênesis como um mito, e não os tomam como históricos. Mas a Bíblia parece apresentar Adão e Eva como pessoas reais, que tiveram filhos, dos quais todo o restante da humanidade proveio (cf. Gn 5:lss).

SOLUÇÃO: Há uma boa evidência para crermos que Adão e Eva tenham sido pessoas reais. Primeiro, Gênesis 1-2 apresenta-os como pessoas reais, e até mesmo narra os importantes acontecimentos de suas vidas (o que é histórico). Segundo, eles tiveram filhos que foram pessoas reais, que também tiveram filhos reais (Gn 4:1,25; 5:1SS),

Terceiro, a mesma frase (“são estas as gerações de”) usada para registrar dados históricos posteriores em Gênesis (6:9; 9:12; 10:1, 32; 11:10, 27; 17:7, 9) é empregada com respeito a Adão e Eva (Gn 5:1).

 

Quarto, cronologias posteriores do AT colocam Adão no topo da lista (1 Cr 1:1).

Quinto, o NT põe Adão no início da lista dos antecedentes de Jesus (Lc 3:38). Sexto, Jesus referiu-se a Adão e Eva como os primeiros “macho e fêmea”, fazendo da união física deles a base do casamento (Mt 19:4). Sétimo, Romanos declara que a morte literalmente reinou no mundo trazida por um “Adão” literal (Rm 5:14). Oitavo, a comparação entre Adão (o “primeiro Adão”) e Cristo (o “último Adão”) em 1 Coríntios 15:45 manifesta que Adão é tomado literalmente como uma pessoa histórica. Nono, a declaração de Paulo de que “primeiro foi formado Adão, depois Eva” (1 Tm 2:13) revela que ele fala de uma pessoa real.

Décimo, é lógico que teve de haver um primeiro casal real de seres humanos, macho e fêmea, pois, caso contrário, a raça humana não teria como começar a existir. A Bíblia chama a esse casal, que de fato existiu, de “Adão e Eva”, e não há por que duvidar de sua real existência.

 

 

Deus Muda de Ideia?

 

GÊNESIS 8:21 – Deus mudou de idéia quanto a nunca mais destruir o mundo de novo?

PROBLEMA: De acordo com este versículo, depois do dilúvio, Deus prometeu: “… nem tomarei a ferir todo vivente, como fiz”. Entretanto, Pedro prediz que haverá um dia em que “os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pe 3:10).

SOLUÇÃO: Depois do dilúvio, Deus somente prometeu nunca mais destruir o mundo da mesma maneira como Ele tinha feito (Gn 9:11), ou seja, com água. O arco-íris é um símbolo perpétuo dessa promessa. A segunda destruição do mundo será com fogo, e não com água. O que vai acontecer é que “os elementos se desfarão abrasados” (2 Pe 3:10). Mesmo assim, naquele dia Deus não vai destruir todos os seres viventes. Os homens serão salvos em seus corpos físicos ressurretos e imperecíveis (1 Co 15:42).

 

Deus faz acepção de certas pessoas?

 

GÊNESIS 4:5 – Deus faz acepção de certas pessoas?

PROBLEMA: Nas Escrituras, Deus é apresentado como alguém para quem “não há acepção de pessoas” (Rm 2:11), e como quem “não faz acepção de pessoas” (Dt 10:17). Contudo, a Bíblia nos diz que “de Caim e de sua oferta [Deus] não se agradou” (Gn 4:5), o que parece uma contradição.

SOLUÇÃO: Antes de mais nada, Deus não faz acepção alguma de quem quer que seja, respeitando cada um pelo que é, por ser uma criatura feita à sua imagem e semelhança (Gn 1:27). Não fosse assim, ele estaria desrespeitando a si próprio. Quando a Bíblia diz que Deus não faz acepção de pessoas, ela quer dizer que ele não demonstra parcialidade alguma na aplicação da sua justiça. Como diz Deuteronômio 10, Deus “não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno” (v. 1.7). Em outras palavras, Deus é completamente justo e imparcial em seus procedimentos.

Entretanto, há um sentido em que Deus discrimina algumas pessoas, por causa de seus atos perversos. Ele não se agradou de Caim e de sua oferta (Gn 4:5) porque ela não foi oferecida com fé (Hb 11:4). A Bíblia fala ainda que Deus aborreceu Esaú (Ml 1:3) e odiou a obra dos nicolaítas (Ap 2:6), não por causa da pessoa ou das pessoas, mas por causa dos atos delas. Como João disse aos crentes de Éfeso, eles deveriam odiar “as obras dos nicolaítas” (Ap 2:6). Deus ama o pecador, mas odeia o pecado.

 

Deus Pode Ser Visto? — Gênesis 32:30

 

Deus declarou a Moisés: “homem nenhum verá a minha face, e viverá” (Êxodo 33:20; veja os comentários de João 1:18). Moisés recebeu a permissão para apenas ver Deus “pelas costas” (Êx 33:23). Contudo, a Bíblia nos informa que Moisés falou com Deus “face a face” (Dt 5:4), e o mesmo é dito com respeito a Jacó em Gênesis 32:30. Como então puderam eles falar face a face com Deus?

É possível um cego falar face a face com alguém, sem, contudo, ver a face dessa pessoa. A expressão “face a face” significa “pessoalmente”, ou “diretamente”, ou ainda “com intimidade”. Moisés teve esse tipo de relacionamento íntimo com Deus. Mas ele, assim como mortal algum, jamais viu a “face” (a essência) de Deus diretamente.