Teoria Em Crise? A Insatisfação E A Proliferação De Novas Articulações

Por Jonathan Wells | Evolution News

Nota do editor: Temos o prazer de apresentar uma nova série do biólogo Jonathan Wells perguntando:

“O darwinismo é uma teoria em crise?” Este é o terceiro post da série, que é uma adaptação do livro recente, The Comprehensive Guide to Science and Faith. Encontre a série completa aqui.

[Aqui nesse blog (Em Defesa do DI) você pode encontrar os dois primeiros artigos aqui e aqui.]

Uma revolução científica é alimentada em parte pela crescente insatisfação entre os adeptos do velho paradigma. Isso leva a novas versões dos fundamentos teóricos do paradigma. Em seu livro de 1962, A Estrutura das Revoluções Científicas, o filósofo da ciência Thomas Kuhn escreveu:

A proliferação de articulações concorrentes, a vontade de tentar qualquer coisa, a expressão de descontentamento explícito, o recurso à filosofia e ao debate sobre os fundamentos, tudo isso são sintomas de uma transição da pesquisa normal para a extraordinária. 1

▪️ Problemas sérios com a teoria de Darwin

Um número crescente de biólogos agora reconhece que há sérios problemas com a teoria evolutiva moderna. Em 2007, o biólogo e filósofo Massimo Pigliucci publicou um artigo perguntando se precisamos de “uma síntese evolutiva estendida” que vá além do neodarwinismo. 2

No ano seguinte, Pigliucci e 15 outros biólogos (nenhum deles defensores do design inteligente) reuniram-se no Instituto Konrad Lorenz para Pesquisa em Evolução e Cognição, ao norte de Viena, para discutir a questão. A jornalista científica Suzan Mazur chamou esse grupo de “Altenberg 16”. 3

Em 2010, o grupo publicou uma coletânea de seus ensaios. Os autores desafiaram a ideia darwiniana de que os organismos poderiam evoluir apenas pelo acúmulo gradual de pequenas variações preservadas pela seleção natural, e a ideia neodarwiniana de que o DNA é “o único agente de variação e unidade de herança”. 4

▪️ “Uma visão do século 21”

Em 2011, o biólogo James Shapiro (que não era um dos Altenberg 16 e não é um defensor do design inteligente) publicou um livro intitulado Evolution: A View from the 21st Century. Shapiro expôs um conceito que chamou de engenharia genética natural e forneceu evidências de que as células podem reorganizar seus genomas de maneira intencional. De acordo com Shapiro, muitos cientistas reagiram à frase “engenharia genética natural” da mesma forma que reagem ao design inteligente porque parece “violar os princípios do naturalismo que excluem qualquer papel para uma inteligência orientadora fora da natureza”. Mas Shapiro argumentou que

o conceito de engenharia genética natural guiada por células está bem dentro dos limites da ciência biológica do século XXI. Apesar dos preconceitos filosóficos generalizados, as células agora são razoavelmente vistas como operando teleologicamente: seus objetivos são sobrevivência, crescimento e reprodução. 5

Em 2015, a Nature publicou uma troca de pontos de vista entre cientistas que acreditavam que a teoria evolutiva precisa “repensar” e cientistas que acreditavam que está tudo bem como está. Aqueles que acreditavam que a teoria precisa ser repensada sugeriram que aqueles que a defendem podem ser “assombrados pelo espectro do design inteligente” e, portanto, querem “mostrar uma frente unida para aqueles hostis à ciência”. No entanto, o primeiro concluiu que descobertas recentes em vários campos exigem uma “mudança conceitual na biologia evolutiva”. 6

Esses mesmos cientistas também publicaram um artigo em Proceedings of the Royal Society of London, no qual eles propuseram “uma estrutura conceitual alternativa”, uma “síntese evolutiva estendida” que retém os fundamentos da teoria evolutiva “mas difere em sua ênfase no papel dos processos construtivos no desenvolvimento e na evolução”. 7

▪️ Um encontro incomum em Londres

Em 2016, um grupo internacional de biólogos organizou uma reunião pública para discutir uma síntese evolutiva estendida na Royal Society em Londres. O biólogo Gerd Müller abriu a reunião apontando que a atual teoria evolutiva falha em explicar (entre outras coisas) a origem de novas estruturas anatômicas (ou seja, macroevolução). A maioria dos outros oradores concordou que a teoria atual é inadequada, embora dois oradores a tenham defendido.

Nenhum dos palestrantes considerou o design inteligente uma opção. Um orador chegou a caricaturar o design inteligente como “Deus fez isso” e, a certa altura, outro participante deixou escapar: “Deus não – estamos excluindo Deus”. 8

Os defensores de uma síntese evolutiva estendida propuseram vários mecanismos que eles argumentaram serem ignorados ou subestimados na teoria atual, mas nenhum dos mecanismos propostos foi além da microevolução (pequenas mudanças dentro das espécies existentes). Ao final da reunião, ficou claro que nenhum dos palestrantes havia cumprido o desafio proposto por Müller no primeiro dia. 9

Um artigo de 2018 na Evolutionary Biology revisou algumas das articulações ainda concorrentes da teoria evolucionária. O artigo conclui perguntando se as contínuas “divisões conceituais e tensões explicativas” serão superadas. 10 Enquanto eles continuarem, no entanto, eles sugerem que uma revolução científica está em andamento.

Em seguida, “Teoria em Crise? Circulando as carroças.”


Notas

  1. Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, 2d ed., 91.
  2. Massimo Pigliucci, “Do we need an extended evolutionary synthesis?,” Evolution 61 (2007), 2743-2749.
  3. Suzan Mazur, The Altenberg 16: An Exposé of the Evolution Industry (Wellington, New Zealand: Scoop Media, 2009).
  4. Massimo Pigliucci and Gerd B. Müller, Evolution: The Extended Synthesis (Cambridge, MA: MIT Press, 2010).
  5. James A. Shapiro, Evolution: A View from the 21st Century (Upper Saddle River, NJ: FT Press Science, 2011), 134-137.
  6. Kevin Laland, Tobias Uller, Marc Feldman, Kim Sterelny, Gerd B. Müller, Armin Moczek, Eva Jablonka, John Odling-Smee, Gregory A. Wray, Hopi E. Hoekstra, Douglas J. Futuyma, Richard E. Lenski, Trudy F.C. Mackay, Dolph Schluter, and Joan E. Strassmann, “Does evolutionary theory need a rethink?” Nature 514 (2014), 161-164.
  7. Kevin N. Laland, Tobias Uller, Marcus W. Feldman, Kim Sterelny, Gerd B. Müller, Armin Moczek, Eva Jablonka, and John Odling-Smee, “The extended evolutionary synthesis: its structure, assumptions and predictions,” Proceedings of the Royal Society of London B 282 (2015), 20151019.
  8. Paul A. Nelson, “Specter of intelligent design emerges at the Royal Society meeting,” Evolution News & Views (November 8, 2016), https://evolutionnews.org/2016/11/specter_of_inte/ (accessed August 22, 2020).
  9. Paul A. Nelson and David Klinghoffer, “Scientists confirm: Darwinism is broken,” CNS News (December 13, 2016). https://www.cnsnews.com/commentary/david-klinghoffer/scientists-confirm-darwinism-broken (accessed August 22, 2020).
  10. Alejandro Fábregas-Tejeda and Francisco Vergara-Silva, “Hierarchy Theory of Evolution and the Extended Evolutionary Synthesis: Some Epistemic Bridges, Some Conceptual Rifts,” Evolutionary Biology 45 (2018), 127-139.

Barulho e Fúria no Laboratório de Microbiologia.

O microbiologista Didier Raoult, tempos atrás, proporcionou a fúria nos neo darwinistas.

 

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Resumo

Aos 59 anos, Didier Raoult é o microbiologista mais produtivo e influente da França, liderando uma equipe de 200 cientistas e estudantes da Universidade de Aix-Marseille. Ele descobriu ou co-descobriu dezenas de novas bactérias, e em 2003, atordoou colegas com um vírus de tamanho recorde, chamado Mimivirus, o primeiro membro de uma família que lança uma nova luz intrigante sobre a evolução dos vírus e da árvore da vida. Controverso e franco, Raoult publicou no ano passado um livro de ciência popular que declara que a teoria da evolução de Darwin está errada. E ele foi temporariamente proibido de publicar em uma dúzia de revistas de microbiologia importantes em 2006. Cientistas do laboratório de Raoult dizem que não querem trabalhar em nenhum outro lugar. No entanto, Raoult também é conhecido por suas inimizades e seu desdém por aqueles que discordam dele.

 


Science 02 Mar 2012:
Vol. 335, Issue 6072, pp. 1033-1035
DOI: 10.1126/science.335.6072.1033


 

Obs: O artigo completo da AAAS é pago.

Porque os darwinistas estão furiosos com o projeto ENCODE? Livnat explica.

Por Wallace Barbosa.

 

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Uma das maiores ambições do mundo científico é compreender o genoma humano (DNA) em sua totalidade, e um dos maiores passos nesse sentido foi o Projeto Genoma Humano, iniciado em 1988 [1]. Dada a complexidade do nosso DNA (e a tecnologia menos avançada da época), o primeiro esboço do genoma inteiro só veio a ser divulgado em 2000, levando mais 3 anos para a divulgação de sua forma definitiva [1].

Apesar de o genoma ter sido completamente mapeado, logo ficou claro que os cientistas não chegaram nem perto de atingir seu objetivo final. Dos mais de 3.2 bilhões de bases pareadas do nosso DNA, menos de 2% representa a região responsável por codificar proteínas (isto é, que possuem “instruções” sobre como “montá-las”) [2]. Ou seja, ~98% do DNA se mostrou um completo mistério e, graças ao pensamento darwinista, essa vasta região foi e ainda é rotulada como “junk DNA” (DNA lixo), mera “sucata” acumulada durante bilhões de anos de história e “experimentos” evolutivos.[3]

 

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A fim de elucidar a função dessa região, surgiu o projeto internacional ENCODE (Enciclopédia de Elementos do DNA) em 2003, contando com a participação de 27 institutos [4]. Em 2012, a bomba: em um artigo assinado por todos os líderes do projeto, divulgou-se que ao menos 80.4% do genoma humano é ativo, funcional [5][6]! Eu uso o termo “bomba” porque essa notícia se tornou o estopim de uma verdadeira controvérsia acadêmica, justamente por ter instigado a ira de um certo grupo… Sim, é claro que estou me referindo aos biólogos evolutivos, que logo publicaram críticas exasperadas contra o projeto ENCODE (contra o percentual citado acima e contra a afirmação de que “todos os livros didáticos estão errados[6], feita por um dos líderes do ENCODE), a exemplo de Dan Graur [6] e W. F. Doolitler [7], entre outros.

Aparentemente, o embate é motivado pela definição de “função” usada pela equipe do ENCODE (para eles, funcionalidade é atribuída a segmentos no genoma que codificam um produto definido (e.g. proteína ou RNA não-codificante (ncRNA)) ou demonstram uma assinatura bioquímica (segmentos onde proteínas se ligam; encontrados em regiões de cromatina aberta; localizados em regiões contendo acentuassomos (enhancers); segmentos que contenham uma região CpG metilada ou que sejam associados a histonas [5, 6]). Para Graur e colegas darwinistas, “função” significa uma região “conservada” pela seleção “purificadora” que não pode ser sujeita a mutações deletérias [6], encontrada em duas ou mais espécies próximas [8].

Todavia, como podemos ler nas palavras de Adi Livnat citadas na imagem, a disputa contra os 80% é claramente causada por sua incompatibilidade com o paradigma darwinista tradicional que impera desde os anos 30 (data de origem da síntese moderna), que defende que mutações benéficas que se acumulariam ao ponto de gerarem alguma função (e.g. um gene que produza uma proteína responsável por um fenótipo) seriam conservadas pela seleção natural. Mas, para gerar um só gene operante, muitas tentativas falhas ocorreriam, gerando um monte de sucata acumulada.

Desse modo, o apego dos darwinistas ao tal paradigma supera até a sede e respeito pelo progresso científico… E não estou blefando, como podemos ver nas palavras de Doolitle:

‘Eu sugerirei que nós, como biólogos, defendamos a concepção tradicional de função: a publicidade ao redor do ENCODE revela a extensão do quanto essa concepção tem erodido’[7]

Já Graur atesta que o ENCODE não oferece razões suficientes para:

‘Abandonar a concepção prevalente entre os biólogos evolutivos segundo a qual muito do genoma humano é desprovido de função’
[6]

Segundo esse pensamento anticientífico, eles predizem que a maior parte do junk DNA nunca sequer irá adquirir função alguma [9]! Imaginem o que seria da ciência se toda a comunidade levasse essa suposição darwinista a sério… Simplesmente todas as pesquisas seriam abandonadas, afinal, de que adianta pesquisar sucata inútil? Mas, diferente deles, pesquisadores biomédicos têm celebrado o projeto ENCODE, reconhecendo seu benefício potencial para a medicina. Marco Galasso et al. descrevem bem a importância do estudo dos ncRNAs:

‘Nos últimos anos se tornou claro que os ncRNAs estão envolvidos em muitos processos fisiológicos e contribuem na alteração molecular em casos patológicos. Inúmeras classes de ncRNAs, como o siRNA, microRNA, piRNA, snRNA e regiões transcritas ultra-conservadas têm participação em casos de câncer, doenças cardíacas, desordens auto-imunes, metabólicas e neurodegenerativas. NcRNAs possuem papel fundamental na regulação genética […]’ [10]

Em harmonia com o que é defendido pelos proponentes do Design Inteligente, Bhatia e Kleinjan [11] relatam:

‘O CONTROLE PRECISO da expressão de PROGRAMAS genéticos é crucial para o estabelecimento de diversos padrões de atividades gênicas necessárias para o desenvolvimento, modelagem e diferenciação de milhares de tipos de células de um organismo. A importância crucial das regiões não-codificantes é um fato bem estabelecido e depende de diversos grupos de fragmentos chamados de elementos cis-regulatórios […] Maior entendimento sobre o controle da expressão dos genes é de suma importância para a saúde humana, visto que defeitos nessa regulação são uma sabida causa significante de enfermidades.’

(Ênfase minha)

Os diversos danos que a evolução vem causando à ciência são algumas das maiores razões pelas quais nos manifestamos contra essa equivocada “teoria”. Os erros induzidos pelo darwinismo no passado (como é o caso das fraudes de Haeckel e o homem de Piltdown, etc; conceitos nocivos (e.g. órgãos “vestigiais”, eugenia e darwinismo social) e equívocos científicos (junk DNA)) são até perdoáveis; agora é inadmissível que darwinistas prossigam prejudicando a ciência em prol da manutenção dessa síntese falha e arcaica, tudo isso por obstinação e intriga contra o movimento do design inteligente, como apontado por J. Mattick e Dinger [3]:

‘Finalmente, sugerimos que a resistência contra os resultados do ENCODE é motivada também, em certos casos, pelo uso do conceito dúbio do junk DNA como evidência contra o design inteligente’.

E o furor dos darwinistas contra o ENCODE continua, inclusive nas redes sociais [12], mas nada vai barrar a noção revelada pelos dados do projeto, e múltiplos estudos paralelos continuam revelando funções relevantes, dezenas de ncRNAs fundamentais para a estabilidade do genoma e sua regulação, o que tem levado defensores da evolução, incluindo o próprio Adi Livnat, a defenderem a reforma ou substituição da síntese moderna. E, como sempre, o avanço dessas pesquisas (e da ciência em geral) somente reforçará ainda mais a noção do DI em todos os aspectos da biologia.

 

 

Referências

[1] The Human Genome Project Completion: Frequently Asked Questions. <https://www.genome.gov/11006943>

[2] Cory McLean and Gill Bejerano. Dispensability of mammalian DNA. Genome Res. Oct 2, 2008; doi: 10.1101/gr.080184.108

[3] J S Mattick, M E Dinger. The extent of functionality in the human genome. The HUGO Journal 2013, 7:2 doi:10.1186/1877-6566-7-2

[4] The ENCODE Project Consortium (2011) A User’s Guide to the Encyclopedia of DNA Elements (ENCODE). PLoS Biol 9(4): e1001046. doi:10.1371/
journal.pbio.1001046

[5] The ENCODE Project Consortium (2012) An integrated encyclopedia of DNA
elements in the human genome. Nature. 2012 Sep 6;489(7414):57-74 doi:10.1038/nature11247

[6] Dan Graur, Yichen Zheng, Nicholas Price, Ricardo B.R. Azevedo, Rebecca A. Zufall, and Eran Elhaik (2013). On the Immortality of Television Sets: “Function” in the Human Genome According to the Evolution-Free Gospel of ENCODE. Genome Biol. Evol.5 (3):578–590. doi:10.1093/gbe/evt028

[7] W. Ford Doolittle (2012) Is junk DNA bunk? A critique of ENCODE. PNAS April 2, 2013 vol. 110 no. 14 5294-5300 doi: 10.1073/pnas.1221376110

[8] Manolis Kellis et al. Defining functional DNA elements in the human genome. PNAS April 29, 2014 vol. 111 no. 17 6131-6138 doi:10.1073/pnas.1318948111

[9] Garrido-Ramos (2015) Satellite DNA in Plants: More than Just Rubbish. Cytogenet Genome Res 2015;146:153-170 (DOI:10.1159/000437008)

[10] Marco Galasso, Maria Elena Sana and Stefano Volinia (2010) Non-coding RNAs: a key to future personalized molecular therapy? Genome Medicine 2010, 2:12 doi:10.1186/gm133

[11] Shipra Bhatia, Dirk A. Kleinjan. (2014) Disruption of long‑range gene regulation in human genetic disease: a kaleidoscope of general principles, diverse mechanisms and unique phenotypic consequences. Hum Genet DOI 10.1007/s00439-014-1424-6. Springer

[12] Chris Woolston. Furore over genome function. Nature 512, 9 (07 August 2014) doi:10.1038/512009e Published online 06 August 2014

NEUROCIÊNCIA NÃO MATERIALISTA: EVIDÊNCIAS DE UMA CONSCIÊNCIA ALÉM DO CÉREBRO

By Everton F. Alves (Web-Book)

 

Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso, um dos sistemas mais complexos do corpo humano. Tradicionalmente, a neurociência tem sido vista como um ramo da Biologia [1]. O termo “neurobiologia” geralmente é usado de modo alternado com o termo neurociência, embora o primeiro se refira especificamente a biologia do sistema nervoso, enquanto o último se refere à inteira ciência do sistema nervoso.

Nos últimos anos, a Neurociência tem assumido sua posição materialista, há muito já implícita. O materialismo científico tem decretado a morte da mente [2]. Aos poucos foi se substituindo o conceito de “mente” pelo de “cérebro”. Os materialistas acreditam que a mente não existe como uma entidade separada; é meramente um estado do cérebro, causada tão somente por neurônios e neuroquímica.

 

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É de se esperar que as explicações científicas acerca das maravilhas da mente humana e do cérebro encontrem respostas na teoria da evolução de Charles Darwin através dos mecanismos de seleção natural. Porém, não é bem o caso. Para Darwin, a mente foi um enorme problema por resolver. A única coisa que ele disse sobre isso invalida todas as suas hipóteses sobre a teoria evolutiva, que foi o produto (convicção) de sua mente. Em 1881, após refletir sobre o assunto, ele escreveu a William Graham:

Comigo a terrível dúvida sempre surge se as convicções da mente humana, as quais foram desenvolvidas a partir da mente de animais inferiores, são de algum valor ou de todo confiável. Qualquer um confiaria nas convicções da mente de um macaco, se houvesse alguma convicção em tal mente?[3].

Ainda assim, recentemente o biólogo neodarwinista Richard Dawkins afirmou: “É tremendamente difícil definir o que é consciência. Não existe consenso sobre isso. Mas, obviamente, a consciência evoluiu como uma propriedade emergente dos cérebros. Nós, seres humanos, temos consciência. Portanto, é certo que, em algum momento, nossos ancestrais obrigatoriamente desenvolveram consciência” [4: p.16].

O filósofo da mente John Searle já havia feito a seguinte alegação: “Sabemos que a consciência […] é causada por processos neurobiológicos bem específicos. Nós não sabemos os detalhes de como o cérebro faz isso, mas sabemos, por exemplo, que se você interferir com os processos em determinadas maneiras anestesia geral, ou um golpe na cabeça, por exemplo, o paciente fica inconsciente” [5]. Por sua vez, o neuropsicólogo Barry Beyerstein disse em uma entrevista que, “assim como os rins produzem urina, o cérebro produz a consciência[6].

No entanto, novas evidências têm contestado esse conceito clássico. Um novo campo de pesquisa tem surgido: a neurociência não materialista. Pesquisadores que a defendem dizem que “a mente existe e usa o cérebro, mas não é a mesma coisa que o cérebro” [7: p.358]. Esse campo de pesquisa tem contribuído para a compreensão de uma mente imaterial e separada do corpo, mas que ao mesmo tempo é capaz de controlá-lo através da dinâmica eletroquímica de seu cérebro, e usar as informações angariadas pelos sistemas sensoriais disponíveis.

Mas em que os neurocientistas não materialistas se baseiam para suas afirmações? Os argumentos seguem duas linhas de evidência. A primeira vem do fato de que certas manifestações de estados mentais (não físicos) podem influenciar os estados do cérebro, e a segunda, está relacionada à ausência de uma explicação materialista contemporânea satisfatória para a chamada experiência consciente.

Beauregard e O’leary, proponentes do design inteligente, afirmam que estados e conteúdos mentais comprovadamente afetam estados cerebrais [7]. De fato, em 2006, outro estudo já havia verificado que experiências subjetivas mudam a química do cérebro [8]. Os autores desse estudo demonstraram que nossa experiência subjetiva de interagir com o rosto de outras pessoas afeta uma região do córtex relacionada à percepção facial no cérebro do receptor.

Isso quer dizer que as mentes não poderiam estar totalmente instanciadas (criadas) no cérebro, nem nas relações deste com o ambiente e nem em nenhum lugar de nosso mundo físico. Mas o que vem a ser a mente? O que é a consciência? Seria a alma de um ser humano? Seria o fôlego de vida? Ou a sua fonte vital? Para os autores, as chamadas experiências religiosas, espirituais e místicas (EREM) podem realmente acontecer.

Em 2006, impulsionados por suas curiosidades sobre o que está acontecendo com o cérebro durante as EREM, Beauregard e Paquette estudaram as experiências espirituais de freiras carmelitas [9]. Para tanto, eles se utilizaram de estudo de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) com o objetivo de identificar os correlatos neurais durantes as EREM. Os pesquisadores descobriram uma coleção de áreas do cérebro que estavam mais ativadas durante as experiências, chegando à conclusão de que é mais provável que as freiras estivessem enfrentando diretamente realidades fora de si mesmas (além do cérebro material).

Mas além dessas, existem outras evidências de que a consciência e o Self (autoconsciência) não são meramente um processo físico do cérebro? Um estudo realizado pelo neurocirurgião Wilder Penfield estimulou eletricamente o cérebro de pacientes com epilepsia e descobriu que podia levá-los a mover seus braços ou pernas, virar suas cabeças ou olhos, falar ou engolir. Invariavelmente, o paciente iria responder, dizendo: “Eu não fiz isso. Você fez[10, 11]. O Dr. Penfield acrescenta: “o paciente pensa em si mesmo como tendo uma existência separada de seu corpo” e “não importa o quanto [se estimule] o córtex cerebral, […] não há nenhum lugar […] onde a estimulação elétrica fará com que um paciente acredite ou decida [algo] [10, 11]. Isso porque essas funções são originárias do Self, não do cérebro.

Roger Sperry e colaboradores estudaram a diferença entre os hemisférios cerebrais esquerdo e direito e descobriram também que a mente tem um poder causal independente das atividades do cérebro, o que os levou a concluir que o materialismo era falso [10, 12]. Outro estudo mostrou um atraso entre o tempo de um choque elétrico aplicado na pele, a sua chegada ao córtex cerebral e a percepção de autoconsciência da pessoa [10, 13]. Isto sugere que a experiência subjetiva é mais do que apenas uma máquina que reage aos estímulos recebidos pelo cérebro. O autor do estudo, Laurence Wood, disse que por essas e outras razões é que “Muitos cientistas do cérebro têm sido obrigados a postular a existência de uma mente imaterial, mesmo que eles não tenham uma crença em vida pós-morte”.

A neurociência tem contribuído significativamente com geração de dados neurofuncionais relativos às EREM. Andrew Newberg é considerado o pai de um novo ramo da neurociência que estuda os efeitos da espiritualidade no cérebro: a neuroteologia. Em 2009, ele publicou os resultados de uma investigação realizada ao longo de 15 anos, os quais analisaram por meio de tomografia cerebral – tomógrafo por SPECT – a atividade dos cérebros de religiosos de diversas crenças e ateus durante uma EREM (oração e meditação) [14]. Foram observados diferentes padrões de atividades neuronais entre crentes em um ser inteligente (chamando-o de Deus) e não crentes. Para Newberg, “Deus pode modificar seu cérebro, não importa se você é cristão ou judeu, mulçumano ou hinduísta, agnóstico ou ateu”; ademais, o cérebro é programado para acreditar em Deus, fato considerado fundamental para a sobrevivência da espécie humana.

Outra linha de pesquisa está associada à investigação dos fenômenos mediúnicos em que, supostamente, a consciência e a volição do médium estão atenuadas ou mesmo dissociadas. Em 2012, um estudo analisou o fluxo sanguíneo cerebral (CBF) de 10 médiuns brasileiros durante a prática de psicografia [15]. O método utilizado foi o de neuro-imageamento por meio da tomografia por emissão de fóton único. Os resultados mostraram uma diminuição na atividade nas redes atencionais durante a EREM, o que levou os cientistas a considerar mente e cérebro como coisas diferentes ao dizer que devemos: “melhorar a nossa compreensão da mente e sua relação com o cérebro” [15: p.7].

Além disso, existe uma linha de pesquisa na Neurociência não materialista relacionada às experiências de quase morte (EQM). Em 2013, um estudo norte-americano afirmou que EQM são tipos de EREM vívidas, realísticas, que frequentemente promovem mudanças profundas na vida de pessoas que estiveram fisiológica ou psicologicamente próximas da morte [16]. As EQM por vezes ocorrem durante uma parada cardíaca, na ausência de atividade cerebral detectável. Os autores da pesquisa revisaram estudos prospectivos e descobriram uma incidência média de 10% a 20% de EQM induzidas por paradas cardíacas.

Para os cientistas, pessoas que passaram por EQM, são mais propensas a mudanças de vida positivas que podem durar muitos anos após a experiência do que aquelas que não a tiveram [16]. Eles concluem que as teorias materialistas da mente não são capazes de explicar como pessoas que tiveram EQM podem vivenciar − enquanto seus corações estão parados e sua atividade cerebral aparentemente ausente – pensamentos vívidos e complexos e adquirir informações verídicas a respeito de objetos ou eventos distantes de seus corpos. Segundo essa linha de pesquisa, as EQM em paradas cardíacas sugerem que a mente não é gerada pelo cérebro e não está confinada a ele ou ao corpo.

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Por outro lado, a Neurociência não materialista pode fornecer outra explicação para essas EQM, tais como ser resultado da diminuição do fluxo sanguíneo no cérebro, o que provocaria alterações momentâneas na mente. Conforme o neurocientista norte-americano Kevin Nelson afirmou em uma entrevista: “Em casos de quase morte, os estados de consciência podem se misturar, provocando reações como paralisia e alucinações[17].

Ao mesmo passo em que o Dr. Nelson provê uma alternativa científica para as EQM, o neurocientista não descarta o papel da fé e da espiritualidade [18]. Ele acrescenta que: “Mesmo se nós soubéssemos o que faz cada molécula cerebral durante uma experiência de quase morte, ou qualquer outra experiência, o mistério da espiritualidade continuaria [17]. Nelson revela como nosso cérebro cria essas visões e diz que, apesar de tudo, ainda espera que exista vida após a morte.

A física quântica, que tem como base o hinduísmo, é outra linha de pesquisa da Neurociência não física, a qual nos diz que a realidade não é fixa – partículas subatômicas só passam a existir quando elas são observadas. Assim, em 2013, um estudo norte-americano analisou a consciência por meio de vários tipos de sistemas ópticos de dupla fenda [19]. A mecânica quântica, linha tomada como base para o estudo, sugere que exista uma consciência, e que ela pode desempenhar um papel fundamental na forma como o mundo físico se manifesta. Isso não significa que a consciência humana, literalmente, “criaria” a realidade, mas ela sugere que há mais consciência do que está implícito hoje nos livros didáticos.

Para os autores, o ato de observar um objeto cotidiano influenciaria as suas propriedades. Devido o objeto quântico ser extremamente reativo ao ato de observação, essa sensibilidade seria constatada sempre que um objeto quântico é medido, afirma os autores [19]. O ato de medir a sensibilidade de um objeto faz com que o comportamento das ondas quânticas mude o comportamento das partículas. Os autores salientam que foram realizados três experimentos: dois em que as pessoas tentaram influenciar objetos mentalmente em seu laboratório, e um envolvendo um teste semelhante realizado online. Todos os três experimentos mostraram resultados positivos consistentes com a proposta de von Neumann (pai da Física quântica) e com pesquisas anteriores.

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Em 2014, um estudo realizado por um neurocientista pró-DI explicou que o materialismo científico ainda é influente em certas esferas acadêmicas [2]. O autor examinou várias linhas de evidência empírica mostrando que o materialismo é incompleto e obsoleto. As evidências levantadas indicam que os humanos não podem ser reduzidos a impotentes máquinas biofísicas, uma vez que a psique influencia fortemente a atividade do cérebro e do corpo, e pode operar telosomaticamente. Com base nessas evidências, o autor elaborou e propôs a Teoria da Psychelementarity (ainda sem tradução).

Essa teoria sugere que a psique desempenha um papel primordial na forma como o universo funciona, o equivalente a matéria, energia e espaço-tempo [2]. Além disso, afirma que a psique não pode ser reduzida a processos físicos ou a uma posição reducionista. A teoria abrange uma série de fenômenos psicofísicos supostamente bem estudados, que são reinterpretadas à luz de uma perspectiva pós-materialista. Também inclui fenômenos anômalos que são rejeitados pelos materialistas.

Foi confrontando essa constante rejeição que, em 2014, oito cientistas internacionais de diversas áreas, incluindo o cientista psiquiátrico brasileiro Alexander Moreira-Almeida, publicaram o “Manifesto pela ciência pós-materialista”, aberto para assinaturas [20]. Trata-se de um convite direto para que a ciência não se deixe emperrar pelo dogmatismo que se formou em torno do paradigma convencionalmente chamado de “materialismo científico”. O manifesto reconhece os tremendos avanços da ciência materialista, mas admite que a dominância desta filosofia nos meios acadêmicos e universitários chegou a ponto de ser prejudicial, em especial ao estudo da consciência e da espiritualidade.

De fato, é incrível o poder que o materialismo científico tem nas academias e o seu discurso reduzido à matéria. Mas se realmente apenas a matéria existisse, então nós seríamos capazes de pegar toda a matéria do corpo humano e, a partir dela, criar vida. Como Geisler e Turek colocam: “Certamente existe na vida alguma coisa além do material. Que materialista pode explicar por que um corpo está vivo e o outro está morto? Ambos contêm os mesmos elementos químicos. Por que um corpo está vivo num minuto e morre no minuto seguinte? Que combinação de materiais pode ser responsável pela consciência?” [21: p.96].

Como o filósofo Geoffrey Madell disse: “O surgimento da consciência, então, é um mistério, e ao qual o materialismo falha em fornecer uma resposta” [22: p.141]. Assim, as evidências indicam que a mente é o agente mais eficaz de mudança para o cérebro. É certo que existem várias linhas de pesquisa, e estudos produzidos a partir delas, acerca da ciência do cérebro imaterial na literatura disponível. Entretanto, neste capítulo, procuramos apresentar apenas algumas dessas linhas.

Todavia vale ressaltar que, embora a neurociência não materialista ainda não consiga responder a todas as perguntas relacionadas ao efeito placebo ou aos problemas psicológicos incapacitantes graves, tais como as fobias e transtorno obsessivo-compulsivo, ela libera o cientista a estudar a questão em apreço, abrindo portas para novas investigações sobre como a mente funciona e para o futuro da pesquisa em Neurociência.

Quer saber mais? Acesse o eBook e venha conhecer a assinatura de um projeto intencional nas estruturas biológicas complexas presentes na natureza e nos seres vivos.

 

REFERÊNCIAS

[1] Hoppen NHF. A neurociências no Brasil de 2006 a 2013, indexada na Web of Science: produção científica, colaboração e impacto. Dissertação (Comunicação e Informação). Porto Alegre: UFRGS, 2014.

[2] Beauregard M. The Primordial Psyche. Journal of Consciousness Studies 2014; 21(7–8):132–57.

[3] Charles Darwin to William Graham, Darwin Correspondence Project, Letter No. 13230, dated July 3rd, 1881. Disponível em: http://www.darwinproject.ac.uk/entry-13230

[4] Entrevista concedida por Richard Dawkins. Maravilhe-se com o universo. [27 Mai. 2015]. Entrevistador: André Petry. Revista Veja, edição 2427, ano 48, n. 21, 2015.

[5] Réplica de John Searle ao artigo de David J. Chalmers: “’Consciousness and the Philosophers’: An Exchange”. [Mai. 1997]. The New York Review of Books, 1997. Disponível em:  http://www.nybooks.com/…/consciousness-and-the-philosopher…/

[6] Entrevista concedida por Barry Beyerstein. Do Brains make minds? Série: Closer to Truth. Entrevistador e escritor do programa: Dr. Robert Lawrence Kuhn. Produzido pela Fundação Kuhn e Getzels Gordon Productions, 2000. Disponível em:
http://www.closertotruth.com/roundtabl…/do-brains-make-minds

[7] Beauregard M, O’Leary D. The Spiritual Brain: A Neuroscientist’s Case for the Existence of the Soul. New York: HarperCollins, 2007.

[8] Kanwisher N, Yovel G. The fusiform face area: a cortical region specialized for the perception of faces. Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci. 2006; 361(1476): 2109–2128.

[9] Beauregard M, Paquette V. Neural correlates of a mystical experience in Carmelite nuns. Neurosci Lett. 2006; 405(3):186-90.

[10] Strobel L. The Case for a Creator: A Journalist Investigates Scientific Evidence That Points Toward God. Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 2009. Disponível em:  http://verticallivingministries.com/…/do-we-have-souls-lee…/

[11] Penfield W. Mystery of the Mind: A Critical Study of Consciousness and the Human Brain. New Jersey: Princeton University Press, 2015.

[12] Sperry R. Changed Concepts of Brain and Consciousness: Some Value Implications. Journal of religion & Science 1985; 20(1):41-57.

[13] Wood LW. Recent Brain Research and the Mind-Body Dilemma. The Asbury Theological Journal 1986; 41(1):37-78.

[14] Newberg A, Waldman MR. Como Deus Pode Mudar Sua Mente: Um Diálogo entre Fé e Neurociência. Tradutor: Júlio de Andrade Filho. Rio de Janeiro: Editora Prumo, 2009.

[15] Peres JF, Moreira-Almeida A, Caixeta L, Leao F, Newberg A. Neuroimaging during Trance State: A Contribution to the Study of Dissociation. PLoS One. 2012; 7(11): e49360.

[16] Trent-Von Haesler N, Beauregard M. Near-death experiences in cardiac arrest: implications for the concept of non-local mind. Arch. Clin. Psychiatry 2013; 40(5):197-202.

[17] Entrevista concedida por Kevin Nelson. A neurociência da espiritualidade. [Jan. 2011]. Entrevistadora: Natalia Cuminale. Seção: Corpo e mente. VEJA.com – Ciência, 2011. Disponível em: http://veja.abril.com.br/…/cie…/a-ciencia-da-espiritualidade

[18] Nelson K. The Spiritual Doorway in the Brain – a Neurologist’s Search for the God Experience. New York, NY: Dutton, 2011.

[19] Radin D, Michel L, Johnston J, Delorme A. Psychophysical interactions with a double-slit interference pattern. Physics Essays 2013; 26(4): 553-66.

[20] Beauregard M, Schwartz GE, Miller L, Dossey L, Moreira-Almeida A, Schlitz M, Sheldrake R, Tart C. Manifesto for a Post-Materialist Science. Explore (NY). 2014; 10(5):272-4.
[21] Geisler NL, Turek F. Não tenho fé suficiente para ser ateu. São Paulo: Editora Vida, 2006.

 

[22] Madell GC. Mind and Materialism. Edinburgh: Edinburgh University Press, 1988.

 

Respostas as objeções comuns evolucionistas.

By Cornelius Hunter – Darwin’s God

(Texto adaptado)

 

 

 

1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Esta seção examina diversas preocupações que evolucionistas têm frequentemente, sobre as falsas predições de sua teoria.

 

 

 

Previsões falsas muitas vezes levam a uma pesquisa produtiva.

Pesquisa produtiva pode vir de uma grande variedade de motivações científicas e não científicas, incluindo previsões falsas. A pesquisa produtiva que pode ter surgido a partir de algumas dessas previsões não diminui o fato de que elas são falsas.

 

 

Os evolucionistas fixaram estas previsões falsas.

Um proponente de uma teoria, dado a motivação suficiente, pode explicar todos os tipos de resultados contraditórios. (Quine) Tipicamente; no entanto, há um preço a ser pago quando a teoria se torna mais complexa e tem menor poder explicativo.

 

 

Ad hominem e negação.

Críticas à evolução atraem respostas aquecidas e os ataques pessoais são comuns. Tais ataques, no entanto, não mudam o fato de que a evolução tem gerado muitas predições falsas. Além disso, os evolucionistas, muitas vezes, ignoraram ou negam as descobertas inesperadas. Eles tentam desacreditar os fatos, referindo-se a eles como “argumentos velhos e cansados”, ou que não passam de falácias sem senso crítico nenhum.

 

 

Falsificacionismo é falho.

Tem sido argumentado que, a fim de qualificar-se como ciência, idéias e teorias precisam ser falsificáveis. Além disso, as previsões falsificadas são usadas, ​​às vezes, para discutir se uma teoria é falsa. Tal falsificacionismo ingênuo é falho (Popper) e não usado ​​aqui. Muitas predições falsas da evolução não demonstram que a evolução não é ciência ou que a evolução é falsa.

Previsões falsas são valiosas em julgar a qualidade de uma teoria, seu poder explicativo; e para melhorar a nossa compreensão científica em geral. No entanto, os evolucionistas, por vezes, rejeitam qualquer menção de previsões falsas de sua teoria como mero falsificacionismo ingênuo. As falhas do falsificacionismo ingênuo não dão aos evolucionistas uma licença para ignorar falhas substanciais e fundamentais de sua teoria.

 

 

Se houvessem tantos problemas a evolução teria sido derrubada.

Essa objeção se enquadra na categoria de falsificacionismo ingênuo. A ciência é um processo reativo. Novas evidências são processadas e as teorias são ajustadas em conformidade. Mas a ciência também pode ser um processo conservador, sustentando problemas substanciais antes de reavaliar uma teoria. Portanto, a reavaliação de uma teoria leva tempo. O fato de existirem problemas garante que uma teoria seja derrubada. (Lakatos; Chalmers)

 

 

Citados” acreditam na evolução.

Muitos cientistas duvidam da evolução, mas eles não são citados, ou não são citados em papers. Apenas as matérias de evolucionistas são usadas para ilustrar que até mesmo adeptos da teoria concordam que as predições são falsas.

 

 

Estas falsificações serão remediadas no futuro.

Como cientistas, precisamos avaliar teorias científicas de acordo com os dados atualmente disponíveis. Ninguém sabe o que os dados futuros poderão trazer, e a afirmação de que os dados futuros vão resgatar a evolução é, em última análise, circular.

 

 

Não há melhor alternativa.

Uma forma de avaliar uma teoria é compará-la com explicações alternativas. Esta abordagem tem a vantagem de contornar as dificuldades na avaliação de teorias científicas. Mas é claro que qualquer comparação dependerá crucialmente de quais explicações alternativas são usadas na comparação. Se não forem tomadas como boas alternativas podem ser deturpadas ou mesmo omitidas completamente. E, claro, podem haver alternativas ainda não concebidas. (Van Fraassen; Stanford) Em qualquer caso, o sucesso ou fracasso das previsões de evolução depende da ciência, não em quaisquer explicações alternativas.

 

 

Ninguém acredita mais nestas previsões.

Sim, este é o ponto. É verdade que os evolucionistas, em sua maior parte,reconhecem que caíram muitas previsões que foram feitas por outros evolucionistas, ou decorrentes da teoria. Podemos aprender com este histórico falho, pois tem implicações para a complexidade da evolução e seu poder explicativo.

 

 

E sobre todas as previsões bem sucedidas?

Os evolucionistas afirmam que a evolução é um fato, e que devemos nos concentrar em previsões bem sucedidas da evolução, em vez de suas previsões falsas. A tendência para procurar evidências que confirmem em contraste com evidências contrárias que surgiram e ainda surgem ao longo do tempo é conhecido como viés de confirmação. (Klayman, Ha) Uma conseqüência do viés de confirmação é que;pode ser que, uma vez confirmadas, certas evidências são vistas como corretas e típicas, enquanto evidências não confirmadas, previsões falsificadas são vistas como anormais e raras. Não é de surpreender que as evidências que confirmam são mais frequentemente mantidas e documentadas. Raramente as muitas previsões falsas são encontradas em textos de evolução.

Viés de confirmação pode afetar a investigação científica. Os evolucionistas tendem a ver as previsões da evolução como esmagadoramente verdade. Previsões falsas, por outro lado, não são geralmente vistas como falsificações legítimas, mas sim como questões de pesquisa abertas que estão ainda a ser resolvidas. Na verdade, os evolucionistas muitas vezes fazem a alegação notável que não há nenhuma evidência que é contrária à evolução.

 

 

Estas previsões falsificadas não são necessariamente previsões da teoria da evolução. Elas refletem apenas casos isolados de surpresa de um ou outro evolucionista sobre conjuntos específicos de dados.

As previsões foram consideradas necessárias quando foram realizadas. E elas representavam o consenso da ciência evolutiva no momento em que foram realizadas. Elas estão bem documentadas em ambos os trabalhos de pesquisa; peer-reviewed, literatura popular de autoria de líderes evolucionistas e em entrevistas dos principais evolucionistas. Elas não eram realizadas apenas por alguns, evolucionistas individuais. E elas não foram uma das várias possíveis previsões concorrentes.

O fato dessas previsões atualmente  não serem consideradas necessariamente previsões da evolução é um reflexo da maleabilidade da teoria da evolução e é um lembrete do por que um histórico de falsas previsões da evolução é importante.

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Referências

 

Chalmers, AF 1982. What is This Thing Called Science? . 2d ed. Indianapolis: Hackett.

Klayman, Joshua, Young-Won Ha. 1997. “Confirmation, disconfirmation, and information in hypothesis testing,” in WM Goldstein, RM Hogarth, (eds.) Research on Judgment and Decision Making: Currents, Connections, and Controversies.Cambridge: Cambridge University Press.

Lakatos, Imre. 1970. “History of science and Its rational reconstructions.” Proceedings of the Biennial Meeting of the Philosophy of Science Association 1970:91-136.

Popper, Karl. 1959. The Logic of Scientific Discovery . London: Hutchinson.

Quine, WVO 1951. “Two Dogmas of Empiricism,” The Philosophical Review 60:40.

Stanford, P. Kyle. 2006. Exceeding Our Grasp: Science, History, and the Problem of Unconceived Alternatives . New York: Oxford University Press.

van Fraassen. Bas C. 1989. Laws and Symmetry . Oxford: Clarendon Press.

 

Darwinismo; verdade ou dogma???

Excelente palestra desmistificando o mito de que a evolução darwiniana é um fato.

Richard Lewontin, professor da Universidade de Harvard, reconhece que os “cientistas” aceitam histórias absurdas, contra o bom senso, em função de seu compromisso prévio com o materialismo

“Billions and Billions of Demons” é o título da crítica literária do Prof. Richard Lewontin, publicada no New York Times, ao livro de Carl Sagan intitulado “The Demon-Haunted World: Science as a Candle in the Dark”.

Na crítica, Richard Lewontin, da Universidade de Harvard, reconhece que os “cientistas” aceitam histórias absurdas do tipo “é porque é”, que são contra o bom senso, em função de seu compromisso prévio com o materialismo.

Leiam um trecho de sua confissão:

Nossa disposição de aceitar afirmações científicas que são contra o bom senso são a chave para uma compreensão da verdadeira luta entre a ciência e o sobrenatural. Assumimos o lado da ciência, a despeito do patente absurdo de alguns de seus constructos, a despeito de sua falha em cumprir muitas de suas promessas extravagantes de saúde e vida, a despeito da tolerância da comunidade científica pelas histórias do tipo “é porque é”, porque nos comprometemos previamente com o materialismo. Não é que os métodos e as instituições científicas de alguma maneira tenham nos compelido a aceitar uma explicação materialista de um mundo fenomenal, mas, pelo contrário, nós é que somos forçados, por nossa própria aderência a priori às causas materiais, a criar um aparato de investigação e um conjunto de conceitos que produzam as explicações materialistas, independentemente de quão contra-intuitivas e mistificadoras possam ser para o não iniciado. Além do mais, esse materialismo é absoluto, pois não podemos permitir a entrada de nada que seja divino.

 

fonte: http://www.origemedestino.org.br/blog/johannesjanzen/?post=294

A vida tem 3,5 bilhões de anos???…Acredite se quiser… contrariar as probabilidades e as evidências!

Sempre vou frisar isso,eu sou o que eu penso,por isso estou sendo cético,por que eu questiono,eu não concordo com a teoria da evolução,mas tem que existir razões para eu ser cético, e não simplesmente eu questionar por que eu tenho certeza que Deus existe;mas sim por que,se essa teoria diz se apoiar em evidências ela tem que nos mostrar as evidências,assim como a fé não se justifica pela sua definição mas pelas suas consequências,ela traz a existência aquilo que a ciência não pode trazer,aquilo que seres humanos não podem trazer,aquilo que nada desse plano material pode trazer a existência,mas que Deus pode trazer a existência,não para provar a existência Dele,mas para provar a nós mesmos,evidenciar que sem Ele,nós temos limites e muitas vezes esses limites nos tornam incapazes,desiludidos,perplexos,abatidos,imprestavéis aos nossos próprios olhos e que ficamos condicionados as circunstâncias da vida.
Portanto se a fé não produz resultados que nossos limites não podem produzir,a fé não tem nenhum valor por que sem ela nós produzimos muitas coisas que nos beneficiam,inclusive a ciência,enfim a fé tem a obrigação de nos trazer resultados sobrenaturais,que transcendem as capacidades naturais do nosso mundo interno e externo … como o Apóstolo Tiago nos aponta de forma racional,a fé sem obras é morta … assim podemos definir que algo morto não existe,se a fé é morta ela não produz resultados,jamais … se a fé é viva ela obrigatoriamente traz resultados e evidenciam,confirmam ,provam que nosso Deus,criador do universo é um Deus Vivo!

  

A origem da vida e o escasso tempo na coluna geológica

022

Figura 1. Origin of life (Fonte: Lunar and Planetary Institute).
Os evolucionistas dependem excessivamente de longos períodos de tempo para explicar os eventos extremamente improváveis propostos em seu modelo. Essa confiança é muito bem ilustrada pela famosa citação de George Wald, ganhador do prêmio Nobel, ao referir-se a dois bilhões de anos para a origem da vida. Ele afirma:
“Com uma grande quantidade de tempo, o impossível torna-se possível, o possível, provável, e o provável, praticamente certo. Tudo o que se tem a fazer é esperar: o tempo se encarrega de realizar os milagres”.[1]
Infelizmente, para o modelo evolucionista, eras de tempo que chegam a 15 bilhões de anos, a suposta idade do Universo, simplesmente não são de nenhuma ajuda quando avaliadas a partir do conhecimento que temos a respeito da química da vida e das probabilidades matemáticas. A probabilidade de se formar uma única proteína ou uma pequena célula a partir de um evento acidental único é extremamente baixa.
No entando, se acrescentássemos muito tempo, o que permitiria muitas tentativas, a possibilidade de um processo evolutivo aparentemente aumentaria de modo drástico. Contudo, quando se trata da origem da vida, as probabilidades são tão ínfimas, e o tempo exigido tão extenso, que mal se pode perceber os efeitos dos bilhões de anos do tempo geológico. O tempo, deixado a si mesmo, não realiza os milagres que os evolucionistas esperam. Se avaliarmos com cuidado, constataremos que a evolução dispõe de muito pouco tempo em comparação com o que é realmente necessário. Como ilustração, basta considerar o longo tempo que seria necessário para formar pelo menos duas moléculas.
Quando eu estava na faculdade, uma das minhas preciosidades era o livro Human Destiny [Destino Humano], escrito pelo biofísico francês Lecomte du Noüy. Essa obra apresenta muitos questionamentos relevantes que contestam as concepções tradicionais sobre a origem da vida e apresenta alguns cálculos sobre a quantidade média de tempo que seria necessário para produzir determinada molécula de proteína. Adotando uma abordagem conservadora, ele até foi muito benevolente com os evolucionistas na maneira como trabalhou com os números.
Levando em conta uma quantidade de átomos equivalente à que existe em nosso planeta, sua estimativa é de que teriam sido necessários 10e242 bilhões de anos para produzir uma única molécula de proteína.[2] Atualmente, supõe-se que a Terra tenha menos de cinco bilhões de anos (5x10e9). Vale lembrar que cada dígito do expoente “242” em “10e242” multiplica o tempo dez vezes. Mesmo que tivéssemos à nossa disposição um tempo infinito, conseguiríamos, em média, apenas um único tipo de molécula de proteína para cada 10e242 bilhões de anos. Contudo, considerando a natureza frágil das moléculas de proteínas e a dificuldade que teriam  para se conservar por longos períodos de tempo em condições primitivas, seria praticamente impossível acumular a enorme quantidade necessária de moléculas.
Precisa-se de muita proteína para produzir a vida. Vale relembrar que o minúsculo micróbio Escherichia coli tem 4.288 diferentes tipos de moléculas de proteínas que se replicam muitas vezes, chegando a um total de 2.400.000 moléculas de proteínas em um único micróbio. Além disso, sua existência depende também de uma quantidade muitas vezes maior de outros tipos de moléculas orgânicas. Embora esse micróbio não seja o menor organismo conhecido, é o que mais conhecemos. Se para produzir a menor forma de vida de que se tem conhecimento precisamos de pelo menos centenas de diferentes tipos de moléculas de proteínas, podemos então concluir que um período infinito de tempo com tentativas para acumular frágeis moléculas de proteínas não nos parece uma solução plausível. Além do mais, vale lembrar que essas moléculas precisam estar todas juntas no mesmo lugar. Para ilustrar, se todas as partes de um carro estiverem estiverem espalhadas por toda a Terra, após bilhões de anos elevados à infinita potência, elas não se terão ajuntado no mesmo lugar para fabricar um carro.
Alguns evolucionistas ressaltam que, visto os organismos terem tantos tipos diferentes de proteínas, qualquer uma delas, entre as muitas, poderia servir como a primeira molécula de proteína, tornando, assim, desnecessário que essa primeira molécula tenha sido tão específica. Contudo, há dois problemas com essa proposta. Em primeiro lugar, ela funcionaria apenas por um curto espaço de tempo no início da vida, pois, mal iniciado o processo de organização da vida, uma molécula de proteína específica seria necessária para agir juntamente com a primeira a fim de fornecer um sistema que funcione. Em segundo lugar, as proteínas são elementos muito complexos.
A quantidade[3] total de tipos possíveis de moléculas de proteínas é 10e130, um número tão imenso que a probabilidade de se produzir uma única sequer, dentre as centenas de diferentes tipos de proteínas específicas encontradas nos mais simples micro-organismos, é uma verdadeira impossibilidade. Lembre-se de que existem apenas 10e78 de átomos em todo o Universo conhecido.
Outro estudo recente realizado pelo biólogo molecular Hubert Yockey[4], da Universidade da Califórnia, campus de Berkeley, não nos fornece resultados mais animadores do que os apresentados acima, com base em Noüy. Yockey, de certa forma, retoma a mesma discussão relacionada com a quantidade de tempo exigida para se formar uma molécula de proteína específica. Ele inclui informações e concepções matemáticas mais avançadas, mas, em vez de iniciar com os átomos, como o fez Noüy, aborda apenas o problema relacionado com o tempo exigido para se compor uma proteína a partir de aminoácidos que supostamente já estivessem presentes. Sendo assim, como é de se esperar, ele propõe um tempo mais curto, apesar de ainda ser extremamente longo.
O quadro apresentado por Noüy reflete mais o que se esperaria numa Terra primitiva. Yockey propõe que a sopa[5] original, pressuposta no modelo evolucionista, tinha as dimensões dos oceanos atuais e continham 10e44 moléculas de aminoácidos[6]. Seus cálculos indicam que nessa sopa seriam necessários, em média, 10e23 anos para se formar uma molécula de proteína específica. Considerando que a suposta idade da Terra é menor que cinco bilhões de anos (10e10 anos), essa idade se mostra 10.000 bilhões de vezes menor que o tempo necessário para se formar uma molécula de proteína específica. Supondo-se que essa proteína necessária tenha se formado por mero acaso no início desse extenso período de tempo, mesmo assim, teríamos apenas uma molécula, e, como vimos, um tipo específico de molécula se formaria apenas uma vez a cada 10e23 anos. O tempo geológico é, sem sombra de dúvidas, muito curto!
Naturalmente, fica bem evidente que os 5 bilhões de anos mencionados acima não são suficientes nem mesmo para formar a primeira proteína, muito menos para dar origem à vida na Terra. O panorama científico atual propõe que a Terra tem 4,6 bilhões de anos, e, em seus primórdios, tinha uma temperatura tão elevada que precisaria se esfriar por mais de 600 milhões de anos antes que a vida pudesse se iniciar[7]. De acordo com alguns cientistas, admite-se que a vida tenha se iniciado há 3,85 bilhões de anos[8], embora essa evidência seja controversa. Contudo, muitos cientistas estão de acordo que, com base na evidência que o isótopo de carbono fornece para a origem da vida e nos questionáveis registros fósseis encontrados, a vida originou-se na Terra pelo menos 3,5 bilhões de anos. A evidência do isótopo de carbono baseia-se no fato de que os seres vivos tendem, até certo ponto, a selecionar as formas mais leves de carbono (C-12) em maior quantidade que as formas mais pesadas (C-13 ou C-14), o que é evidente nas rochas.
Contudo, esses resultados poderiam ter sido causados pela contaminação de carbono proveniente de vida de outros locais. Sendo generosos com o modelo evolucionista, podemos afirmar que, segundo suas teorias, a primeira vida deveria ter se iniciado no decorrer de um período inferior a meio bilhão de anos, entre 4 e 3,5 bilhões de anos atrás. Esse tempo corresponde a apenas um décimo dos 5 bilhões de anos mencionados em nossos cálculos acima. No entanto, se levarmos em conta as excessivas improbabilidades consideradas, esses ajustes de somenos importância dificilmente fariam qualquer diferença. O fato é que não há tempo suficiente.
Nesses estudos relacionados com probabilidades, é sempre possível fazer outras conjecturas e sugerir novas condições na tentativa de melhorar as possibilidades; no entanto, quando temos diante de nós probabilidades efetivamente impossíveis, fica difícil não concluir que temos aí um problema concreto e que outras alternativas precisam ser consideradas.
Muitos cientistas já se deram a esse trabalho e sugeriram outros modelos que visam explicar a origem da vida na Terra[9]. Todas essas propostas se mostraram insatisfatórias pelo fato de não proverem nenhuma solução para o mesmo problema relacionado com as moléculas de proteínas, a saber, os complexos requisitos integrados e específicos. Além disso, não são simplesmente as proteínas que precisam ser consideradas; há que se levar em conta as gorduras (lipídios) e os carboidratos, os quais, diga-se de passagem, são elementos relativamente simples, se comparados com o DNA e sua complexa função de fornecer as informações essenciais para a vida.
Em relação ao problema da origem da vida, há algumas discussões recentes sobre a identificação da vida primitiva. Grandes ícones das formas mais primitivas de vida na Terra perderam seu impacto devido a discussões polêmicas sobre o assunto em muitas revistas científicas[10] e em outras fontes. O que a ciência, em dado momento, considerava como fato mostrou ser algo bem diferente. Um influente pesquisador nessa área comenta com propriedade que “para cada interpretação corresponde  uma interpretação contrária” [11]. O que ficou demonstrado é que algumas das rochas mais relevantes em que a vida teria ocorrido não representam os tipos de rochas originalmente classificados.
Os fósseis, por sua vez, muitas vezes parecem fósseis, sendo, no entanto, coisas totalmente diferentes. Esse último problema tem infestado boa parte dos estudos sobre fósseis pré-cambrianos. Alguns achados apenas são definidamente irrefutáveis; quanto aos demais, um pesquisador chega a mencionar quase 300 variedades de fósseis catalogados de natureza dúbia ou simplesmente falsos[12]. Na verdade, trata-se de um campo de estudo que não oferece muita credibilidade, não podendo ser investigado superficialmente ou aceito só pelo fato de se encontrar na literatura científica.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
  1. WALD, G. The origin of life. Scientific American, v. 191, n. 2, p.45-53, 1954.
  2. du Noüy, L. Human destiny. Nova York, Longmans, Green, p. 33-35, 1947.
  3. MEYER, SC. The explanatory power of design: DNA and the origin of information. In: DEMBSKI, WA, editor. Mere creation: science, faith & intelligent design. Downers Grove: InterVarsity, p. 113-147, 1998.
  4. YOCKEY, HP. Information theory and molecular biology. Cambridge University Press, p. 248-255, 1992.
  5. Vide capítulo 3 do livro onde esta parte foi extraída.
  6. Trata-se de um número bem aceito. Por exemplo: EIGEN, M. Self-organization of matter and the evolution of biological macromolecules. Die Naturwissenschften, v. 58, p. 465-523, 1971.
  7. MOROWITZ, HJ. Beginnings of cellular life: metabolism recapitulates biogenesis. New Haven: Yale University Press, p. 31, 1992.
  8. (a) HAYES, JM. The earliest memories of life on earth. Nature, v. 384, p. 21-22, 1996. (b) MOJZSIS, SJ; HARRISON, TM. Vestiges of a beginning: clues to the emergent biosphere recorded in the oldest sedimentary rocks. GSA Today, v. 10, n. 4, p. 1-6, 2000.
  9. Vide capítulo 3 do livro onde esta parte foi extraída.
  10. Para alguns comentários críticos gerais e referências, ver: (a) COPLEY, J. Proof of life. New scientist, v. 177, p. 28-31, 2003. (b) KERR, RA. Reversals reveal pitfalls in spotting ancient and E.T. life. Science, v. 296, p. 1384-1385, 2002. (c) SIMPSON, S. Questioning the oldest signs of life. Scientific American, v. 288, n. 4, p. 70-77, 2003.
  11. COPLEY, p. 28-31.
  12. HOFFMANN, HJ. Proterozoic and selected Cambrian megascopic dubiofossils and pseudofossils. In: SCHOPF, WJ; KLEIN, C, editors. The Proterozoic biosphere: a multidisciplinary study. Cambridge University Press, p. 1035-1053, 1992.
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Extraído na íntegra de Ariel A. Roth em “A Ciência Descobre Deus: Evidências convincentes de que o Criador existe” (Casa Publicadora Brasileira, p. 150-154, 2010).